quarta-feira, 2 de julho de 2014

ARTIGO DISCUTE "O MORRO NÃO TEM VEZ" DE TOM JOBIM

publicado:brasil247.com

A obra O morro não tem vez, de Antonio Carlos Jobim e a sua ampla articulação e interpretação, com forte cunho social, é tema de artigo publicado pelo professor doutor Silvio Augusto Merhy, que aborda a ligação da musica com o meio, o samba e a favela enquanto inspiração, entre outros tópicos, na sua publicação: “Em alguns aspectos o ambiente do Rio expõe o marco da divisão urbana, revelando forte tensão entre grupos humanos. A divisão e a tensão são visíveis na arquitetura - favela/bairro, no comportamento - violência/cortesia, na produção artística - música de concerto/música do morro”, afirma Silvio

Favela 247 – Silvio Augusto Merhy, bacharel em direito e piano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, especializado em piano pelo Conservatório Tchaikovsky de Moscou, mestre em música e doutorado em história social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atual professor associado III da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), atuando principalmente no ensino de música com os temas harmonia de teclado, transcrição de canções e história da música popular, escreveu e publicou o artigo “Letra, melodia, arranjo: componentes em tensão em O morro não tem vez de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes” na revista Per Music, da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

No artigo, Silvio utiliza a canção O Morro não tem vez, de Antonio Carlos Jobim, para discutir a música além de um objeto de apreciação estética, citando as canções populares, como um meio capaz de pensa-la enquanto algo pertencente a uma rede social: “O registro fonográfico tornou mais fácil pensar uma produção musical como documento, não apenas como objeto de apreciação estética. A gravação de canções populares permite prontamente decompor, recompor, analisar, destacar partes e pensá-las como objeto pertencente a uma rede social de amplitudes quase infinitas. Ocasionalmente, o modo como se combinam letra, melodia e arranjo faz brotar questões sobre a classificação dos gêneros. O arranjo musical, suporte sonoro da canção, pode colocar em tensão a combinação letra e música e até mesmo deslocar o sentido do conjunto. Algumas das gravações de O morro não tem vez de Tom Jobim e Vinícius de Moraes revelam contrastes e tensões que tornam uma questão permanente o que se classificou como Bossa Nova”, argumenta Merhy no resumo da sua publicação.

Merhy, em seu artigo, traz, entre outras discussões, a tese da Cidade Partida, de Zuenir Ventura, a favela enquanto tema e inspiração, o surgimento do samba e a necessidade da música dialogar com o seu ambiente durante a sua caracterização, o que, quando é desconsiderada, a torna incompleta, tudo isso desconstruindo, construindo e analisando a obra de Antonio Carlos Jobim: “A caracterização das práticas musicais, por exemplo, pode se tornar incompleta se, na descrição, o ambiente em que ocorre é desprezado. É necessário que se descrevam os elementos característicos que estruturam o produto artístico considerando-se o seu impacto no mundo social. As funções dos elementos que estruturam a forma artística estão, de algum modo, conectados ao tipo de prática e ao perfil do grupo onde ela ocorre. A análise pode revelar como se dão estas conexões e que tensões elas podem criar”, afirma Silvio.

Um comentário:

  1. Genial o texto,a música não parece de tom e Vinícius,tão alienados,a música deles é basicamente romântica.

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