segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Frente Negra Brasileira completa 82 anos


Há exatos 80 anos, era criada a Frente Negra Brasileira, uma das primeiras organizações no século XX a exigir igualdade de direitos e participação dos negros na sociedade do País. Sob a liderança de Arlindo Veiga dos Santos, a organização desenvolvia diversas atividades de caráter político, cultural e educacional para os seus associados. Realizava palestras, seminários, cursos de alfabetização, oficinas de costura e promovia festivais de musica. 

Criada em 16 de setembro de 1931 na cidade de São Paulo, a Frente ganhou adeptos em todo o Brasil, inclusive o jovem Abdias Nascimento. Seguindo o propósito de discutir o racismo, promover melhores condições de vida e a união política e social da “gente negra nacional”, a entidade teve filiais em diversas cidades paulistas e nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Estima-se que a Frente Negra Brasileira tenha chegado a aproximadamente cem mil membros em todo o País. 

Em sua sede na rua da Liberdade, funcionava o jornal O Menelik, órgão oficial e principal porta-voz da entidade, sucedido pelo O Clarim d’Alvorada, sob a direção de José Correia Leite e Jayme de Aguiar. A Frente Negra ressaltava a importância de o negro superar a condição de cabo eleitoral, incentivando o lançamento de candidaturas políticas negras. A entidade chegou a se organizar como partido político. 

Estrutura – A Frente possuía uma complexa estrutura, sendo dirigida por um grande Conselho, constituído de 20 membros, selecionando-se, entre eles, o chefe e o secretário. Havia, ainda, um Conselho Auxiliar, formado pelos Cabos Distritais da Capital. Criou-se, ainda, uma milícia frente-negrina, uma organização paramilitar. Os seus componentes usavam camisas brancas e recebiam rígido tratamento, como se fossem soldados. 

Segundo um dos seus fundadores, Francisco Lucrécio, a Frente Negra foi fundada por ele e outros companheiros embaixo de um poste de iluminação. Ainda segundo Lucrécio, no início, muitos não compreendiam os objetivos do grupo. Diziam que eles estavam fazendo “racismo ao contrário”. No entanto, com o tempo, os membros da Frente Negra foram adquirindo a confiança não apenas da comunidade, mas de toda a sociedade paulista. As próprias autoridades a respeitavam. 

Os seus membros possuíam uma carteira de identidade expedida pela entidade, com retratos de frente e de perfil. Quando as autoridades policiais encontravam um negro com esse documento, respeitavam-no porque sabiam que na Frente Negra só entravam pessoas de bem. 

Em 1937, o Estado Novo de Getúlio Vargas fechou os partidos e as associações políticas, aplicando um duro golpe na Frente Negra, que foi obrigada a encerrar suas atividades. 

Fonte: IPEAFRO e Portal da Cultura Negra

domingo, 15 de setembro de 2013

A República dos Mendigos

Fotos: Bruno Covello/Gazeta do Povo; Ilustrações: Felipe Lima / MALUCO BELEZA – Ele tem nome aristocrático, usa chapéu de Bacamarte e fez parte da vida na música, parte na rua. Na “República” é conhecido como ABGPCasa no Rebouças, em Curitiba, foi transformada em habitação para 100 moradores de rua que estão próximos da autonomia. Projeto indica reviravolta na ação social da prefeitura
 por:José Carlos Fernandes


“Até agora, ninguém ligou no 156 para reclamar”, festeja a assistente social Neli Schneider Pudelco, 56 anos, diante da “Casa de Acolhimento Rebouças”, na Rua Rockefeller, 1.177, em Curitiba. O local – um “puxadão” amarelo e sem charme – é a nova aposta da Fundação de Ação Social (FAS) no atendimento à população de rua. Funciona ali desde maio. Abriga exatos 100 moradores. Como se sabe, até o momento não atraiu a ira dos vizinhos. E até ganhou um apelido inspirador: “República dos Mendigos”.

