Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil
Edição: Denise Griesinger
publicado: agência Brasil
Dança,
luta, símbolo de resistência e uma das manifestações culturais mais
conhecidas no Brasil, a roda de capoeira recebeu hoje (26) o título de
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Após
votação durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a
Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Paris, a roda de capoeira ganhou
oficialmente o título.
A presidenta do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, presente na
sessão do comitê, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não
existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam
compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e
imateriais.
“O reconhecimento representa um tributo à capoeira
como manifestação cultural importante, que durante séculos foi
criminalizada, além de dar visibilidade internacional. Além disso,
reconhece que o Brasil tem políticas públicas para cuidar do seu
patrimônio cultural”, disse Jurema, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo
ela, um bem registrado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
garante mais respaldo ao governo para apoiar, com recursos públicos,
iniciativas de preservação do bem cultural, com o incentivo à
transmissão do conhecimento e a formas de organização dos capoeiristas. A
roda de capoeira é reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan
desde 2008.
No
dossiê de candidatura, o Iphan enumerou uma série de ações para
difundir a modalidade e propôs medidas de salvaguarda orçadas em mais de
R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento
destaca que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da
cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e
à discriminação. Lembra, além disso, que a prática chegou a ser
considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a
capoeira é praticada em muitos países.
“O reconhecimento da roda
de capoeira pela Unesco é uma conquista muito importante para a cultura
brasileira. A capoeira tem raízes africanas que devem ser cada vez mais
valorizadas por nós. Agora, é um patrimônio a ser mais conhecido e
praticado em todo o mundo”, destacou, em nota, a ministra interina da
Cultura, Ana Cristina Wanzeler.
Além da presidenta do Iphan, a
diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Célia
Corsino, diplomatas da Delegação do Brasil junto à Unesco e capoeiristas
brasileiros também acompanharam a votação, entre eles os mestres Cobra
Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e Mestra Janja.
Segundo
o Ministério da Cultura, o Iphan deu apoio aos capoeiristas para fazer
amplo inventário dos grandes grupos de capoeira e mestres no Brasil e
ajudou-os a instalar comitês estaduais distribuídos pelo país. Neles,
capoeiristas podem formular reivindicações e compromissos relacionados à
salvaguarda e à promoção dessa manifestação cultural.
Com o
título, a prática cultural afro-brasileira reúne-se agora ao Samba de
Roda do Recôncavo Baiano, à Arte Kusiwa-Pintura Corporal, do Amapá, ao
frevo, de Permanbuco, e ao Círio de Nazaré, do Pará, também reconhecidos
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário