publicado: Revista Trip - texto - Lia Hama
Caio Palazzo
Aristocrata
Caio Palazzo
Aristocrata
Quinta-feira à noite. Na sala de um edifício comercial do bairro da Liberdade, região central de São Paulo, um grupo de amigos se reúne em torno de uma mesa com salgadinhos e refrigerantes. Na pauta do encontro, o resgate das memórias de uma época gloriosa, que há muito tempo ficou para trás. São os remanescentes do Aristocrata, um clube fundado nos anos 60 pela elite negra paulistana. No seu auge, na década de 70, a associação contava com 3.600 sócios e tinha sede na capital e um clube de campo na zona sul da cidade. Suas festas e bailes de gala atraíam até 5 mil pessoas, incluindo artistas como Cartola e Wilson Simonal, políticos como Jânio Quadros e celebridades gringas como Sarah Vaughan e Muhammad Ali. “Este é o mais luxuoso clube negro do Brasil”, estampava a revista Manchete na época. Mais de meio século depois, no entanto, restam apenas 12 membros do conselho do clube, que sonham com a volta dos velhos tempos.
Fundado em 1961, num período em que negros eram barrados nas piscinas e nos bailes de clubes como Tietê, Espéria e Pinheiros, o Aristocrata é um marco na história da sociedade brasileira. “Naquele tempo, nós só podíamos ir a esses locais de brancos para jogar futebol. Não podíamos fazer parte dos quadros associativos. Pela lei, não podia haver discriminação, mas sempre inventavam alguma desculpa. Chegaram a alegar que o cloro usado na piscina fazia mal à pele negra. Por isso, nós decidimos fundar o nosso próprio clube”, contou à Trip Luiz Carlos dos Santos, 77 anos, atual presidente da executiva do Aristocrata. Alguns brancos frequentavam o lugar, apesar de o público ser predominantemente negro. “Havia três brancos entre os 50 fundadores. Eram descendentes de árabes, também vítimas de preconceito”, diz Luiz.
Diferentemente de outras associações negras que existiam no país, o Aristocrata foi fundado por uma classe média ascendente. O nome pomposo – Aristocrata – foi escolhido como uma referência a essa situação de elite. “Não eram sambistas. Tinha advogados, professores, enfermeiros, médicos. Era a elite entre os negros”, explica o ativista Genésio de Arruda no documentário Aristocrata Clube (2004), um dos raros registros sobre essa instituição pouco conhecida até hoje. “O Aristocrata surgiu para ser um lugar de lazer e, ao mesmo tempo, um fórum de debate, assim como ocorre no clube Sírio-Libanês ou no A Hebraica”, conta no filme o ex-deputado federal Adalberto Camargo, já falecido. “Toda essa história ficou perdida no tempo. Nossa ideia foi resgatar a memória afetiva dessas pessoas”, explica Jasmin Pinho, diretora do documentário, que traz relatos de três gerações do clube.
COISA DE AMERICANO
Não são poucas as histórias a serem resgatadas da memória do Aristocrata. “Quem me levou ali pela primeira vez foi o meu ídolo Agostinho dos Santos, cantor muito famoso na época. Chamou minha atenção o fato de só tocarem Frank Sinatra. Aí eu falei: ‘Pô, Agostinho, não vão tocar o seu disco? Até parece que a gente está nos Estados Unidos!’”, conta o cantor Jair Rodrigues, que também jogava pelada no clube de campo do Aristocrata, na estrada do Bororé, no bairro do Grajaú. O terreno de 60 mil metros quadrados foi comprado em 24 parcelas pelos associados, que construíram piscinas e quadras de futebol, vôlei e basquete. Além dos jogos, o local sediava churrascos, festas da cerveja e desfiles de biquíni.
Os bailes aconteciam na sede do Aristocrata, no número 118 da rua Álvaro de Carvalho, no centro de São Paulo, ou em salões alugados do Club Homs ou do Rotary. Recém-chegado de Minas Gerais, Milton Nascimento, um cantor então desconhecido, ficou impressionado com a elegância daqueles “pretos, todos bem-vestidos” (veja depoimento na página 85). Conta-se que até os garotos do Jackson 5 foram a uma reunião.
“Eu era muito nova, mas me lembro deles na casa do Raul dos Santos, presidente do clube na época. A gente ia lá aos domingos”, diz a produtora Haydee Alexandre.