O nome lhe cai bem. O barracão do Rebouças vai na contramão das práticas tradicionais de albergagem – que alimenta, trata, põe para dormir e depois devolve o “hóspede” às calçadas. Esse local funciona de fato como casa. Cada morador tem sua cama e armário. É conhecido pelo nome e sobrenome. Cumpre tarefas domésticas básicas, incluindo a prevenção do chulé e o combate às cuecas penduradas por todo o canto.

Mais do que isso, quem vive ali participa da administração, dando pitacos, cumprindo pactos. Uma espécie de “conselho de notáveis” – formado por uma dezena de oriundos da mendicância – discute um estatuto de convivência, prestes a ser lavrado. Os redatores chegam a ser espartanos na defesa da ordem. “Eles são rígidos até demais”, diz Neli, sobre esses homens que estão a um passo de retomar a vida comum.

Durante um bom tempo, muita gente da FAS duvidou que homens dados ao álcool e às drogas pudessem sentar em roda para discutir qualquer coisa, quanto mais ditar normas para a limpeza do refeitório ou qual a hora de desligar a televisão da sala. Não era o caso de Ângela Mendonça, de Neli e de um grupo de educadoras antenadas, digamos, com as “novas tendências do serviço social”. “Temos entre os albergados quem tenha se conhecido ainda adolescente na Casa do Piá. Algo estava errado no nosso atendimento”, observa a assistente social Arlete do Nascimento, 54 anos.

Na surdina, as “protestantes” alimentaram o projeto da “república”. A oportunidade que faltava veio com a promessa de campanha de Gustavo Fruet, de mudar o modelo de assistência para os oficiais 2.776 maltrapilhos da capital. Restava um problema: o albergue da FAS, da Rua Conselheiro Laurindo, não se prestava a muitas mudanças. Espaço convencional, projetado para atender 300 pessoas em situação de rua, o local sofre de um mal de raiz: “nivela por baixo” todos os albergados. Os que estão trabalhando com carteira assinada, mas ainda não têm onde morar, e os que chegam ali depois de uma maratona diária de álcool e drogas, não se intimidando, inclusive, em distribuí-las nos labirintos da instituição.

O resultado não é difícil de imaginar. Os “crônicos”, como são chamados os moradores de rua com dependência química, mas em estágio de transição, acabavam dando marcha à ré ao conviver com os “agudos”, termo que dispensa explicações. A única saída era que os crônicos fossem levados para outro lugar. E o lugar é “Casa de Acolhida do Rebouças”.

Foi assim que se chegou ao nome dos 100 moradores, protagonistas de uma experiência inédita, até onde se sabe. Os minuciosos cadastros da FAS ajudaram na seleção, mas contou, sobretudo, o testemunho dos educadores que os acompanham, não raro, por mais de uma década. Há, por exemplo, quem use os serviços do albergue desde 1991, como o ex-membro da guarda da presidência da República João Alfredo Maciel Guerra, 56 anos. Gente oriunda da classe média curitibana, como Marlon Júnior Segalla, 39 anos. E recém-triturados pela roldana da pobreza. É o caso de Eliseu dos Santos, 31 anos, já engajado no Movimento Nacional da População de Rua (MNPR).

Esmola não, emprego

O perfil dos inquilinos, diga-se, é tão díspar quanto a realidade dos moradores em situação de rua da capital. O estágio em que estão, igualmente. Pelas contas da assistente social Arlete, 28 dos 100 moradores têm registro em carteira; 40 são informais. Os outros 32 procuram serviço, em geral com impaciência. Os que ali chegam para uma visita não se furtam a responder sempre a mesma pergunta, vinda de algum canto dos dormitórios ou da sala: “Sabe de algum emprego para mim?” Para quem esperava ouvir um pedido de esmola, é uma grande surpresa.

Projeto chama população de rua para escrever regras de convivência:

Confiança



Os moradores da “República dos Mendigos” não passam por revista da Guarda Municipal. O clima de confiança conta a favor. Quando vão à igreja, namorar ou procurar emprego, eles acabam espontaneamente deixando avisos aos 14 educadores da casa. Em vez do anonimato dos grandes albergues, a intimidade de uma moradia. O maior elogio que os assistentes e educadores fazem ao projeto “Rebouças” é que ali podem, finalmente, conversar com o povo da rua, ajudando-os de fato.

