segunda-feira, 23 de março de 2015

Uma conversa com meu filho negro

Nesse curto docum­entár­io, pais revel­am sua luta para dizer aos filho­s que talve­z eles sejam alvo de racis­mo pela políc­ia
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publicado: uol.com.br

Manifesto Basta de Racismo! Basta de Impunidade!



sábado, 21 de março de 2015

21 de Março Dia mundial de combate ao Racismo - Seppir 12 anos


por:Hélio Santos
Presidente do Conselho do Fundo Baobá para a Equidade Racial


Shaperville é aqui

A presença de um órgão do governo central com status de ministério, como a SEPPIR, foi e continua sendo fundamental para a consolidação da cidadania da população negra e, consequentemente, para a efetivação da democracia no Brasil. Vejo a SEPPIR como uma instância decisiva para o verdadeiro desenvolvimento do país. Portanto, nesses 12 anos de vida, seria importante realçar a SEPPIR nessa perspectiva: a de um instrumento que potencializa a possibilidade de um desenvolvimento com sustentabilidade moral. O que ainda não temos aqui no Brasil.

O Dia 21 de março, data internacional celebrada pela ONU, reporta-se ao “Massacre de Shaperville”, denominação dada ao morticínio de 69 negros pelas forças da repressão do apartheid da África do Sul, no já distante ano de 1960. Trata-se de uma data que procura valorizar a vida – bem que antecede a qualquer outra coisa. Aqui no Brasil, em 2012, cerca de 30 mil jovens foram mortos por homicídio. Destes, 76,5% eram negros, aproximadamente 23 mil, o que dá uma média diária de 63 vidas ceifadas absurdamente. Hoje, em 2015, essa média não caiu. Todos os prognósticos apontam para um crescimento. Isso equivale a dizer: temos aqui todos os dias, praticamente, um “Massacre de Shaperville”!

Na comemoração dos 12 anos da SEPPIR eu preferiria comentar sobre políticas públicas inovadoras – como as voltadas para a comunicação e geração de renda. Poderia também falar da consolidação do que já foi arduamente conquistado até aqui. Todavia, a persistirem os atuais níveis de violência, penso no impacto que já se faz sentir nas curvas demográficas que medem a população negra. São vidas de homens ainda jovens que não procriaram e que são ceifadas sem parar.

Portanto, me inspiro em Shaperville para que pensemos – Movimento Negro e SEPPIR – numa ação que reduza a níveis civilizados essa mortandade inaceitável. Exige-se aqui uma política de Estado de cunho multidisciplinar e sistêmico; o que requer diversas ações que têm uma capilaridade complexa, com fôlego suficiente para efetivar o fim dessa doença que arruína o futuro. Além de diversos ministérios que atuarão em conjunto para o sucesso dessa estratégia, será imprescindível a participação dos estados, Ministério Público, meios de comunicação e da sociedade. Enfim, há que se armar uma verdadeira guerra pela paz. Uma paz que dê conta de pôr fim à morte banal do jovem negro brasileiro. É intolerável a manutenção desse quadro.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Aluna negra e de escola pública aprende francês em casa e é aprovada na Sorbonne

publicado: uol
Natália estuda letras modernas na Sorbonne
As primeiras aulas de francês começaram na cozinha de casa, onde a filha virou aluna e a mãe, professora. Naquela época, Natália Marques não sabia que as lições iriam levá-la tão longe: hoje ela estuda letras modernas na Universidade Paris-Sorbonne.
Mas o caminho até a França não foi simples. Natália sempre estudou em escolas públicas e a família não tinha dinheiro para matricular nenhum dos três filhos em um curso de idiomas. "Eu vi que os primos dela aprendiam inglês desde criança. Então eu disse 'filha, não posso pagar, mas vou te ensinar o que eu sei", conta a mãe Sandra Marques, que aprendeu as primeiras palavras em francês com uma amiga e depois ganhou uma bolsa para estudar o idioma na adolescência.
Sem dinheiro para um curso da filha, a mãe instalou um quadro branco na cozinha e começou a ensinar Natália aquilo que sabia. Sandra é professora de educação infantil e, por causa da fluência em francês, nas horas vagas trabalha como baby sitter (babá) em casa de famílias estrangeiras que moram no Brasil.
Por influência da mãe, Natália também começou a trabalhar cuidando de crianças francesas no horário de folga da escola. Em 2012, foi convidada para acompanhar uma família francesa que iria voltar para o país.
"Fiz cursinho e fui aceita na PUC com bolsa integral pelo Prouni. Mas, para minha surpresa, no primeiro semestre de aula recebi uma proposta para ser au pair [babá] na França e não hesitei: larguei tudo e vim para cá", diz.
Ficou quase um ano trabalhando por lá e voltou com um novo sonho: fazer uma faculdade na França. Foi um longo ano de preparação para o exame de proficiência, com muitas horas de estudo em casa, e a seleção. "Tinha dias que não aguentava mais estudar e tudo parecia tão impossível que tinha vontade de chutar o balde. Mas minha mãe sempre dizia que eu era inteligente e que podia ir longe", diz


