sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Audiência pública alerta ao racismo em Curitiba
“Esta Câmara Municipal tem feito esforços para resgatar uma dívida histórica. O feriado é um ato simbólico de reparação”, declarou o presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV). “Eu me pergunto por que 1.177 municípios brasileiros, sendo 11 capitais, têm o feriado do Dia da Consciência Negra instituído por lei. Vamos lutar para que reconheçam o direito de Curitiba de legislar”, acrescentou, sobre a reclamação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). A vereadora Professora Josete (PT) também acompanhou a audiência pública.
O presidente do Centro Cultural Humaitá e um dos organizadores da atividade, Adegmar Silva, o Candieiro, avaliou que a cidade possui um “racismo institucional”, evidenciado pela ação da Associação Comercial do Paraná (por questionar a constitucionalidade do feriado). Ele alertou que a maior parte dos assassinatos de jovens é de negros, assim como de viciados em crack.
Além de apontar a dificuldade das escolas municipais cumprirem a lei federal 10.639/2003, Candieiro afirmou que o Estatuto da Igualdade Racial (12.288/2010) determina que o racismo é crime, mas “ninguém vai preso”. Ele chamou a atenção para outras questões que também precisam de mais atenção, como as comunidades quilombolas da Região Metropolitana e a permanência na universidade dos alunos aprovados por meio do sistema de cotas raciais.
“Eu represento 21% de uma população esquecida, que sofre. Se considerarmos a Região Metropolitana de Curitiba, teremos mais de 30% de negros. Não vejo meus direitos representados na Câmara ou na prefeitura”, disse o presidente do Conselho Municipal de Política Étnico-Racial (Comper) e da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Denis Denilto. Ele sugeriu a formação de uma comissão de vereadores para acompanhar os encaminhamentos da conferência realizada pelo conselho no ano passado.
Ex-presidente e conselheiro do Comper, Saul Dorval da Silva reiterou o alerta ao racismo institucional. “A iniciativa privada acha que nossa luta não é importante. Que não houve escravidão, racismo”, declarou. Ele apresentou propostas de lei e falou sobre o projeto de Bernardi e Mestre Pop (PSC), em tramitação na Casa, que pretende reservar vagas a afrodescendentes, pardos e indígenas em concursos municipais (005.00088.2013).
O cônsul-geral do Senegal para o Paraná e Santa Catarina, Ozeil Moura dos Santos, citou casos de racismo e pediu união aos grupos que defendem a igualdade racial. “Sem educação e cultura dificilmente vamos atingir nossos objetivos. O afrodescendente não pode mais vender o bilhete, porque quem vende o bilhete não assiste ao espetáculo”, avaliou.
O presidente da Comissão de Igualdade Racial e de Gênero da OAB Paraná, Mesael Caetano dos Santos, concorda que Curitiba é uma cidade com “viés racista”. “Da escravidão restou o preconceito e o racismo. O processo foi longo, ardiloso. O sistema canalizou uma riqueza poderosa e cravou um abismo”, afirmou. Um dos problemas apontados pelo advogado é que o negro ganha, em média, metade do salário do branco, mesmo entre os cargos de nível superior.
Líder a Associação de Haitianos em Curitiba, Laurette Bernardin pediu apoio à entidade: “Nós enfrentamos um momento muito difícil. Para trabalhar, alugar casa... Temos coragem para batalhar”. A advogada da associação, Ana Railene Siqueira, lamentou que a capital tem sido notícia na imprensa nacional devido às agressões aos haitianos. “Os relatos que ouço dão a impressão que vivemos no período anterior à Lei Áurea, quando nós, os negros, éramos considerados objetos. O racismo é uma ferida aberta, que precisa ser combatida”, completou.
“Temos que quebrar o silêncio, que é uma das grandes estratégias do racismo. Acho que precisamos (os brancos) pedir desculpas pelos nossos ancestrais pela construção do contexto que vivemos hoje”, disse a antropóloga Liliana Porto, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Não são os negros que precisam da universidade, nós é que precisamos de um espaço plural. Nossa busca é pela igualdade de direitos”, acrescentou, sobre o sistema de cotas.