Rotina



O expediente da Casa do Rebouças é algo conventual. Não se pode ficar nos quartos a esmo depois das 9 horas. Cada um tem seu dia para usar a lavanderia industrial. A roupa de cama é trocada uma vez por semana. A televisão deve ser desligada, em geral, depois da novela das 21 horas. No sábado vai até o Zorra Total; domingo até o Fantástico.

Lazer



A “república” funciona onde um dia estava instalado o projeto “Criança tem futuro” e conta com uma quadra de esportes. À noite, as “peladas” são frequentes, ainda que os esportes favoritos sejam carteado e os longos serões na frente da televisão.

Recaídas



O combinado é que ali não se pode entrar alcoolizado ou sobre a ação de entorpecentes. Os próprios inquilinos mediam o pacto. Em caso de recaída, os educadores acolhem o morador, mas o chamam para uma conversa no dia seguinte. Há lista de espera para viver ali.


Moradores são asseados e parceiros

Todas as noites, depois do jantar, o fogão industrial da República dos Mendigos fica forrado de pratos feitos. São para os moradores que chegam mais tarde do trabalho. Diante desse gesto de atenção, não restam dúvidas de que o local se pretende uma casa de verdade.

Não é perfeito. Nem poderia. Ali moram apenas homens, e nesse quesito não faz muita diferença a escolaridade e a classe social. Pode-se ver algumas cuecas clandestinas, penduradas nas janelas. E camas desarrumadas.

A exceção fica para a cama 46, do ex-militar Délcio Alves da Silva, 47 anos. É quase uma atração turística, tamanha precisão da dobra dos cobertores. Não é fácil manter a estica – Délcio mora na cama do meio de um triliche, “meio de transporte” mais comum na casa. Dormir ali exige atenção redobrada para não abrir a cabeça.

Mesmo não sendo das mais arrumadas, a cama 20 figura entre as mais originais. Pertence ao roqueiro Carlos Alberto Batista Gonzaga Pereira, o ABGP, 50 anos, layout de Bacamarte. Não é bom em alisar lençóis, mas transformou seu endereço numa biblioteca: forrou o estribo de livros de bolso da série Tex, de Carlos Santander. Nas horas vagas, violão e voz.

Para a turma que conheceu a mendicância, o dormitório é um oásis. O mesmo se diga dos chuveiros, sempre em altíssima rotatividade. “Há quem tome dois banhos por dia”, conta a coordenadora da casa, Neli Pudelco. Ao chegar da rua – do trabalho ou da procura de um – cada morador ganha uma toalha limpa. Os banhos espalham o odor forte de sabonete por todos os alojamentos. Os menos asseados estão sujeitos a bullying, contrariando o que se diz sobre o povo da rua.

Tempos de paz

Até o momento, os moradores não se tribalizaram – como acontece em outros albergues. Não há divisões entre mendigos intelectuais, mauricinhos, alcoólicos, “malucos beleza”. Tampouco se registraram brigas de socos e pontapés, outro clássico. Os tempos de paz dão êxito ao projeto. Tensão, mesmo, só nos dias em que os republicanos recebem o salário. Alguns temem recaídas e pedem que o dinheiro seja guardado pelas assistentes sociais. Outros somem por alguns dias. Sabe-se o que aconteceu e no que pode ser feito para ajudar. E esse é o grande mérito de uma casa de família.