Arquivo pessoal
 
Natália Marques aprendeu francês em casa com a mãe "Quando li o e-mail dizendo que tinha sido aceita na Sorbonne, as lágrimas caíram involuntariamente. Chorei em silêncio. Depois li o e-mail mais uma vez e então comecei a gritar e a dar risada ao mesmo tempo. Pensei que a minha mãe fosse desmaiar", diz.
Há cinco meses em Paris, Natália mora na casa dos pais do namorado e viveu boa parte desse tempo com os cerca de 200 euros que a família conseguia mandar mensalmente. Assim que chegou conseguiu um emprego, mas teve que abandoná-lo para dar conta dos estudos.
"Sempre soube que o ensino na escola pública no Brasil era precário, mas vindo para cá senti na pele essa diferença. Os outros alunos sabem um pouco sobre tudo. Alguns até me ensinam coisas sobre a história do Brasil que eu mesma não conhecia. Às vezes é vergonhoso", diz. "Eu sinto que tenho progredido, e esse segundo semestre já está bem melhor que o primeiro. Os professores são bem compreensivos e estão sempre à disposição, isso ajuda bastante".
Agora com um novo emprego, ela busca outra moradia e pretende ajudar outros brasileiros que sonham em estudar na França. "Estou desenvolvendo um blog e um canal no YouTube para ajudar e incentivar pessoas que querem vir para cá", conta.

Centro Cultural Humaitá construindo sua Sede

Adegmar José da Silva, o Candiero, circula sob o vão do viaduto do Capanema: projeto será realizado pelo Centro Cultural Humaitá “na raça” em até três anos. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
 publicado:gazeta do povo


Centro de cultura afrobrasileira vai ocupar, com escolas de arte e biblioteca, espaço abandonado sob o Viaduto do Capanema
Um dos espaços urbanos mais degradados de Curitiba, o vão sob o Viaduto do Capanema entre os trilhos do trem e a Avenida Omar Sabbag, está em vias de renascer.
A prefeitura concedeu o uso do espaço ao Centro Cultural Humaitá (CCH), uma entidade que atua há treze anos na pesquisa da arte e cultura afro-brasileira através de projetos sociais.
O acordo prevê um prazo de um ano para que o CCH apresente o projeto da revitalização do local com o plano de custeio e alvará de construção. O grupo terá três anos para concluir as obras e será responsável pela manutenção, segurança e encargos tributários do imóvel.
No próximo sábado (21), a prefeitura e voluntários do CCH vão iniciar um mutirão para a limpeza do espaço, que nos últimos anos tem servido como casa precária para moradores de rua e mocó para usuários de drogas. O projeto da reforma já foi encomendado ao arquiteto Homero Réboli, que não vai cobrar nada pelo trabalho.
Segundo o atual presidente do CCH, Adegmar José da Silva –o Candiero –, a ideia é criar um centro que disponha de teatro, uma biblioteca temática, oficinas e escola de arte, música, capoeira, esportes, vivências culturais, exposições e eventos abertos à comunidade todos os dias da semana.
Para Candiero, o centro terá a missão de unir dois extremos: cultura ancestral e cultura digital. “A ideia é criar um ponto de convergência entre a rua e a academia, entre a cultura popular e a erudita. Usar um espaço no coração da cidade para valorizar e dar visibilidade à história e cultura afrobrasileira em Curitiba e no Paraná”, disse.
“É um espaço histórico de convergência da cidade”
Presidente do Centro Cultural Humaitá, o ativista social e mestre de capoeira Adegmar José da Silva, o Candiero, afirma que a instalação do centro cultural no Capanema vai ajudar a dar visibilidade à presença do negro na formação da identidade curitibana. Leia a matéria completa
Para financiar a primeira fase do projeto, o CCH articula o lançamento de uma campanha de financiamento coletivo. “É uma estratégia possível para iniciar o trabalho até que a gente consiga parceiros públicos e privados, que só vão investir depois que a nossa estrutura estiver funcionando.”
Vila Tassi
Candiero observa que a localização da futura sede do CCH tem um forte significado para a comunidade negra de Curitiba. “Aqui ficavam as três arvores da antiga Vila Tassi, onde os ferroviários faziam seus batuques no fins de tarde. Foi o berço do samba em Curitiba, que deu origem à escola de samba Colorado e à bateria Boca Negra. Maé da Cuíca morava a cem metros daqui”, ressalta.
Ele avalia que a concessão do imóvel foi uma vitória obtida “pelo cansaço”. O primeiro pedido do uso do espaço foi feto em 2001 pelo rapper Don Joey, com inspiração no uso deste tipo de construção outras cidades. Desde então, o grupo protocolou pedidos todos os anos, todos negados. “Em 2014, o grupo perdeu o espaço que tinha na reitoria da UFPR, e essa necessidade fez com que uníssemos as forças para turbinar o pedido. Ligávamos toda a semana para a prefeitura e agora conseguimos ”, disse.

