quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pra Técnico Negro se paga menos!


*Por Denis Denilto Laurindo - Coordenador Geral da UNEGRO/PARANÁ -Filósofo, membro do NEREA.

No Brasil não cansamos de falar sobre como o racismo afeta o desenvolvimento social. Mas não há como deixar de comentar, hoje, como a discriminação racial atinge em cheio a base aonde pressupõe-se que nós negros dominamos: o futebol.
Veja abaixo a lista dos técnicos mais bem pagos no Brasil de 2009.
1º Vanderlei Luxemburgo e Carlos Alberto Parreira - 500 mil
2º Mano Menezes - 350 mil;
3º Dorival Jr - 280 mil;
4º Muricy Ramalho e Paulo Autuori - 250 mil. (dados Revista Placar-junho 2009).
Vale lembrar que Dorival Jr era técnico da segunda divisão. No entanto, o técnico campão brasileiro pelo flamengo não está nem sequer relacionado entre os 7 técnicos que mais receberam em 2009(detalhe: todos brancos). Andrade, técnico campeão pelo flamengo ganhava até este mês de dezembro R$ 50.000,00 .Mais ou menos o que ganha um técnico da segunda divisão do futebol brasileiro. Depois da conquista, Andrade tentou negociar seu trabalho pelo valor de R$250.000,00 comparado a lista dos mais bem pagos, ainda assim ficaria em quarto lugar. A direção do flamengo ofereceu R$ 110.000,00 por mês. Dizendo que isto já era um aumento de 120%. E parece que o meio termo irá ficar em R$150.000,00. Ou seja, o futebol que dizem que nós negros estamos equiparados. No quesito técnicos ainda somos discriminados. Nada diferente da vida real! Parabéns pela conquista Andrade.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sim!Somos Filhos de Zumbi.


por Denis Laurindo*
Neste ano passamos a ser 52% da população brasileira, ou seja, pretos e pardos são a maioria na constituição deste país. Evidente que o número da população não tem representatividade proporcional nas instituições de poder e de gestão da sociedade civil. Não estamos nas TVs, não estamos nos jornais, não estamos nos comerciais nem como queríamos, nem como devemos. Neste sentido é nosso dever gritar para que definitivamente se faça a justiça que realmente coloque nosso país no caminho do desenvolvimento humano. Insistimos que, falar do negro, falar da negra não é um falar isolado na política brasileira. Não estamos reivindicando somente direitos e deveres que nos foram historicamente negados. Estamos atentando para que a sociedade brasileira perceba que não promovendo o que é de direito à maioria da população, jamais construiremos um mundo democrático pleno de riqueza e segurança neste país.
Não podemos pensar que investindo quantias absurdas em policiamento estaremos garantindo segurança à sociedade. Não podemos pensar que investindo em estrutura garantiremos melhor condições de vida a nossa população. Não podemos conceber em uma sociedade democrática a falsa idéia de que somos iguais, quando somos diferentes em concepção, visão e organização social. E por isso somos a diferença necessária para a formação da brasilidade a tanto profetizada nos anais academicistas. Queremos investimentos em ações afirmativas que cercam o racismo, a homofobia, o sexismo e o preconceito religioso. Isto porque em nossa "casa grande" tem sempre lugar pra mais um. Mais um no sofá, no chão com colchão ou mesmo na cama dividindo espaço, não importa!Em nossa panela por menor que seja, além do arroz e do feijão, cabe o amor que une e reúne em torno da mesa, diferentes cores, formas e mundos. Em nossa "casa grande" não há senzala. Embora a vejamos além da porta, no lado de fora, lá: na rua, na praça, no shopping onde nos rotulam, nos estigmatizam e nos desprezam. Há sempre uma Senzala nos querendo aprisionar e há sempre um navio nos afastando do nosso modo de existir. Mas nós sabemos dizer não. Não concordamos! Quanto ao seu não ele só nós faz resistir. Não! Nós nos reconhecemos. Não! Nós nos empoderamos e a cada seu não, nós nos organizamos.
Os quilombos sempre foram lugares onde a partilha fora o fulcro, ou se melhor, fora o centro e estrutura da comunidade resistente. A maneira mais fiel de fazermos justiça social é a de resgatarmos as sociedades de quilombos. Onde a utopia se fazia presente em sua forma de organização. Onde o agora já, de uma sociedade ideal, se fazia presente mesmo nas relações comerciais entre negros, índios, ciganos e brancos. Pensemos em igualdade de condições como nas comunidades quilombolas.
Se somos filhos de Zumbi! Devemos buscar sempre a justiça, a sabedoria para que ela possa transmitir aos que não entendem, o real sentido de Pertencimento. Se somos filhos de Zumbi! Devemos ensinar o significado e a força de nossa ancestralidade e como ela nos faz viver e resistir. Sim, somos filhos de Zumbi! Por isso nós: do movimento negro, da nação quilombola, da religiosidade de matriz africana, da população negra deste Estado, deste país. Devemos nos revoltar sempre, devemos gritar constantemente, devemos lutar eternamente para que seja feita a justiça conforme está prescrita nos cânones da constituição que fora construção ideal de uma nação sofredora.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

*Denis Denilto Laurindo professor de filosofia, coordenador Geral da UNEGRO/PARANÁ, membro da Equipe NEREA (núcleo de Educação das Relações Étnico – Raciais e Afrodescendência)da Secretaria de Educação do Paraná

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Samba em Prelúdio


Vinicius de Moraes
Composição: Baden Powell e Vinícius de Moraes

Eu sem você não tenho porque
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz
jardim sem luar
luar sem amor
amor sem se dar
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém

Ah que saudade
que vontade de ver renascer
nossa vida
Volta querido
os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinha
tenho os olhos cansados de olhar
para o além
Vem ver a vida
Sem você meu amor eu não sou
ninguém

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Gloriosa Rosa Parks


Por *John Catalinotto
Rosa Parks, a mulher que foi um símbolo do movimento pelos direitos cívicos desde 1955, morreu a 24 de Outubro em Detroit com 92 anos. Mas mesmo depois de morta ela continua a inspirar a luta pela igualdade nos Estados Unidos.
Em 1955 em Montgomery, Alabama, e noutras partes do Sul profundo, a lei dizia que se os brancos quisessem sentar-se nos bancos da frente de um autocarro os negros tinham de levantar-se para lhes dar lugar e passar para a parte detrás. A 1 de Dezembro de 1955, a antiga costureira Rosa Parks disse "Basta!" e recusou ceder o seu lugar a um branco e a ir para a parte detrás do autocarro. A recusa não foi apenas um acto de raiva espontâneo por parte de Rosa Parks. O seu desafio reflecte uma decisão consciente tomada pela Associação Nacional pela Promoção das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla inglesa), de que Rosa Parks fazia parte, para mudar todo o sistema de leis racistas na cidade de Montgomery e no Estado do Alabama.
Rosa Parks foi presa por recusar submeter-se às leis de segregação. Após a sua prisão, a NAACP apelou ao boicote aos transportes públicos em Montgomery. A partir de 5 de Dezembro, cerca de 40.000 negros, a maioria dos quais trabalhadores pobres e utentes de autocarros, começaram a ir para o trabalho em carros colectivos ou andando a pé durante quilómetros. Este boicote transformou-se num poderoso movimento para mudanças sociais que envolveu toda a população negra de Montgomery. O dr. Martin Luther King, então um jovem pastor em Montgomery, destacou-se como o principal porta-voz durante o boicote, que acabou numa vitória.