ORGULHO NEGRO
Quando vinham ao Brasil, celebridades negras internacionais, como Johnny Mathis e Josephine Baker, eram levadas ao Aristocrata por Agostinho dos Santos. Quem servia de intérprete era o fotógrafo Paulo Roberto, mais conhecido como Paulo Inglês, um dos poucos a dominar o idioma estrangeiro. Às vezes, os convidados esticavam a noite em boates, caso do lendário campeão de boxe Muhammad Ali. “Eu o levei para o La Licorne, uma espécie de Café Photo da época. Imediatamente formou-se uma roda de damas da noite em volta dele”, conta, dando risadas, o fotógrafo de 74 anos.
O Aristocrata ajudou a construir o orgulho negro dentro da comunidade. “O histórico que a gente tinha é do lado pejorativo do negro – do sem formação, sem cultura. Os nossos pais nos deram a chave, abriram a porta para que nós chegássemos ao mundo lá fora com muita dignidade”, diz, no documentário sobre o clube, Haydee Alexandre, 56 anos, que é filha de Alexandre dos Santos, um dos fundadores. “O Aristocrata moldou a minha personalidade, sem vergonha de entrar em um lugar, sem medo de ser barrada ou não saber me portar. Tudo isso eu aprendi lá”, acrescenta Haydee, que debutou num baile do clube aos 15 anos.
“LEVEI MUHAMMAD ALI AO LA LICORNE. FORMOU-SE UMA RODA DE DAMAS DA NOITE EM VOLTA DELE”
A decadência ocorreu a partir dos anos 90, quando outras associações esportivas também fecharam. “As pessoas começaram a ter casa de praia ou sítio. Os sócios deixaram de pagar mensalidade e aumentou a inadimplência”, explica Paulo Correa, 60 anos, tesoureiro do Aristocrata.
O desinteresse da segunda geração também contribuiu para o esvaziamento. “As novas gerações tinham outros espaços de lazer. Elas não passaram pelas dificuldades que nós passamos, não sentiam a necessidade de ter um espaço próprio”, conta o septuagenário Luiz Carlos. Com as dificuldades financeiras, a sede no centro foi fechada há três anos. Já o clube de campo no Grajaú foi desapropriado pela prefeitura. Parte do terreno foi invadida e hoje abriga uma favela.
A sala alugada no bairro da Liberdade é o endereço provisório do Aristocrata, onde às quintas-feiras se reúnem os 12 conselheiros. Com o dinheiro da desapropriação, eles pretendem se mudar em breve. “Nossa meta é comprar uma nova sede e abrir o clube para mais sócios – negros, brancos, de qualquer cor. Queremos retomar as feijoadas aos sábados e os antigos bailes com traje social completo”, diz o professor universitário aposentado Valdemar Venâncio, 75 anos, presidente do conselho. Enquanto os novos tempos não chegam, o grupo se diverte, lembrando da época áurea de um lugar que foi tão importante em suas vidas.
O CANTOR MILTON NASCIMENTO, 71 ANOS, FALOU À TRIP
SOBRE A ÉPOCA EM QUE FREQUENTOU O CLUBE EM SÃO PAULO
“ARISTOCRATA ERA UM FOCO DE RESISTÊNCIA”
Cheguei a São Paulo em 1966 para participar de um festival da TV Excelsior, em que defendi “Cidade vazia”, música de Baden Powell e Lula Freire. Decidi ficar na cidade e passei por pensões na região da Boca do Lixo. Foi uma das temporadas mais difíceis da minha carreira, pois, para cada vaga de músico nos bares, existiam 50 músicos que se candidatavam. Foi tanto sofrimento que digo que passei 20 anos em dois. Cheguei a ficar uma semana sem comer. Foi nesse cenário que encontrei Agostinho dos Santos, um dos cantores mais famosos do Brasil na época. Eu estava tocando num bar quando ele disse: “Bicho, quem é você?”. Falei meu nome e ele começou a me levar aos lugares. Um desses ficou marcado pra sempre na minha lembrança: o Aristocrata Clube.
Naquele tempo, os pretos jamais poderiam frequentar um clube com áreas de lazer e sofisticados bailes. Eu mesmo, na minha cidade, Três Pontas [MG], só fui entrar no principal clube após minha consagração com “Travessia”, em 1967. Por isso o meu espanto quando Agostinho me levou ao Aristocrata. Quando vi aqueles pretos bem-vestidos – as mulheres, lindas, de longo e os homens de passeio completo –, quase não acreditei. Era um foco de resistência de um jeito que eu jamais tinha imaginado. Já que não era permitido aos pretos o direito de frequentar os clubes da elite branca – a não ser como garçom e faxineiro –, agora tínhamos nosso próprio espaço.