*21 de março é o dia em que será dado o pontapé inicial da reforma, um mutirão de limpeza promovido pela prefeitura e voluntários. O Humaitá tem prazo de três anos para concluir as obras.

 

STF e CNJ terão cotas de 20% para negros em processos seletivos para servidores

 | Carlos Humberto/Carlos Humberto - SCO - STF

Ricardo Lewandowski assinou a resolução nesta quarta-feira
publicado: gazeta do povo
Os concursos públicos para o Supremo Tribunal Federal (STF) e os cargos efetivos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) terão cotas de 20% das vagas para negros. O presidente do STF e do CNJ, Ricardo Lewandowski assinou resolução e uma instrução normativa nesta quarta-feira (18) que regulamentam a Lei 12.990/2014, que prevê a reserva de cotas para negros em órgãos federais.
A resolução assinada por Lewandowski leva em conta o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288), e a decisão tomada pelo plenário do STF no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, que definiu como constitucional o sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB).
Durante a solenidade de assinatura da resolução, o ministro afirmou que em breve o CNJ deve deliberar para que as políticas afirmativas em concursos sejam estendidas a todo o Judiciário.

terça-feira, 10 de março de 2015

Divando a Feira Afro Chic

por: Francielle Costacurta
Aconteceu neste sábado 07/03 o 1º Afro Chic de Curitiba. O espaço do Solar do Barão ficou pequeno de tantas Divas Makes. Entendam meninos... Divas Makes são aquelas que fazem acontecer a vida com encantos e realeza.  No Solar, mulheres no auge dos seus "blacks-trances" eram perseguidas pelos olhares esbugalhados dos meninos. Crianças eram fadas, príncipes, princesas, heróis, heroínas personificadas no estilo personal black mirim. E nesse clima a cultura se reluzia em um grande banquete familiar. Ninguém se conhecia, todos se conheciam, todos se viam, se tocavam, todas mais que sorriam.
Enfim, não havia espaço para timidez e a feiura  com certeza, não fora convidada para feira Afro Chic. Assim, que venham outras "Afro Chic" para nos embebecer de tanta beleza....aff



NUPIER promove parceria com empresas de ônibus do Estado para divulgação de cartilha “Discriminação é Crime”.

Durante o último mês de fevereiro, as companhias de ônibus Urbanização de Curitiba, Cidade Verde Transporte Rodoviário, Transporte Coletivo Cidade Canção, Autarquia Municipal de Transporte Rodoviário de Ponta Grossa, Viação Cidade do Paranavaí, Viação Umuarama, Sorriso de Toledo e Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu acordaram com o Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público do Paraná a divulgação, em espaço apropriado dos veículos que realizam os principais trajetos das cidades de Curitiba, Maringá, Sarandi, Cascavel, Ponta Grossa, Paranavaí, Umuarama, Toledo e Foz do Iguaçu, da cartilha “Discriminação é Crime”, confeccionada pelo Ministério Público no mês de maio de 2014. O material contém instruções sobre a correta forma de registro de crimes raciais, o que evita o fenômeno da subnotificação e a ausência de realidade das estatísticas estaduais sobre a existência de racismo no Estado do Paraná. Foram distribuídos 400 folders para Curitiba, 90 para Maringá, 100 para Sarandi, 50 para Cascavel, 400 para Ponta Grossa, 26 para Paranavaí, 60 para Umuarama, 200 para Toledo e 110 para Foz do Iguaçu, conforme demanda trazida pelas próprias empresas.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Filme sobre Sabotage ganha sessões gratuitas em Curitiba e em várias cidades no Brasil

publicado: catraca livre
Exibições acontecem no Espaço Itaú de Cinema, nas unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Salvador

Lançado no dia 23 de janeiro na cidade de São Paulo, em sessão que levou milhares de pessoas ao Parque Ibirapuera, o documentário "Sabotage: O Maestro do Canão" estreia no Espaço Itaú de Cinema de várias cidades do Brasil com entrada totalmente Catraca Livre. O primeiro dia de exibição acontece na quinta, dia 5, e segue até o dia 11 nas salas de cinema. Os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.
O objetivo do filme é resgatar um pouco da singularidade musical e da versatilidade midiática de Sabotage, que se tornou admirado e querido em diversos meios e em pouco tempo se consagrou como um dos nomes mais importantes do rap nacional.
Costurando depoimentos de vários músicos e pessoas ligadas ao artista, o diretor Ivan lembra a figura essencial do rapper, assassinado aos 29 anos em 2003.
Espaço Itaú de Cinema - Curitiba
http://itaucinemas.com.br/pag/curitiba
Rua Professora Maria da Glória Saldanha Loyola, 731
Uberaba
Curitiba -diariamente de 5 (Qui) a 11/03 (Qua)às 19:40