Adeus

Até outubro, o albergue da Rua Conselheiro Laurindo, no Centro, será fechado, encerrando um ciclo na ação social da capital. A descentralização de atendimento à população da rua implica na abertura em novas casas de acolhida. Já estão implantadas residências nos bairros Rebouças, Jardim Botânico e Boqueirão. O número de atendimentos nunca pode ultrapassar 100 pessoas. Há a previsão de abertura de novas unidades até 2016.
publicado:gazeta do povo -15-09-2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Hoje Deus nos deu Itamar Assumpção - A voz do Negro

Itamar de Assumpção (Tietê, 13 de setembro de 1949 — São Paulo, 12 de junho de 2003) foi um compositor, cantor, instrumentista, arranjador e produtor musical brasileiro, que se destacou na cena independente e alternativa de São Paulo nos anos 1980 e 19901.
Itamar de Assumpção nasceu em Tietê (interior de São Paulo) no dia 13 de setembro de 1949. Bisneto de escravos angolanos, cresceu ouvindo os batuques do terreiro decandomblé no quintal de sua casa. Cresceu em Arapongas, no Paraná, para onde se mudou aos 12 anos. Chegou a cursar até o segundo ano de Contabilidade, mas abandonou a faculdade para fazer teatro e shows em Londrina. Aprendeu a tocar violãosozinho e, ouvindo Jimi Hendrix e arranjos de baixo e bateria, apaixonou-se pelo baixo. Mudou-se para São Paulo em 1973 para se dedicar à música. É pai de Serena Assumpção e da cantora e compositora Anelis Assumpção.
Vanguarda Paulista

Itamar Assumpção foi um dos grandes nomes e contribuidores da cena alternativa que dominou São Paulo nos anos 70-80 do século XX, movimento que convencionou-se chamar de Vanguarda Paulista. A Vanguarda Paulista reuniu artistas que decidiram romper o controle das gravadoras sobre a produção e lançamento de novos talentos nos anos finais da Época das Trevas Modernas - anos anteriores a Internet. Os representantes desse movimento eram artistas que produziam e lançavam seus trabalhos independentemente das grandes gravadoras, eram os - hoje pecas de museu - LPs. Criavam suas próprias micro-empresas e gerenciavam a si mesmos. Itamar Assumpção era nome frequente na lista de shows do Teatro Lira Paulistana em Pinheiros, palco que foi denominador comum a todos os membros daVanguarda Paulista - todos os representantes do movimento invariavelmente por ali passaram.

Itamar, ao lado de Arrigo Barnabé, Grupo Rumo, Premê (Premeditando o Breque), dos Pracianos (Dari Luzio, Pedro Lua, Paulo Barroso, Le Dantas & Cordeiro e outros), marcou sua obra basicamente por não ter tido interferência dos burocratas das gravadoras, o que fez com que sua obra fosse tida por tais gerentes e críticos de cultura rasa, como "difícil". Esses artistas, pela rebeldia, ousadia e audácia ganharam a alcunha de "Malditos". Itamar detestava tal rotulo e retrucava. A polemica era outra área na qual dava-se bem, talentoso que era com as palavras não só no âmbito poético. O duelo verbal lhe apetecia como forma honesta de defender a integridade do artista assim como - ao observador atento assim parecia - dava-lhe prazer triturar argumentos dos que com cultura limitada tentavam dirigir o processo de criação do artista. Em uma de suas tiradas mais famosas disse: "Se tivesse que ouvir conselho, pediria ao Hermeto Pascoal..." ou então: "Eu sou artista popular!", bradava indignado.

Entre suas canções mais conhecidas estão Fico Louco, Parece que bebe, Beijo na Boca, Sutil, Milágrimas, Vida de Artista, Dor Elegante e Estropício.

Conhecido como "maldito da MPB"2 , o músico misturou samba com rock e funk, entre outros ritmos estrangeiros, em letras impregnadas de sátira e crítica social. Foi influenciado pelos trabalhos de músicos de variados gêneros, como Adoniran Barbosa, Cartola, Jimi Hendrix eMiles Davis, além de poetas como Paulo Leminski e Alice Ruiz.

Seus três primeiros LPs, (Beleléu, Leléu, Eu, 1980 lançado pelo selo Lira Paulistana; As Próprias Custas S.A., 1983; Sampa Midnight,1986), foram relançados em CD pela Baratos Afins em 1994. Seu único LP produzido por uma grande gravadora e da Continental, intitulado Intercontinental! Quem diria! Era só o que faltava..., de 1988. Todos com a Banda Isca de Polícia.