Imagine 2 mil convidados, quase todos pretos, num baile de gala numa região bem localizada de São Paulo. Tenho certeza de que a classe dominante deve ter feito planos para acabar com o Aristocrata, mas eles não contavam que parte dos frequentadores era preta de alta posição social. Foi a nossa revanche. Quando se falava de um clube só de pretos, os preconceituosos pensavam: “Só deve ter cachaça, gente feia e mal-educada”. Era o contrário: pessoas muito bem-educadas, bem-vestidas, de refinamento musical. Poucos lugares tiveram nível cultural tão elevado. O Aristocrata foi importantíssimo num momento difícil da nossa história, quando enfrentávamos uma segregação terrível por parte da elite e, para completar, tínhamos que enfrentar opressão severa por parte da ditadura. É um lugar que deixou saudades.
O PROTESTO 1955 / 2O15. 60 ANOS do Poeta CARLOS DE ASSUMPÇÃO o mestre que completa 88 anos de muitos parabéns num sábado de muita luz 23 de maio glorioso que realça valoriza nossa luta a historia sempre viva do poeta guerreiro Cassump de Ébano como disse o herói poeta angolano Agostinho Neto.
ResponderExcluirCARLOS DE ASSUMPÇÃO seu nome esta realçado entre os maiores poetas do mundo e assim no Brasil nas principais obras da cultura afro brasileiro"A Mão Afro-Brasileira" Emanoel Araújo. “Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana” Nei Lopes. “Enciclopédia Quem é quem na negritude brasileira” Eduardo de Oliveira.Enciclopédia“África Mãe dos Gênios Negros Afros Brasileiros” Jorge J. Oliveira entre outras obras. Os Dizeres dos grandes mestres sobre Carlos Assumpção diz Abdias do Nascimento é o meu poeta, Solano Trindade Protesto é minha alma, Geraldo Filme me arrepia, Clovis Moura a lira de nossas revoltas, Barbosa sinto cada letra, Prof. Eduardo Oliveira minha inspiração, Luís Carlos da Vilaa alma da Kizomba,Tião Carreiro uma alegria triste, Milton Santos Diz tudo, Grande Otelo é o Poema Hino Nacional da luta da Consciência e Resistencia Negra Afro-brasileira.
CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta da militância negra da historia do Brasil autor do poema o PROTESTO Hino Nacional da luta da Consciência eResistencia Negra Afro-brasileira. O poetaAssumpção é o maior ícone das lideranças e dos movimentos negrose afros brasileiras e uma das maiores referencias do mundo dos ativistas e humanistasem celebração completa 88 anos de vida. CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu 23 de maio de 1927 em Tiete - SP. Por graças e as benções de Olorum 88 anos de vida com sua família, amigos e nós da ORGANIZAÇÃO NEGRA NACIONAL QUILOMBO O. N. N. Q. FUNDADO 20/11/1970 (E diversas entidades e admiradores parabenizam o aniversario de 88 anos do mestre poeta negro Carlos Assumpção) temos a honra orgulho e satisfação de ligar para a histórica pessoa desejando felicidades, saúde e agradecer a Carlos de Assunpção pela sua obra gigante, em especial o poema escrito em 1955 o Protesto que para muitos é o maior e o mais significante poema dos afros brasileiros o Hino Nacional dos negros. “O Protesto” é o poema mais emblemático dos Afros Brasileiros e uns das América Negra, a escravidão em sua dor e as cicatrizes contemporâneas da inconsciência pragmática da alta sociedade permanente perversa no Poema “O Protesto” foi lançado 1958, na alegria do Brasil campeão de futebol, mas havia impropriedades e povo brasileiro era mal condicionado e hoje na Copa Mundial de Futebol no Brasil 2014 o poema “O Protesto” de Carlos de Assunpção está mais vivo com o povo na revolução para (Queda da Bas. Brasil.tilha) as manifestações reivindicatórias por justiça social econômica do povo brasileiro que desperta na reflexão do vivo protesto.
O mestre Milton Santos dizia os versos do Protesto e o discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington. «I have a Dream» (Eu tenho um sonho) foram os dois maiores clamores pela liberdade, direitos, paz e justiça dos afros americanos. São centenas de jornalistas, críticos e intelectuais do Brasil e de todo mundo que elogia a (O Protesto) (Manifestação que é negra essência poderosa na transformação dos ideais do povo) obra enaltece com eloquência o divisor de águas inquestionável do racismo e cordialidade vigente do Brasil Mas a ditadura e o monopólio da mídia e manipulação das elites que dominam o Brasil censuram o poema Protesto de Carlos de Assunpção que é nosso protesto histórico e renasce e manifesta e congregam os negros e todos os oprimidos, injustiçados desta nação que faz a Copa do Mundo gastando bilhões para uma ilusão de um mês que poderá ser triste ou alegre para o povo brasileiro este mesmo que às vezes não tem ou economiza centavos para as necessidades básicas e até para sua sobrevivência e dos seus. No Brasil
.