Passando as fases da maquiagem (Especial AFROCHIC)


por: Francielle Costacurta*
As propagandas dizem que a maquiagem realça a beleza. A verdade de quem usa, sabe que a pintura facial, disfarça a diferença entre o lado direito e esquerdo do rosto. Ela tem o efeito ilusionista, com o iluminador é capaz de enganar a expressão abatida de quem esta exausta. Para isso se ergue as sombrancelhas, com o auxilio de uma pinça certeira. Disfarça a idade ou aumenta os seus anos, o que importa é parecer em fase reprodutiva, mulher não pode ser menina e nem enrugada. Os truques de maquiagem e cosméticos, prometem deixala próxima da boneca Barbie com perfil de boneca de gesso. Porém... A estrutura óssea facial é o que delimita o efeito da maquiagem. Por isso é tão difícil imitar a modelo e a cantora da moda, ao menos que freqüente o mesmo cirurgião plástico que ela.

Já fui perua de maquiagem, brincava com as cores como se fosse tinta guache no papel. Já fui sisuda, nada de custos de maquiagem e de roupas. Mas o mundo que a gente vive, sobrevive de preconceitos, uma apresentação minimamente produzida, abre portas e relacionamentos. É o network da primeira impressão. Uma maquiagem que não te borra no meio da festa, e com menos acumulo de metais pesados, e sem testagem em animais, tem um custo de qualidade de pelo menos cinqüenta por cento maior que um produto de segunda.
Hoje, reconheço que o mercado avançou, diante da maquiagem para a pele negra. Considerando na década de noventa – tempos que fui aspirante de modelo. Não existia pó e base de industrias nacionais e populares. Hoje existe um nicho de comercio, presente mais reduzido. No catalogo da Natura por exemplo, existe uma variedade de bases, mas não se tem o pó compacto escuro. Logo nas filiais do O Boticario, reconhecido por não incluir modelos negras em algumas campanhas e o atendimento pelas consultoras de venda, é um pouco despreparado...Então no caso dos duos de sombra, a maioria das coleções possui uma cor de efeito vibrante e outra mais opaca, como a coleção das Sereias. O problema que a consumidora negra tinteira (pele bem escura), uma cor aparece legal e outra cor fica invisivel na pele - testei varias na loja. O mesmo vale para a coleção Barroco e das outras que geralmente vem acompanhado de um marron, que destaca as orelhas abaixo dos olhos para quem é negra. Sobre o Avon, eles lembram de orientar em legendas o que pode ser direcionado para a pele escura. Porem a variedade ainda é de toms, voltados para pessoas que gostam de ser chamadas de morenas claras.
Se eu trabalhasse com publicidade e propaganda, iria fazer uma coleção cheia de simbologias. Imagens impressionistas de Cleópatra, de dinastias tribais que imitam as expressões dos animais. Como aqueles desenhos brancos. Iria sugerir óleos de massagens como – o óleo de Andiroba da Natura, voltados para rituais urbanos e modernos de romance. Elaborava tutoriais, ensinando as mães, tias, irmãos a trançar os cabelos. Acredito que o ativismo tem muito a contribuir. Esse negócio, de apenas vender o produto através de imagens de famílias que estão quase entrando em extinção ( pai, mãe, filhos e avós) é demode. Precisamos de mais histórias, simbologias, poesias e praticidade... Nossa vida nunca foi tão depressiva. E os cosméticos genéricos existem aos montes... Eu quero comprar, mais também ser bem atendida, compreendida, quero aprender informações novas, se possível novas formas de amar. Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta – essa frase não menciona o movimento critico negro.

Nesse ensaio eu exponho, que possuo papilomatose, em que na visão social-médica, é considerado uma patologia clinica, com implicações estéticas. Na exposição do sol, ou ferimentos, a pele escurece nesse processo, formando pequenas manchas escuras. Essa é uma herança ancestral de quem é descendente da Africa meridional, nas proximidades da Nigeria por exemplo. No ambiente caracterizado por savanas e calor, em caso de ferimentos, a pele para se defender da proliferação de bactérias, produz uma dose extra de colágeno e elastina, acelerando o processo de cicatrização- formando um efeito de Volverine, desenho do X-MEN, nesse caso a pele apresenta manchas. Enfim, na adolescência usava acido e me empolgava na dose. E as pessoas elogiavam como estava mais bonita. E quando não passava bastante base... Porem como quase tudo que é artificial, o efeito é provisório e as mascaras desses racistas caem tambem. Enfim depois de uma frase me senti amada e aceita de verdade, quando a paixão da minha vida perguntou se eu precisava ser branca para ser feliz? Aí eu desisti desse embelezamento falso e mentiroso. Ainda existem garotas, que insistem em puxar o cabelo num coque, tentando esconder que o seu cabelo é crespo, nos narizes afinados, mais sempre vai ter uma característica negra, por que a mãe Africa é forte e orgulhosa. Não quero me maquiar para mostrar quem eu não sou. O longo tempo passado na frente do espelho munida de delineador, quer fazer de min uma obra de arte, Impressionista, como relata o kit de sombra da Revlon Photoready. Só para emoldurar melhor a minha performance, me destacar diante das pessoas, pois tenho muito a declamar.
*Francielle Costacurta -
 Assistente Social - Escritora