A professora Letícia de Lima, da Secretaria Municipal da Educação (SME), defendeu a educação, desde o ensino infantil, para o respeito à diversidade. “Nos CMEIs, há a preocupação desde os livros e brinquedos, como as bonecas, para que a reflitam. Temos a missão de combater o racismo”, defendeu.
O presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, foi representado por Jorge Rangel. A promotora Mariana Seifert Bazzo, do Núcleo da Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público do Paraná (MP-PR), acompanhou a audiência pública. Após os encaminhamentos dos membros da mesa, o público participou do debate.
Com representantes do Poder Público e diversas instituições, a audiência pública alertou ao racismo em Curitiba e à necessidade de se efetivar as políticas públicas pela igualdade racial. (Foto – Chico Camargo/CMC)
A audiência pública foi proposta por Jorge Bernardi. O vereador acredita que ela possa gerar outros debates, como sobre a situação dos migrantes haitianos. (Foto – Chico Camargo/CMC)
“Vamos lutar para que reconheçam o direito de Curitiba de legislar”, disse Paulo Salamuni sobre a reclamação ao SFT pela suspensão do feriado. (Foto – Chico Camargo/CMC)
“Eu represento 21% da uma população esquecida, que sofre. Se considerarmos a Região Metropolitana de Curitiba, teremos mais de 30% de negros”, disse o presidente do Comper, Denis Denilto. (Foto – Chico Camargo/CMC)
Presidente do Centro Cultural Humaitá, Candieiro avaliou que a cidade possui um “racismo institucional, evidenciado pela ação da ACP”. (Foto – Chico Camargo/CMC)
Líder da Associação de Haitianos em Curitiba, Laurette Bernardin pediu apoio à entidade: “Nós enfrentamos um momento muito difícil”. (Foto – Chico Camargo/CMC)
O público teve a oportunidade de se inscrever e participar do debate. (Foto – Chico Camargo/CMC)
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Roda de capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Catadores defendem PEC que os tornam segurados especiais da Previdência
Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli
sábado, 22 de novembro de 2014
Salve o Almirante Negro!
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Conselheiros protestam contra a suspensão de feriado
Dênis Denilton frisou que a maioria das vítimas da violência são jovens negros e negras. (Foto – Chico Camargo/CMC)
Dia da Consciência Negra será respeitado na Câmara Municipal de Curitiba
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Em capitais, muros amanhecem pichados “contra o genocídio da juventude negra”
O Levante Popular da Juventude coordenou a ação que ocorreu nesta madrugada em São Paulo, Bahia e Ceará. Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Norte também serão alvos do mesmo tipo de protesto ainda nesta segunda-feira (17). Movimento pede, também, o fim dos autos de resistência, e que a presidenta se posicione sobre a chacina em Belém, no Pará
Contra o “genocídio do povo negro”, membros do Levante Popular da Juventude picharam muros em São Paulo, Fortaleza e Salvador, na madrugada desta segunda-feira (17). Ainda hoje, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Norte serão alvos da mesma iniciativa.
A ação coordenada começou em São Paulo, onde o movimento cobrou uma resposta da presidenta sobre a chacina em Belém do Pará, realizada no último dia 5 de novembro, que terminou com nove mortes oficializadas. Porém, a população local alega que o número é maior.
“Chacina em Belém, Dilma posicione-se. Contra a morte da juventude negra”, dizia a mensagem cravada no muro principal do Cemitério da Consolação.
Na Bahia, a ação ocorreu na avenida João Angélica, no centro de Salvador, tradicional ponto de encontro do movimento negro do estado. O muro da Universidade Federal do Ceará também amanheceu com a mensagem deixada pelo Levante, a mesma grafada pelos baianos: “Levante contra o genocídio da juventude negra”.
Universidade Federal do Ceará foi o alvo escolhido pelo Levante, no Ceará
Em nota, o Levante Popular da Juventude explicou a ação: “Deixamos nossas marcas nas ruas neste 17 de novembro de 2014 em memória à vida de cada um dos jovens, em sua maioria negros, executados pelas polícias brasileiras”.