Em 1994 lançou a série Bicho de Sete Cabeças (três LPs também na forma de dois CDs), acompanhado pela banda Orquídeas do Brasil. Em 1995 lançou um CD com músicas de Ataulfo Alves , novamente com a Isca de Polícia, que foi premiado como melhor do ano pela APCA.

Entre composições suas que fizeram sucesso com outros interpretes estão Nego Dito, com o sambista Branca de Neve, Já deu pra sentire Aprendiz de Feiticeiro, com Cássia Eller, Código de Acesso e Vi, não vivi, de Zélia Duncan3 .
Faleceu em 2003, de câncer de intestino .

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Joyce Ribeiro, âncora do SBT Manhã, diz que sofreu preconceito na carreira: 'Isto está longe de acabar'



Joyce Ribeiro fala sobre o início da carreira, preconceito e maternidade
publicado: caras online

Joyce Ribeiro se consagrou como uma das principais jornalistas do SBT, onde está há oito anos e apresenta o SBT Manhã ao lado de Hermano Henning. Uma das únicas âncoras negras da televisão brasileira, ela comemora o atual cenário no mercado de trabalho menos preconceituoso, mas lembra as dificuldades que enfrentou no início da carreira.

“A dificuldade de aceitação era maior para os negros quando comecei. E a necessidade de se provar que é capaz e apto para aquela atividade, sem dúvida era maior”, diz Joyce em entrevista à CARAS Online. “O preconceito se fazia presente na falta de oportunidade, na exclusão de algumas áreas. Não tinha a presença de negros bem colocados no mercado de trabalho, no mundo das artes... Hoje a gente já tem essa presença crescente. Conseguir uma entrevista de emprego era muito difícil”, avalia.


A jornalista conta que o preconceito, no seu caso, nunca foi explícito. “Porque tem essa diferença: o preconceito que você expressa e aquele preconceito velado, de olhar, de censura”, diz. Para Joyce, os jovens negros hoje vivem em uma sociedade completamente diferente de quando ela decidiu ingressar no mercado de trabalho, há 13 anos. “Na minha família, por exemplo, eu tenho um irmão oito anos mais jovem, o que não é nada, mas a percepção que ele tem do mercado, da vida e dele como negro no mercado de trabalho, o enfrentamento que ele vai ter daqui para frente, são completamente diferentes de quando eu pensei em entrar no jornalismo. A revolução é recente. Essa sensação de que melhorou é uma coisa de agora. Meus pais viveram uma situação ainda pior. Eles não imaginavam viver o que os filhos deles vivem hoje”, fala.

- Você já foi chamada de ‘Glória Maria do Baú da Felicidade’. O que achou desse apelido?
Eu fiquei honrada de ser comparada a Glória Maria, que foi a minha inspiração na carreira, quem eu assistia quando era bem nova, quem eu queria seguir. Ela me inspirou e me motivou. Sempre disse que se eu conseguisse fazer um pouquinho da carreira brilhante que ela fez, eu ficaria muito feliz.

- A Glória abriu espaço tanto para as mulheres quando paras os negros na televisão. Hoje, você sente que o preconceito que ela enfrentou já acabou?
Ainda está longe de falar isso, que acabou. Sou sempre uma otimista. No geral, a maioria não aceita mais esse tipo de comportamento preconceituoso e racista. Graças a Deus virá uma sociedade muito mais tolerante. A sociedade consegue enxergar a passos lentos que somos todos iguais, está conseguindo tolerar a diferença do outro. No mercado de trabalho, eu sinto uma mudança positiva. Ao meu ver é uma mudança crescente, contínua e permanente. A mentalidade hoje já parte do princípio de não ter o preconceito, de não ser intolerante, de ‘vamos aceitar porque todos nós temos que ser aceitos’. Mas o preconceito não acabou. Infelizmente, existem alguns casos que se repetem. Ainda é uma luta de se firmar, de se colocar como um membro da sociedade, independente de raça, do sexo, da orientação sexual. Já passamos dessa fase de se prender ao que não interessa, mas ainda não dá para dizer que acabou.
- Em algum momento pensou em desistir da carreira?
Sinceramente não. Eu consegui coisas que há alguns anos eu imaginava que seria muitíssimo diferente. Nos momentos de dificuldades maiores, não abandonei meu objetivo em nenhum minuto. Não deixei esse pensamento tomar conta de mim. Nunca tive vontade de parar. Mesmo que tivesse que dar um passo para trás para voltar a andar para frente. 