quarta-feira, 4 de março de 2015

Assassinato de mulher agora tem pena mais rígida

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publicado: uol.com.br
Com a presença da ministra da Secretaria de Política para Mulheres, Eleonora Menicucci, a Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (3) o projeto que define feminicídio como circunstância qualificadora de homicídio.
Dessa forma, o assassinato de mulher por condição de sexo passa a entrar na lista de crimes hediondos. Hoje, estima-se que ocorram mais de dez feminicídios por dia no País. O projeto vai para sanção presidencial.

De acordo com o texto, considera-se razão de gênero quando o crime envolver violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição da mulher. A punição para homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos. Enquanto isso, a pena para homicídio simples é de seis a 20 anos.
O projeto ainda prevê aumento de pena para casos de feminicídio em um terço até a metade se o crime for praticado durante a gravidez ou nos três meses anteriores ao parto; contra menores de 14 anos, maiores de 60 ou vítimas com deficiência; e na presença de pais ou filhos.

A condenação por crime hediondo também prevê o cumprimento da pena inicialmente em regime fechado e a progressão do regime só poderá acontecer após o cumprimento de dois quintos da pena, se o condenado for primário.

No plenário, a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, a deputada Maria do Rosário (PT-RS), comemorou a proposta. "Vai penalizar mortes de mulheres em decorrência da violência, dos maus-tratos." No entanto, a medida amplamente defendida pela bancada feminista não teve consenso. "É precedente perigoso tratar as pessoas de maneira diferente. Podemos até concordar com a pena maior para morte de grávida, mas não entre homem e mulher", afirmou o deputado Evandro Gussi (PV-SP) à Agência Câmara.

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que entre 2001 e 2011 aconteceram mais de 50 mil feminicídios no Brasil - cerca de 5 mil mortes por ano. O aumento de 2,3 para 4,6 assassinatos por 100 mil mulheres entre 1980 e 2010 colocou o Brasil na sétima posição mundial de assassinatos de mulheres, conforme justificativa para o projeto feita pela CPI da Violência contra a Mulher.
Em dezembro, o Senado havia aprovado o mesmo texto. À época, a relatora do projeto, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), classificou a aprovação do texto como uma resposta às declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que havia afirmado que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque "ela não merece".
Repercussão
Para Marta Machado, professora da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas e pesquisadora do Núcleo Direito e Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, os números indicam a importância de diferenciar esse crime. "Chama muito a atenção, por exemplo, o nível de violência usado nesses crimes contra mulheres. É extremo, muito maior: tortura, desfiguração, 20 facadas. É um fenômeno diferente."
Ela espera que a ampliação das punições também reflita em áreas como o Tribunal do Júri. "O caso vai a júri e a gente tem ainda menos controle do que forma a decisão de um jurado. Os argumentos tradicionalmente machistas estão muito vinculados", reclama.

Já a professora de Direito Penal e doutoranda em Direitos Humanos na USP Maíra Zapater discorda da eficácia. "O problema é que usar lei penal para assegurar direitos humanos da vítima não é a solução. O direito penal não tem caráter preventivo. A lei vai ser comemorada pelas mulheres, mas dificilmente vai reduzir o número de mulheres mortas", afirmou.
Para Maíra, que pesquisa violência contra a mulher, a lei ainda exige a preparação dos profissionais da Justiça para tratar de questões de gênero. "O juiz, por exemplo, vai precisar saber o que é discriminação de gênero." Para a pesquisadora, a violência deve ser combatida com políticas educativas e sociais. As informações são do jornal "O Estado de São Paulo.

terça-feira, 3 de março de 2015

Mulheres líderes pedem que paridade de gênero atravesse agenda pós-2015

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publicado: Revista Fórum
No ritmo de progresso atual, serão necessários 81 anos para conseguir a paridade de gênero nos locais de trabalho, mais de 75 anos para alcançar igual remuneração entre homens e mulheres pelo mesmo trabalho realizado, e mais de 30 anos para conseguir o equilíbrio entre mulheres e homens nos postos de tomada de decisão”, afirma o chamado à ação Unidas Para o Êxito da Igualdade de Gênero Já
Por Marianela Jarroud, da IPS/Envolverde

Mulheres líderes de todos os continentes, convocadas pela ONU Mulheres e pelo governo do Chile, pediram que o objetivo da paridade de gênero esteja transversalmente presente na agenda pós-2015. Só assim, afirmam, se poderá eliminar a enorme brecha de desigualdade que ainda afeta as mulheres e meninas do mundo.

