sexta-feira, 25 de julho de 2014

Inovações na educação 'servem de estímulo a professor', diz OCDE

Escola na Coreia do Sul (AFP/ Arquivo)Dinamarca, Indonesia, Coreia do Sul (foto) e Holanda inovaram mais na sala de aula
publicado:bbc Brasil

Inovações - de filosofia, estilo e até de recursos tecnológicos - nas escolas podem ter
 impacto positivo na valorização de professores e, em alguns casos, 
nas notas dos alunos em algumas disciplinas.
É o que sugere um estudo-piloto divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico), o relatório Mensurando Inovação na Educação.
os especialistas da OCDE, ainda que não haja uma relação facilmente comprovável entre
 inovação e melhorias na educação, "em geral, países com maiores níveis de inovação veem 
aumento em alguns resultados educacionais, incluindo melhor performance em matemática na
 oitava série (13 e 14 anos), resultados de aprendizado mais igualitários e professores mais 
satisfeitos".A análise se debruçou sobre 28 sistemas educacionais
(entre países, estados americanos e territórios canadenses, 
Brasil não incluído) no mundo. As conclusões podem ser lidas no link http://bbc.in/1yPdvTw.
Entre as inovações analisadas estão materiais didáticos, recursos educacionais, 
estilo de ensino, aplicação de conhecimento na vida real, interpretação de dados e textos, 
disponibilidade de computadores e sistemas de e-learning nas aulas, novas formas de 
organizar atividades curriculares e uso de tecnologia na comunicação com pais e 
alunos, entre outros.
Porém, os investimentos em tecnologia e inovação não são unanimidade entre estudiosos 
de educação, já que nem sempre esses investimentos se traduzem em melhor desempenho
 ou em benefícios mensuráveis - e muitas vezes incorrem em aumento de gastos.
Questão de confiança
O autor do relatório, Stephan Vicent-Lancrin, explica à BBC Brasil que de fato não é
 possível verificar com certeza a relação direta entre inovação e benefícios. Mas há 
"indícios" de que aquela tenham efeitos positivos na igualdade de oportunidades 
entre alunos, no desempenho em disciplinas como matemática e, sobretudo, no 
estímulo a professores.
"Não podemos afirmar com certeza que as notas melhoram graças a inovações 
na sala de aula. Mas vemos que inovações trazem confiança para
 (que agentes participantes da educação) promovam outras mudanças", 
diz Vincent-Lancrin.
"A relação mais forte que observamos foi em relação à satisfação de professores.
Mais inovações trouxeram mais motivação."



Inovações medidas incluem materiais didáticos, estilo de ensino e disponibilidade
 de computadores
As práticas foram estudadas pela OCDE entre 2000 e 2011, no ensino primário e
 secundário, e o país estudado que mais adotou inovações no período foi a 
Dinamarca (com 37 pontos no índice calculado pelo órgão), seguido por 
Indonésia (36), Coreia do Sul (32) e Holanda (30).
Entre as mudanças observadas na Dinamarca estão, por exemplo, aumento
 no uso de testes-padrão elaborados por professores, e mais intercâmbio 
de conhecimento entre o corpo docente.
Segundo o relatório, "os sistemas educacionais que mais inovaram são
 também os mais igualitários em termos de desempenho dos estudantes". 
Por exemplo, os da Indonésia e da Coreia do Sul.
Sendo assim, o estudo aponta que há uma "presunção" de que mais inovação 
desencadeie mais igualdade de oportunidades e aprendizado entre alunos, 
ainda que isso não possa ser efetivamente provado.
Debate
Mas se a adoção de novas práticas na ciência e na economia produtiva é 
apontada como um fator importante para a competividade global, 
na educação essa correlação não é tão simples. O próprio estudo aponta que
 existem também sistemas educacionais com baixa inovação e alto desempenho.
Ao mesmo tempo, argumentos pró-inovação na educação incluem maximizar
 o retorno do investimento público, buscar avanços no desempenho de alunos 
e reduzir a desigualdade de oportunidades entre estudantes, aponta a OCDE.
O relatório diz que, "ao contrário do que se costuma pensar, há um nível razoável de 
inovação no setor educacional, tanto em relação a outros setores da sociedade como
 em termos absolutos. Setenta por cento dos formandos empregados no setor 
educacional consideram seus estabelecimentos como altamente inovadores, índice similar ao da média (do restante) da economia (69%)".
Segundo Stephan Vincent-Lancrin, o setor educacional apresentou índices de inovação
 mais elevados do que o restante do setor público, mas são necessários mais estudos 
para entender exatamente seus desdobramentos no ambiente escolar.
"Estamos tentando colocar o assunto no mapa para entender seu impacto", diz.

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