- Você já passou por alguns jornalísticos do SBT (SBT Brasil, Jornal do SBT, SBT São Paulo, Boletim de Ocorrências e o Aqui Agora). A emissora é conhecida por ser meio instável nesta área. Isso te passa insegurança?
Eu já estou no SBT há quase oito anos. Eu participei de alguns projetos jornalísticos da emissora. O SBT Manhã, por exemplo, desde que cheguei já estava no ar. Há oitos anos o SBT Manhã é dessa forma. Durante este tempo teve, sim, alguma variação, mas o SBT Brasil também está todo esse tempo no ar. Outros projetos em horários alternativos tiveram mais variações. Se eu me sinto insegura? Eu não tenho essa sensação, não. De verdade. Eu encaro cada projeto como um desafio novo de tentar emplacar o jornalismo em um horário diferente para a emissora. Sempre encarei desta forma, de ver o que agrada o público em outros horários. Até acho mais interessante porque vemos o interesse da emissora de testar outros produtos jornalísticos.
- O Aqui e Agora vai voltar ao ar no dia 23 de setembro. Ficou feliz?
Acho maravilhoso que volte. Que a casa encontre um horário para ele que dê certo. Estamos sempre na torcida.
- Onde quer chegar como profissional? Sonha em ter um programa seu?
Me vejo fazendo hard news por mais algum tempo. Hoje me sinto no meu melhor momento da minha produção como jornalista. Não estou falando que estou pronta, longe disso, mas a segurança profissional, o feeling, a habilidade de enfrentar as circunstâncias do jornalismo diário para colocar o jornal no ar, isso a gente constroi nos anos de carreira. Neste momento eu me sinto segura e pronta. Quero curtir esse momento e me exercitar, fazer o melhor que puder fazer. Futuramente eu penso em ter um programa meu, sim. Daqui uns anos eu vou conseguir estruturar isso e colocar em prática.
- Como foi voltar ao trabalho depois de cinco meses de licença maternidade (ela teve a primeira filha, Malu, que completou um ano em agosto)?
Não tem como escapar disso, não. São cinco meses intensos. Você sente falta mesmo da presença do bebê. Você fica com aquela saudade, mas também faz parte. É interessante até para o bebê mesmo ser uma mãe que tenha sua própria atividade, senão mais para frente acaba tendo uma relação mal resolvida. Quando você tem essa coisa de trabalhar e está acostumada com isso, de repente você faz essa ruptura, no começo é bem difícil também. Só mãe sabe o que está passando e ela sabe o que tem que enfrentar. Mas deu para fazer este retorno como eu gostaria que fosse.
- E ser mãe dá mais trabalho que editar um jornal?
É tudo muito trabalhoso, mas acabei achando mais tranquilo do que imaginava. Você vai aos poucos achando seu ritmo com a criança. Toda mãe consegue. O que aprendi é que a gente consegue fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo, de verdade. É questão de sobrevivência. Tem que ter a cabeça funcionando. Aos pouquinhos você vai ser acertando e entra naquela correria.
Por: Renan Botelho