“Celebramos o fato de ter ocorrido progresso nos últimos 20 anos (desde Cúpula de Pequim), e o exemplo, a evidência, são todas as pessoas que vieram a esta reunião em Santiago compartilhar suas experiências: o bom e o ruim, a luta pela frente, os desafios”, declarou à IPS a diretora-executiva adjunta da ONU Mulheres, Lakshmi Puri. E, embora alguns países tenham feito progresso e uns poucos um progresso maior, “nenhum chegou à meta”, acrescentou.

Segundo Puri, “para eliminar a pobreza é preciso a participação das mulheres, para o crescimento econômico são necessárias as mulheres. É preciso educar para que as mulheres possam participar politicamente, mas também é necessário que elas sejam líderes em educação. O mesmo na saúde: devemos ter mulheres líderes para que desenhem e promovam os serviços de saúde e também estejam presentes nos meios de comunicação, porque do contrário nunca acabaremos com os estereótipos”.

A reunião internacional de alto nível As Mulheres no Poder e a Tomada de Decisões: Construindo Um Mundo Diferente, realizada nos dias 27 e 28 de fevereiro, em Santiago, no Chile, explorou os avanços e as dívidas na igualdade de gênero dos últimos 20 anos. Entre estas, o não cumprimento dos compromissos para conseguir o equilíbrio entre mulheres e homens nos postos de liderança e a necessidade de que agora isso mude.

O encontro também delineou o caminho do que deve ocorrer até 2030, quando deverão ser cumpridos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desenhados para fechar as brechas estruturais que se mantêm e avançar para sociedades mais resilientes e a prosperidade sustentável.

Os ODS substituirão os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que traçaram as metas coletivas da comunidade mundial desde setembro de 2000 e cujo cumprimento tem um saldo de altos e baixos. As líderes mundiais exigem que a igualdade de gênero seja transversal aos 17 ODS previstos, com a finalidade de que o progresso deixe de ser lento e irregular, como aconteceu nos últimos 20 anos com relação à Plataforma de Ação de Pequim, estabelecida na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, em setembro de 1995.
“No ritmo de progresso atual, serão necessários 81 anos para conseguir a paridade de gênero nos locais de trabalho, mais de 75 anos para alcançar igual remuneração entre homens e mulheres pelo mesmo trabalho realizado, e mais de 30 anos para conseguir o equilíbrio entre mulheres e homens nos postos de tomada de decisão”, afirma o chamado à ação Unidas Para o Êxito da Igualdade de Gênero Já, assinado como conclusão da reunião de Santiago.

Puri recordou que, nos futuros ODS, o de número cinco promoverá a “igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas”. Mas, igualmente importante, “também nas outras metas se conseguiu incluir indicadores sensíveis ao gênero que capturam as necessidades e os impactos nas mulheres, mas que também capturam a urgência das mulheres”, ressaltou a líder de origem indiana.

“Como ter saúde para todos sem saúde para mulheres, feita por mulheres e desenvolvida por mulheres. O mesmo na educação”, pontuou Puri. ”Há dias li um artigo da IPS que dizia que a meta da igualdade de gênero não é uma lista de desejos, mas uma lista de tarefas a serem feitas, e para nós isso é o chamado à ação de Santiago”, destacou.

De concreto, o documento assinado na capital chilena exige um renovado compromisso político para eliminar os obstáculos ainda persistentes e garantir a implantação plena das 12 áreas críticas da Plataforma de Ação de Pequim para 2020. Isso contempla uma representação paritária em todos os processos de tomada de decisões internacionais, incluindo a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, os ODS, o financiamento para o desenvolvimento e os processos de mudança climática.

Além disso, exige o empoderamento das mulheres, o cumprimento efetivo dos direitos humanos de mulheres e meninas e o fim da desigualdade de gênero até 2030, bem como acabar com a brecha de financiamento para a paridade de gênero, equiparando os compromissos com os meios disponíveis para seu cumprimento.

A ugandesa Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam Internacional, opinou à IPS que a agenda pós-2015 deve conter “objetivos claros, metas muito definidas, mas, ao mesmo tempo, indicadores que meçam o progresso em nível global e dos países nesse sentido. Os 17 objetivos devem ser medidos a partir de indicadores que estejam claramente definidos por objetivos de gênero diferenciando homens de mulheres, meninos e meninas”.

Byanyima enfatizou que “é muito importante que a equipe negociadora e a equipe técnica das Nações Unidas, que estão formulando os indicadores e os objetivos, tenham muito claro, estejam muito conscientes, de que a implantação desses indicadores e as medidas necessárias para medir os resultados dos avanços em homens e mulheres devem estar claramente definidas”. Desta forma, “os países terão um avanço preciso e poderão ir medindo cada um dos objetivos em função de uma diferenciação entre os avanços registrados com homens e com mulheres”, acrescentou.

Na sessão de encerramento do encontro a presidente do Chile, Michelle Bachelet, afirmou que “para os que participaram deste encontro não é possível pensar uma agenda de desenvolvimento com êxito que não tenha em seu coração o objetivo primordial de conseguir a igualdade entre meninos e meninas, e entre homens e mulheres”.