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
quilombonnq@bol.com.br
ResponderExcluir.
Poema. Protesto de Carlos de Assunpção
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
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Poema. Protesto de Carlos de Assunpção
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
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O PROTESTO 1955 / 2O15. 60 ANOS do Poeta CARLOS DE ASSUMPÇÃO o mestre que completa 88 anos de muitos parabéns num sábado de muita luz 23 de maio glorioso que realça valoriza nossa luta a historia sempre viva do poeta guerreiro Cassump de Ébano como disse o herói poeta angolano Agostinho Neto.
ResponderExcluirCARLOS DE ASSUMPÇÃO seu nome esta realçado entre os maiores poetas do mundo e assim no Brasil nas principais obras da cultura afro brasileiro"A Mão Afro-Brasileira" Emanoel Araújo. “Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana” Nei Lopes. “Enciclopédia Quem é quem na negritude brasileira” Eduardo de Oliveira.Enciclopédia“África Mãe dos Gênios Negros Afros Brasileiros” Jorge J. Oliveira entre outras obras. Os Dizeres dos grandes mestres sobre Carlos Assumpção diz Abdias do Nascimento é o meu poeta, Solano Trindade Protesto é minha alma, Geraldo Filme me arrepia, Clovis Moura a lira de nossas revoltas, Barbosa sinto cada letra, Prof. Eduardo Oliveira minha inspiração, Luís Carlos da Vilaa alma da Kizomba,Tião Carreiro uma alegria triste, Milton Santos Diz tudo, Grande Otelo é o Poema Hino Nacional da luta da Consciência e Resistencia Negra Afro-brasileira.
CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta da militância negra da historia do Brasil autor do poema o PROTESTO Hino Nacional da luta da Consciência eResistencia Negra Afro-brasileira. O poetaAssumpção é o maior ícone das lideranças e dos movimentos negrose afros brasileiras e uma das maiores referencias do mundo dos ativistas e humanistasem celebração completa 88 anos de vida. CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu 23 de maio de 1927 em Tiete - SP. Por graças e as benções de Olorum 88 anos de vida com sua família, amigos e nós da ORGANIZAÇÃO NEGRA NACIONAL QUILOMBO O. N. N. Q. FUNDADO 20/11/1970 (E diversas entidades e admiradores parabenizam o aniversario de 88 anos do mestre poeta negro Carlos Assumpção) temos a honra orgulho e satisfação de ligar para a histórica pessoa desejando felicidades, saúde e agradecer a Carlos de Assunpção pela sua obra gigante, em especial o poema escrito em 1955 o Protesto que para muitos é o maior e o mais significante poema dos afros brasileiros o Hino Nacional dos negros. “O Protesto” é o poema mais emblemático dos Afros Brasileiros e uns das América Negra, a escravidão em sua dor e as cicatrizes contemporâneas da inconsciência pragmática da alta sociedade permanente perversa no Poema “O Protesto” foi lançado 1958, na alegria do Brasil campeão de futebol, mas havia impropriedades e povo brasileiro era mal condicionado e hoje na Copa Mundial de Futebol no Brasil 2014 o poema “O Protesto” de Carlos de Assunpção está mais vivo com o povo na revolução para (Queda da Bas. Brasil.tilha) as manifestações reivindicatórias por justiça social econômica do povo brasileiro que desperta na reflexão do vivo protesto.
O mestre Milton Santos dizia os versos do Protesto e o discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington. «I have a Dream» (Eu tenho um sonho) foram os dois maiores clamores pela liberdade, direitos, paz e justiça dos afros americanos. São centenas de jornalistas, críticos e intelectuais do Brasil e de todo mundo que elogia a (O Protesto) (Manifestação que é negra essência poderosa na transformação dos ideais do povo) obra enaltece com eloquência o divisor de águas inquestionável do racismo e cordialidade vigente do Brasil Mas a ditadura e o monopólio da mídia e manipulação das elites que dominam o Brasil censuram o poema Protesto de Carlos de Assunpção que é nosso protesto histórico e renasce e manifesta e congregam os negros e todos os oprimidos, injustiçados desta nação que faz a Copa do Mundo gastando bilhões para uma ilusão de um mês que poderá ser triste ou alegre para o povo brasileiro este mesmo que às vezes não tem ou economiza centavos para as necessidades básicas e até para sua sobrevivência e dos seus. No Brasil
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