publicado: gazeta do povo - 28-07-2014
A música tem lugar fundamental na produção do documentarista franco-suíço Georges Gachot. O Samba – em cartaz no Espaço Itaú, em Curitiba , às 19 horas, dentro da Mostra Imovison 25 Anos– é seu terceiro filme sobre a música brasileira depois de Maria Bethânia: Música É Perfume (2005) e Rio Sonata (2010), com Nana Caymmi. O documentário mostra o samba sem cair nos lugares-comuns. Com proposta abrangente e tom de reportagem, o gênero musical é apresentado enquanto cultura, linguagem e estilo de vida.
Muito além da sensualidade da dança, observa outros aspectos do fenômeno, dando destaque às letras, à dimensão social, à melancolia.
Gachot faz de Martinho da Vila o condutor da narrativa e esboça, de passagem, um retrato do cantor e compositor. Martinho brilha pela espontaneidade e pelas observações precisas que faz sobre o gênero musical e sua história. Enquanto isso, canta músicas com aquela voz inconfundível, mansa e cheia de meneios.
Intérpretes como Ney Matogrosso, Leci Brandão e Moyseis Marques dão belos depoimentos. Apesar de a escola de samba Vila Isabel ser outro foco da reportagem, o Carnaval não ocupa o centro das atenções. Gachot percebeu que o samba ultrapassa o hedonismo carnavalesco e insistiu em mostrar a escola como um microcosmo, como o lugar em que o samba é parte da identidade das pessoas.
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