“Precisamos da bandeira da igualdade flamejando em breve em todas as nações, e devemos ser otimistas, pois temos a possibilidade real de fazer de cada lugar da Terra um lugar mais humano, mais justo, mais digno, para cada um dos que vivem nela”, concluiu Bachelet.

Foto de capa: Governo do Chile

Termina hoje prazo para estudante participar da lista de espera do ProUni

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Encerra-se hoje (3) o prazo para os estudantes participarem da lista de espera do Programa Universidade para Todos (ProUni). A inscrição na lista é feita pela internet, na página do programa. Pode participar o aluno que não foi selecionado nas duas chamadas do ProUni e quem não foi chamado por não ter formado turma.
A relação dos candidatos na lista de espera será divulgada no dia 6 de março. O participante deverá comparecer, entre os dias 10 e 11 de março, à instituição de ensino na qual pretende fazer o curso e entregar a documentação para comprovar as informações prestadas no momento da inscrição. Após a entrega, o estudante aguarda a possível convocação.
O Prouni oferece bolsa de estudo integral ou parcial em instituições particulares de educação superior. Os candidatos concorrem às bolsas com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio.
Nesta primeira edição de 2015, o ProUni registrou 1.523.878 inscritos. São oferecidas 213.113 bolsas para 30.549 cursos em 1.117 instituições de ensino superior privadas.

O Paraná é terceiro estado com mais denúncias de violência contra a mulher


por: Raíssa Melo*
publicado: localizaagora.com.br

Maria disse basta. Denunciou seu marido depois de 11 anos de agressão. Maria Ferreira, 37 anos, trabalhadora doméstica, chamou a polícia quando soube que seu marido abusava de suas filhas. “Eu me enfureci, doeu, foi muito díficil aceitar que um homem que eu coloquei dentro de casa me batia e abusava das minhas filhas. Eu fugi do meu pai e encontrei um marido pior que ele”. Maria saiu do Rio de Janeiro, sua cidade natal para fugir de seu pai que a abusava desde os 11 anos de idade. “Quando eu soube que tava grávida de uma menina eu decidi fugir, eu sabia que meu pai iria fazer com ela o que fazia comigo.” Maria nunca denunciou o próprio pai, ela não queria ter alguém da familia na cadeia e sua mãe e suas irmãs depediam dele para sobreviver.Só admitiu que sofria agressões quase diárias do marido no dia em que denunciou ele para polícia.

Hoje, dois anos e meio depois que seu marido está na cadeia e seu pai já falecido, Maria toca no assunto. “ Lá em casa minhas irmãs sabiam porque eram abusadas também,e aqui eu gritava na janela , pedia socorro mas nunca nenhum vizinho me ajudou”. Mesmo longe de seu pai e com o marido preso Maria vive as consequências de seu passado.Sua filha mais velha se casou aos quinze anos para fugir do padrasto violento , saiu de casa e levou a irmã mais nova de 9 anos , prometeu a mãe que voltaria para buscar a ultima irmã que ficou com Maria porque ainda amamentava.Mesmo com o padrasto na cadeia as filhas de Maria não voltaram.

A CADA 5 MINUTOS, 1 MULHER É VÍTIMA DE ALGUM TIPO VIOLÊNCIA NO BRASIL

A história de Maria, infelizmente, não é raridade em nosso país. Segundo relatório divulgado pela Central de Atendimento a Mulher ( Ligue 180), de janeiro a dezembro do ano passado , a instuição contabalizou 732.468 denuncias de mulheres em situação de violências. Dados que revelam que a cada hora, dez mulheres são vítimas de agressão física no Brasil. Segundo a pesquisa “O Mapa da violência 2012 — homicídios de mulheres no Brasil”, publicada pelo Instituto Sangari em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), 8 mulheres morrem a cada dia em razão da violência.

Maria Letícia Fagundes, médica ginecologistas e médica legista IML (Instituto Médico Legal), presidente da Associação dos Médicos Legistas do Paraná e fundadora da campanha Mais Marias Contra a Violência, comenta a posição do Paraná no ranking da violência contra a mulher “O nosso Estado tem um indíce tão alto porque denunciamos, alguns Estados atendem casos de violência, mas não notificam o que torna impossível de contabilizar.”

No Paraná existe o programa Atendimento a Mulher em Situação de Violência Humanizada, implantado desde 2002, o programa possibilita que mulher possa fazer a denúncia em qualquer hospital no próprio atendimento, poupando a mulher do constrangimento de ter que contar sua história em vários lugares. “Com o atendimento humanizado, se mulher for ao hospital em até 72 horas, a denúncia é feito dentro do hospital e uma equipe do IML é deslocada imediatamente ao local.”

A situação de violência contra a mulher é horizontal em todas as classes e atinge todas as idades. A médica explica que em cada idade a mulher está mais suscetível a um tipo de agressão. “Crianças até 17 anos são as princípais vitimas de abuso sexual, porque não possuem independência de ir até a polícia ou ligar para pedir ajuda. Já as mulheres adultas sofrem mais lesão corporal e psicológica”. Afirma Maria Letícia.