Números divulgados no 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) foram utilizados para justificar o discurso de genocídio da população negra. “Ser negro no Brasil é ter 3,7 mais chances de morrer de forma violenta. Os números da violência só crescem em nosso país. De 2009 a 2013, subiu de 44.518 para 53.646 o número de homicídios. Entre todas essas vítimas, 36.479 eram jovens negros, ou seja, 68% do total de mortos”, explica o Levante.
O movimento também lembrou a tragédia em Belém e, dessa vez em nota, cobrou a presidenta. “O genocídio do povo negro é uma realidade tão naturalizada em nosso país que, até a data de hoje, a presidenta Dilma Rousseff não prestou nenhum esclarecimento público sobre o ocorrido e não demonstrou nenhuma intencionalidade em pressionar o estado do Pará ou mobilizar para que os órgãos federais investiguem os crimes”, declarou.
Na nota, o Levante faz quatro exigências: “A imediata aprovação do PL 4471, que determina o fim dos Autos de Resistência no Brasil; posicionamento da presidenta Dilma Rousseff sobre as mortes ocorridas no Pará; a imediata investigação da chacina ocorrida no Pará no dia 5 de novembro; e o combate concreto e permanente ao genocídio do povo negro”.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Exposição em Porto Alegre apresenta ‘O Invisível Gaúcho Negro’
Divulgação
Foto feita por Eduardo Tavares em 1981 de um maragato da Revolução de 1923
O resultado de muitos anos de trabalho é a exposição O Invisível Gaúcho Negro, que estreou na última terça-feira (4), às 18h30 na Sala JB Scalco da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A mostra fica em cartaz até 28 de novembro de 2014.
Além de buscar a visibilidade dessa população, a mostra pretende apresentar a importância do seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura desse ambiente. “Em função de trabalhos que eu ia fazendo no interior do estado, fui constatando essa presença do gaúcho negro no campo e nos eventos festivos como rodeios, por exemplo. O negro estava sempre muito presente e atuante, tinha uma identidade forte com as coisas da terra, uma figura muito marcante. Isso começou a me chamar a atenção e eu comecei a fazer este registro”, afirma.
Segundo o fotógrafo, a oligarquia rural gaúcha normalmente representa visualmente o gaúcho como uma pessoa branca e omite a figura do negro, onipresente em quase todas as fazendas do estado, em rodeios, exposições agropecuárias e, é claro, em manifestações culturais quilombolas no interior. “Mas eu não via representada na cultura, principalmente no universo imagético, essa figura do negro. O gaúcho é sempre apresentado como uma figura branca. Por causa da colonização europeia, fica a imagem do gaúcho como um tipo europeu, o que não é verdade: a presença do negro é muito forte no Rio Grande do Sul”, garante.
Para Tavares, essa “invisibilidade” dos afrodescendentes está ligada ao preconceito: “Acho que isso é resultado do racismo nebuloso. Um exemplo é a manifestação que houve um tempo atrás no jogo do Grêmio (com ofensas ao goleiro Aranha, do Santos). Essa discriminação existe na cultura do gaúcho e foi isso que me levou a fazer essa exposição, para mostrar e provocar uma discussão porque eu acho que a gente tem uma dívida histórica com os negros neste país. Nós protagonizamos um dos maiores genocídios na história da humanidade.”
A exposição apresenta 40 fotos em preto e branco e um dos destaques é a imagem de um maragato da Revolução de 1923. “É uma foto que fiz em 1981 para uma matéria da revista Manchete. A gente descobriu um negro que tinha sido degolador na Revolução de 1923. A expressão dele é uma coisa impressionante”.
Eduardo Tavares pretende fazer um projeto maior de documentação imagética da presença dos negros no Rio Grande do Sul em todos os quilombos rurais do estado. Sua intenção é lançar um livro assim que viabilizar patrocínio para a elaboração do projeto.
