Pedro Basso, proprietário da Fredericos Refeições, de Araucária: empréstimo de cooperativa possibilitou mudança de casa e ampliação dos negócios
FINANCIAMENTO
Dificuldades de acesso fazem crédito para pequenos empresários encolher participação das PMEs no bolo de recursos disponíveis no mercado caiu nos últimos anos, em parte devido à falta de políticas de incentivo
Dificuldades de acesso fazem crédito para pequenos empresários encolher participação das PMEs no bolo de recursos disponíveis no mercado caiu nos últimos anos, em parte devido à falta de políticas de incentivo
Menos de 1% dos empresários e microempreendedores individuais (MEIs) ouvidos pelo Sebrae-SP afirmaram ter recorrido a empréstimos bancários para abrir seus negócios. A grande maioria – 88% – usou recursos próprios para começar suas empresas. A pesquisa ouviu 2008 pessoas, que formalizaram empreendimentos entre 2007 e 2011, e dá uma amostra da dificuldade do micro, pequeno e médio empresário em conquistar parte do bolo de crédito que bancos e instituições financeiras colocam à disposição.
Planejamento ajuda a prever necessidade de caixa
Nem sempre dinheiro é a solução para uma empresa crescer. Para não precisar correr ao banco, o empresário deve elaborar um planejamento de negócios que vai ajudar a identificar os momentos em que serão necessários mais ou menos recursos e assim buscar os melhores produtos oferecidos pelo sistema financeiro.
Linhas de crédito alternativas ou subsidiadas do governo federal, via agências de fomento, oferecem juros mais amigáveis e têm outra política de avaliação do empresário. Fundos de aval, sociedades garantidoras de crédito e cooperativas são exemplos de instituições financeiras que também têm capital para empréstimo, mas exigem comprometimento do empresário quanto à sua capacitação.
Uma mudança recente na gestão da Fomento Paraná, por exemplo, transformou o perfil dos recursos liberados para o setor privado nos últimos anos. A instituição oferece linhas de crédito ao pequeno empresário, como o Microcrédito, para financiamento de até R$ 15 mil para pessoas jurídicas. A agência tem contratos com limite de até R$ 3 milhões. De acordo com o Sebrae-PR, o tíquete médio de empréstimos do segmento de PME é de R$ 30 mil a R$ 40 mil.
Cartão BNDES
Outra instituição que tem linhas mais baratas para negócios é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O cartão BNDES, inclusive, é considerado pelas consultorias especializadas um dos avanços no mercado de crédito para micro e pequenas empresas. Mas mesmo nessa via de crédito subsidiado, a maior fatia do bolo ainda está nas mãos das grandes, que registraram crescimento de 23% no volume de recursos liberados no primeiro quadrimestre de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado.
Crédito via cooperativa alavancou negócios
Com 25 anos de funcionamento, a Fredericos Refeições ocupa, desde 2010, uma área de 1 mil metros quadrados em Araucária. Atende 70 empresas diferentes, onde entrega 5 mil refeições prontas por dia, contra as 2 mil antes da mudança de casa. Mas o investimento na nova unidade só foi possível depois de um empréstimo no Sicoob de Araucária. “Se tivesse dinheiro, teria feito a ampliação antes”, diz o empresário Pedro Basso.
Ao longo de dez anos, Basso investiu na ampliação do negócio, levantando capital próprio para compra do terreno onde construiria a nova sede. Quando partiu para financiar a obra, tinha 40% dos recursos necessários, e outro status no mercado. “Consultei bancos privados, mas só tinham linhas de crédito mais altas e com maior prazo”, diz.
Levantamento realizado pelo Serasa Experian a partir de balanços dos bancos Itaú Unibanco, Santander, Bradesco e Banco do Brasil mostra que a participação das pequenas e médias empresas (PMEs) no volume de dinheiro emprestado para pessoas jurídicas caiu de 43,4% no primeiro trimestre de 2011 para 38% no mesmo período de 2014. “Historicamente, o pequeno empreendedor tem muita dificuldade em acessar o crédito. Há uma assimetria de informações, entre o que a pequena empresa consegue comunicar ao banco e o que a instituição exige para avaliar a sua capacidade de endividamento”, explica o consultor Flávio Locatelli Junior, do Sebrae-PR.
Além das questões burocráticas – a empresa não tem balanço, mas pode apresentar um relatório comercial –, o pequeno empresário sofre com a falta de garantias para acionar financiamentos convencionais. Em muitos casos, o descompasso dá a tônica do interesse entre bancos e empresários. A empresa precisa sacar mais do que o seu faturamento permite, o que, para o banco, é um sinal de risco. E nem sempre o limite do empréstimo é suficiente para o investimento que se pretende. Sem esse equilíbrio entre receita e capacidade de pagamento, a instituição financeira se retrai e prefere fechar a porta para quem não tem garantias.