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Serena Williams, a rainha de Nova York

por: Fernando Olivieri
É uma cena repetida. Ela entra em quadra, não dá nenhuma chance para adversária e no fim do dia, o troféu está em suas mãos. Com uma vitória diante de Victoria Azarenka, Serena Williams conquistou pela quinta vez o US Open (1999, 2002, 2008, 2012 e 2013). Desde 2011, quando voltou a dominar o circuito, a americana parece imbátivel e nas quadras de Flushing Meadows provou isto. Com uma campanha irretocável, com as adversárias não vendo a bolinha amarela passar, ela buscou durante todo o tempo o título e vibrou demais.
Serena começou a brilhar cedo ao lado da irmã, Venus. Fez sua estreia no circuito profissional com 14 anos. Em 1998, o real lançamento no mundo do tênis, mas era a mais velha da família Williams que chamava a atenção pelas conquistas e vitórias. Porém, na virada do século, as irmãs mais vitoriosas da história do tênis também mudaram suas posições. A mais nova resolveu conquistar o mundo de 1999 a 2003. Título e mais títulos, adversárias caindo em aos seus pés e uma nova dama do tênis surgia. O resultado disto não poderia ser outro. Em 8 de julho de 2002, assumiu a liderança do ranking da ATP.

Porém, inúmeras lesões seguraram Serena Williams. Cirurgia no quadril e mais de oito meses afastadas das quadras entre 2004. No ano seguinte, a conquista do Australian Open diminuíram as dúvidas sobre os problemas na vida pessoal e físicos. Porém, até 2008, Serena era obrigada a conviver com a dúvida de ir ou não adiante no tênis. Problemas em tendões, eliminações rápidas em torneios de menor expressão e sempre surgia a mesma dúvida: para onde vai a americana?

Em 2009, todas as dúvidas foram jogadas na lata do lixo. Serena conquistou três dos quatro Grand Slams do ano. Não teve problemas físicos e muito menos, eliminações estranhas. Esteve sempre acima de todas as adversárias. E recomeçou a brilhante carreira no tênis. Nos últimos quatro anos, venceu tudo e todas que passaram pela sua frente. Com estilo de jogo agressivo e muita força nos golpes, a americana mostrou que tem tudo para ser a melhor da história do tênis.
São 4 medalhas de ouro (uma em simples e três em duplas), 32 Grand Slams (17 em simples, 13 em duplas e 2 em duplas mistas), e 54 títulos ao todo na carreira. Desde 2012 é a número 1 do mundo e não deve deixar este posto tão cedo. As adversárias ainda não incomodam a ponto de roubar este lugar. Sharapova não a vence desde 2004, Azarenka tem um retrospecto de 13 a 3 contra Serena. Em premiação, já acumulou quase US$ 50 milhões. 
Serena é de longe uma das maiores atletas da história do tênis e, neste ritmo, deverá alcançar o posto de melhor. Ninguém neste momento irá conseguir parar a americana, que desta forma, vai cansar de levantar taças e comemorar títulos.

publicado: Yahoo! Esporte Interativo

A número 1° do mundo chamada: SERENA


Serena Jameka Ross Evelyn Williams (Saginaw, Michigan, 26 de setembro de 1981) é uma tenista norte-americana. Atualmente é considerada pela Associação Feminina de Tênis como a tenista número 1 do mundo.
Está incluída na restrita lista das jogadoras que tem em seu currículo, todos os títulos de Grand Slams da turnê feminina e três medalhas de ouro olímpicas de duplas nos Jogos Olímpicos de 2000, nos Jogos Olímpicos de 2008 e em Londres 2012.

Ao longo de sua carreira, Serena conquistou todos os Grand Slam, incluindo o que ela auto denomina "Serena Slam", referindo-se aos quatro Grand Slam seguidos que ela venceu (Roland-Garros 2002, Wimbledon 2002, US Open 2002 e Australian Open 2003). Além desses campeonatos, Williams também foi vitoriosa em outros treze torneios de Grand Slam, quatro Australian Open (2005, 2007, 2009, 2010), um Roland-Garros (2013), quatroWimbledon (2003, 2009, 2010, 2012), e quatro US Open (1999, 2008, 2012 e 2013), além das medalhas de ouro em Sydney 2000, Pequim 2008 e Londres 2012.
Serena tem ao todo cinco irmãs, incluindo a também tenista Venus Williams (atual 35ª no ranking da WTA). As duas atualmente residem juntas em Palm Beach Gardens, Florida,Estados Unidos. Serena também se aventura como atriz, fazendo participações em algumas séries como Law & Order, ER e My Wife and Kids.