Serviço:
OInvisível Gaúcho Negro, de Eduardo Tavares
Quando: de 5 a 28 de novembro, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h30 às 18h30
Onde: Sala J.B. Scalco – Assembleia Legislativa do RS, Praça Marechal Deodoro, 101, Centro Histórico, Porto Alegre
Fonte: RBA
Pesquisa revela racismo velado no comércio de Londrina
"Temos que tomar alguma atitude concreta a respeito", enfatizou o professor Cláudio Galdino, responsável por coordenar a pesquisa (Crédito: Roberto Custódio / JL)
“Modus operandi da PM é regra, não exceção”, diz presidenta do Conjuve
Comissão da Câmara aprova aumento de pena para crime de injúria racial
E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?
publicado: revista Fórum
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Banho de caneca, filas na madrugada e até roubo de água: como é viver na seca
Pesquisador defende combate ao racismo institucional no sistema policial
Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil Edição: Armando Cardoso
As relações raciais no Brasil não admitem declarações sobre preferências ou atitudes racistas. Entretanto, dados oficiais comprovam a existência de filtragem racial nas instituições policiais do país, chancelada pelo próprio sistema de Justiça, conforme afirmou hoje (6) o professor Danilo Morais, pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Em 2012, ele participou da pesquisa Filtragem Racial na Seleção Policial de Suspeitos: Segurança Pública e Relações Raciais, que identificou os mecanismos de atuação das polícias militares de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Conforme a pesquisa, a proporção de jovens negros mortos em ação policial é três ou quatro vezes superior à de brancos. No Rio de Janeiro, para cada 100 mil habitantes, 3,6 negros são mortos pela polícia, contra 0,9 branco. Em São Paulo, também para cada 100 mil habitantes, os índices são de 1,4 negros para 0,5 branco. “Em São Paulo, o negro tem mais chance de ser morto pela polícia, ainda que eles não admitam o fato”, disse Morais.
Ainda em São Paulo, para os mesmos 100 mil habitantes, as taxas de encarceramento de presos em flagrante são 35 negros e 14 brancos. Entre 2008 a 2012, 54% das prisões em flagrantes no estado foram de negros, ante 42,9% de brancos.
“Se partíssemos da premissa racista, os negros são presos porque cometem mais crimes. Na verdade, pela premissa não racista, observa-se que condutas ilícitas da população negra são mais vigiadas. Por isso, as prisões em flagrante. Elas não são fruto de investigação policial”, explicou o pesquisador da UFScar.
Durante as entrevistas, os policiais relataram aos pesquisadores que o tirocínio - capacidade de reconhecer os criminosos por marcas objetivas - é construído ao longo do “tempo de rua”. Entre as marcas descritas, destacam-se as tatuagens, os carros rebaixados e o uso de moletons em dia de calor. Segundo Morais, os policiais até admitem alguma discriminação de natureza econômica com as pessoas mais pobre, mas nunca racial.
“Não é racismo individual. Temos um modelo de policiamento e instituições policiais moldadas para resultados. Estamos falando também do sistema de Justiça. Se os negros são mais presos e continuam presos, significa que o Judiciário, de alguma forma, chancela essa forma de segurança pública”, salientou.
Morais elogiou o Plano Juventude Viva, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. Segundo ele, é a única política pública que considera os elementos étnico-raciais e etários na prevenção da violência, mas incide pouco, do ponto de vista da segurança pública, na redução da letalidade policial.
“Embora o policiamento tenha a ver com as secretarias estaduais de segurança pública, o governo federal, por meio do Ministério da Justiça, poderia implementar ações para que fossem considerados os elementos de cor, raça e idade na formação policial. Deveria estabelecer, ainda, procedimentos operacionais padrão e formular coleta de dados. Está pacificada a tese de que esses elementos são importantes no acompanhamento das desigualdades raciais nas áreas de saúde, educação e trabalho. Então, também deveria ser para a segurança pública”, assinalou o pesquisador.
Comunidade Negra no ENEM: Professor Denis dá dica de Filosofia
TV Paulo Freire. 2014.
