FERNANDA CANOFRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO ALEGRE 23/09/2014 20h16
A auxiliar de odontologia Patrícia Moreira, 23, afirmou na última semana que pretendia se tornar "um símbolo nacional contra o racismo". Flagrada por câmeras de televisão, durante a partida entre Grêmio e Santos no dia 28 de agosto, gritando a palavra "macaco" para o goleiro Aranha, ela está sendo investigada por injúria racial, perdeu o emprego e teve de deixar sua casa porque recebeu ameaças.
Na internet, porém, o episódio envolvendo o jogador do Santos e a torcedora gremista gerou efeito colateral. Uma página criada no dia 14 de setembro no Facebook - intitulada "Apoiamos Patricia Moreira contra a hipocrisia do Politicamente Correto" - usa a imagem da torcedora para atacar críticas desde a definição do racismo até a vinda de imigrantes haitianos ao Brasil.
Em uma das postagens, uma montagem mostra jogadores de futebol como Neymar, Pelé, Tinga e Robinho acompanhados de mulheres loiras, para criticar a "hipocrisia" do "orgulho negro". Outro texto, postado pela página na terça-feira (23), traz uma mensagem a respeito de relacionamentos inter-raciais: "Diga não à miscigenação racial. Se o povo de Israel não se mistura, a gente também tem o mesmo direito de falar sobre, sem censuras politicamente corretas".
Reprodução
O criador por trás da página afirma ser um advogado carioca, de 27 anos, torcedor do Flamengo e simpatizante do Corinthians e do Grêmio, chamado Jeferson. Alegando preocupação por "questões de segurança", ele não aceitou conversar por telefone. "Falam que vão me denunciar, me rastrear, matar, que quem defende a 'garota racista' deve morrer, é rotina", respondeu em entrevista pelo chat da rede social.
Jeferson conta que é o único administrador do perfil. Fazendo referências ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), à paulista Mayara Peluso - processada em 2010 por comentários contra nordestinos em uma rede social - e ao autor de "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley, ele explica que criou a página para expôr contradições.
"A hipocrisia de pessoas dizendo que a torcedora é branca, nojenta que deve ser estuprada por negros, o racismo anti-branco é permitido no Brasil e saem impunes, uma lei que só vale pra um lado deve ser revogada. Fiz a página pra citar diversas patologias, contradições do movimento de esquerda", afirma.
Para ele, Aranha "aceita o coitadismo" e está entre os negros que funcionam como "massa de manobra" das políticas de esquerda. Seu contraponto seria o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. "Eu tenho orgulho de ser Branco (sic), já fui tachado de muita coisa e nem por isso liguei, aqui tem uma parcialidade, negro pode dizer que tem orgulho, branco não, é hipocrisia, esquerdista sempre odiou Homem Branco", defende.
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quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Página racista no Facebook é criada em "apoio" a torcedora gremista
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