As vitímas de violência costumam possuir o mesmo perfil, mulheres com baixa autoestima, que são inseguras sobre si e o próprio futuro, muitas vezes possuem uma carência que é suprida pelo agressor. O homem violento é de alguma forma, sedutor, capaz de criar na vítima uma situação de dependência seja econômica ou afetiva.

ATÉ OS 22 ANOS, TODA MULHER QUE VIVE NO PARANÁ TERÁ SOFRIDO UMA OU MAIS VIOLÊNCIAS.

Após o cruzamento das notificações de violência femina obtidos pela Polícia Militar e os atendimentos a mulheres em situação de violência realizados pelo SUS (Sistema único de Saúde) o departamento de Saúde da Mulher da Sesa concluiu que em 22 anos de vida toda a mulher que vive no Paraná já sofreu ou será vítima de algum tipo de violência, uma ou mais vezes. A lei Maria da Penha tipifica cinco tipos de violências: doméstica, sexual, psicológica ou moral, física, intrafamiliar, institucional, patrimonial.

No Paraná, somente no ano passado foram registrados mais que 37 mil boletins de ocorrência de violências contra a mulher , sendo 30% de violência doméstica e 41% violência sexual, dados que classificaram o Paraná como 3 estado em um estudo realizado Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) que mapeou violência contra mulher no Brasil.

De acordo Maria Celli, coordenadora do departamento de Saúde da Mulher na Secretaria de Saúde, as mulheres já banalizaram as situações de violências “acustumamos a ouvir que não podemos usar roupas curtas em lugares com muitos homens, fingimos que não ouvimos e não vemos intimidações sexuais, ainda temos poucas mulheres em cargos de comando, tudo isso são violências. A banalização dessas violências cotidianas leva a mulher a aceitar e achar normal quando evolui para uma forma grave”.

Maria Celli afirma que a maioria dos casos de violências graves começa de uma forma sútil “um estupro começa com uma cantada, uma agressão fisíca começa com um xingamento”. Além da banalização há também subnotificação de casos por parte das vítimas. Ela explica que mulheres com nível socioeconômico cultural percebem a violência mais cedo, poque têm acesso a conceitos como violências morais, psicológicas, conhecem seus direitos e podem acionar ajuda privada de proteção, porém elas não denunciam por medo da repercussão em seus meios sociais. As mulheres de classes mais baixas podem possuir uma dependência econômica de seus agressores e já estão acostumandas com meios violentos e desconhecem seus direitos.

EM BRIGA DE MARIDO E MULHER NÃO SE METE A COLHER

O ditado popular que silencia milhares de testemunhas de agressões e torna os casos de violências ainda mais subnotificados. Os estudos do Mapa da Violência2012 – Homicídios de Mulheres no Brasil concluiu que agressões fora do ambiente familiar tem 78% de denúncias imediatas, enquanto casos de violências doméstica costumam acontecer depois de um ano consecutivo de agressões.

A antropóloga Vilma Chiara com pós-doutorado em Análise antropológicas do Gênesis afirma que a dificuldade de outras pessoas e das próprias vítimas em expor o que acontece entre família está no conceito dado a palavra família “Família é sagrado e violência é sujo , admitir que o sagrado pode estar sujo, desconstitui o conceito de sagrado.Vilma explica que se para as testemunhas o ditado popular que legitima a omissão da violência é “em briga de marido mulher ninguém mete a colher” para as vítimas existe o ditado “roupa suja se lava em casa”.

POLÍTICAS PÚBLICAS

Curitiba assinou o Pacto Nacional de Enfrentamento a Violência, com governo federal e estadual, Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria. Estratégia que garante 5 eixos: garantia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha; ampliação e fortalecimento da rede de serviços para mulheres em situação de violência; garantia da segurança cidadã e acesso à justiça; garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, enfrentamento à exploração sexual e ao tráfico de mulheres; e garantia da autonomia das mulheres em situação de violência e ampliação de direitos.

A capital também irá contar com a Casa da Mulher Brasileira , estrutura com serviços públicos nas áreas de segurança, justiça, saúde, assistência social, acolhimento, abrigamento e orientação para trabalho, emprego e renda. Garantindo a segurança da mulher e seus filhos

Declaração Maria.

“Foi o dia que eu fiquei mais triste e com mais raiva na minha vida. Minha filha de quinze anos tava saindo de casa e largando a escola, que já tava atrasada, para morar com um homem de 36 anos. Ela não aguentava ser mais abusada pelo meu marido e não queria mais me ver apanhar, ela levou a irmã também , só não levou a outra porque a pequeninha ainda mamava”.

Maria Ferreira, 37 anos, trabalhadora doméstica.
*Raíssa Melo: jornalista formada pela pucpr, assessora de imprensa da Unegro/Paraná