Ação afirmativa: mais da metade dos alunos do programa federal de bolsas são negros
terça-feira, 4 de novembro de 2014
A escola deveria parecer um parque de diversões, diz educador
Publicado: uol.com.bro
Tião Rocha descobriu há 30 anos que era possível fazer educação debaixo do pé de manga, em roda, sem currículo fixo, sala de aula e hierarquia. Para ele, o segredo é pensar a educação como algo plural, que leva em conta "os saberes, os fazeres e os quereres" de todas as pessoas envolvidas no processo. Uma educação que não exclua nem selecione, mas que respeite o tempo de aprendizado de cada um.
"Infelizmente a escola não é uma coisa prazerosa. Esse é o grande desafio. A escola deveria se assemelhar muito mais a um parque de diversões, um lugar prazeroso. A escola hoje se parece muito mais com uma fábrica, que tem sino para entrar, sino para sair, a cada 50 minutos muda a matéria, tem uma hierarquização danada, aí deixa de ser fábrica e vira uma cadeia, um quartel, e às vezes chega ao ponto de parecer um hospício", afirma.Rocha é fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, organização não-governamental que atua nas áreas de educação popular e desenvolvimento comunitário sustentável. Ele participa na próxima quinta-feira (6) de um dos debates do Wise (World Innovation Summit for Education), um dos principais eventos internacionais de educação, realizado nesta semana em Doha, no Catar.
Boa educação exige bons educadores
Ele defende que a boa educação só é possível com bons educadores –aqueles que não se posicionam como detentores da toda a sabedoria e que são capazes de compreender que todo mundo tem algo a ensinar. "O bom educador é aquele que se propõe a ser um aprendiz, tem que aprender o outro, que é perceber a potencialidade do outro e dar as oportunidades para crescer", afirma.Na sua opinião, o bom educador "não fica citando autores, não é um repetidor de ideias", mas é aquele que constrói a sua própria pedagogia. "A educação só existe no plural, tem que ter no mínimo duas pessoas (o eu e o outro). Se o professor e o aluno são pessoas diferentes, a relação entre eles tem que ser de iguais. Ou seja, não tem o que sabe mais ou o que sabe menos, não existe isso, são experiências distintas, pessoas distintas".Isso só é possível, afirma o educador, quando cada um se sente acolhido dentro do processo educativo. Para pensar uma educação onde todos são ouvidos e ajudam a construir os saberes, ele criou a pedagogia da roda. Ela surgiu quando ele juntou pessoas debaixo de um pé de manga, e percebeu que ali não havia hierarquia e que em círculo todas as pessoas conseguiam se alhar nos olhos.A partir daí, novas ferramentas foram construídas, como o cafuné pedagógico. "É uma coisa simples: só dá cafuné para o outro quem aprendeu a ter cafuné na vida. É criar acolhimento para aqueles que ainda não tiveram isso. Todos nós precisamos de colo".E justifica a adoção do método: "Quanto mais produzir afetos, generosidade, mais as pessoas vêm. Eu não conheço nenhuma criança que possa ter aprendido e se desenvolvido plenamente na base do castigo. Agora, eu conheço centenas de milhares que aprenderam e cresceram cidadãos plenos à base do afeto", afirma.
Quebrar as paredes
Mas o que seria essa escola do futuro? Para Viana, uma escola bem diferente da que temos hoje. "Se a gente não mudar o jeito de ensinar, não adianta. Não é questão de verba, é questão de mudar efetivamente, romper, quebrar com essa grade curricular, quebrar as paredes que estão dentro escola", afirma."Hoje as crianças têm um currículo que metade das informações são inúteis. Ou então ele aprende um monte de gramática, mas não aprende a gostar de ler. O aluno fingindo que aprendeu, o professor finge que ensinou, a escola finge que existe, o Estado finge que paga e nós estamos pensando que essa educação forma. Ela finge que forma", diz
"A razão da má escola não é a falta de tempo", diz professor da USP'Avaliação está ocupando o lugar do currículo escolar', diz educador
Estai uma proposta boa, uma via pra as crianças e adolescentes se interessarem pela Escola principalmente Municipal e Estadual que a falta e desistência acabe com esse problema que é Nacional, por isso por favor autoridades apõem essa Ideia desse Idealizador e Sonhador Tião Rocha Antrapologia.