Inadimplência
O alto índice de inadimplência também complica a ficha do candidato ao empréstimo. Dados do Banco Central de dezembro de 2013 sobre o não pagamento dos compromissos entre grandes e pequenas mostram que a taxa de calote das primeiras é de 0,32%, contra 3,35% das menores.
O cenário econômico é outro fator que contribui para a restrição do crédito. Volume de negócios reduzido, inadimplência da clientela e falta de capital de giro para dar fluxo no caixa empurram os empresários para a mesa do gerente, mas os bancos privados são os primeiros restringir recursos.
A situação levou o BC a tomar medidas para estimular o setor. Há dez dias, a autoridade monetária nacional mudou as regras do recolhimento do compulsório, para ampliar o montante para empréstimos que as instituições financeiras têm disponível. A expectativa é que a medida libere R$ 30 bilhões no mercado de crédito.
Alternativas caras
Diante de tantas dificuldades, o empresário acaba recorrendo a modalidades de crédito mais caras, como antecipação de recebíveis ou o limite do cheque especial ou do cartão de crédito, quando a falta de dinheiro é mais urgente. “E esse movimento detona o círculo vicioso, de buscar dinheiro caro, mais difícil de pagar, que leva à inadimplência e só aumenta o problema”, explica o consultor Flávio Locatelli Junior, do Sebrae-PR.
Planejamento ajuda a prever necessidade de caixa
Nem sempre dinheiro é a solução para uma empresa crescer. Para não precisar correr ao banco, o empresário deve elaborar um planejamento de negócios que vai ajudar a identificar os momentos em que serão necessários mais ou menos recursos e assim buscar os melhores produtos oferecidos pelo sistema financeiro.
Linhas de crédito alternativas ou subsidiadas do governo federal, via agências de fomento, oferecem juros mais amigáveis e têm outra política de avaliação do empresário. Fundos de aval, sociedades garantidoras de crédito e cooperativas são exemplos de instituições financeiras que também têm capital para empréstimo, mas exigem comprometimento do empresário quanto à sua capacitação.
Uma mudança recente na gestão da Fomento Paraná, por exemplo, transformou o perfil dos recursos liberados para o setor privado nos últimos anos. A instituição oferece linhas de crédito ao pequeno empresário, como o Microcrédito, para financiamento de até R$ 15 mil para pessoas jurídicas. A agência tem contratos com limite de até R$ 3 milhões. De acordo com o Sebrae-PR, o tíquete médio de empréstimos do segmento de PME é de R$ 30 mil a R$ 40 mil.
Cartão BNDES
Outra instituição que tem linhas mais baratas para negócios é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O cartão BNDES, inclusive, é considerado pelas consultorias especializadas um dos avanços no mercado de crédito para micro e pequenas empresas. Mas mesmo nessa via de crédito subsidiado, a maior fatia do bolo ainda está nas mãos das grandes, que registraram crescimento de 23% no volume de recursos liberados no primeiro quadrimestre de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado.
Crédito via cooperativa alavancou negócios
Com 25 anos de funcionamento, a Fredericos Refeições ocupa, desde 2010, uma área de 1 mil metros quadrados em Araucária. Atende 70 empresas diferentes, onde entrega 5 mil refeições prontas por dia, contra as 2 mil antes da mudança de casa. Mas o investimento na nova unidade só foi possível depois de um empréstimo no Sicoob de Araucária. “Se tivesse dinheiro, teria feito a ampliação antes”, diz o empresário Pedro Basso.
Ao longo de dez anos, Basso investiu na ampliação do negócio, levantando capital próprio para compra do terreno onde construiria a nova sede. Quando partiu para financiar a obra, tinha 40% dos recursos necessários, e outro status no mercado. “Consultei bancos privados, mas só tinham linhas de crédito mais altas e com maior prazo”, diz.
Levantamento realizado pelo Serasa Experian a partir de balanços dos bancos Itaú Unibanco, Santander, Bradesco e Banco do Brasil mostra que a participação das pequenas e médias empresas (PMEs) no volume de dinheiro emprestado para pessoas jurídicas caiu de 43,4% no primeiro trimestre de 2011 para 38% no mesmo período de 2014. “Historicamente, o pequeno empreendedor tem muita dificuldade em acessar o crédito. Há uma assimetria de informações, entre o que a pequena empresa consegue comunicar ao banco e o que a instituição exige para avaliar a sua capacidade de endividamento”, explica o consultor Flávio Locatelli Junior, do Sebrae-PR.
Além das questões burocráticas – a empresa não tem balanço, mas pode apresentar um relatório comercial –, o pequeno empresário sofre com a falta de garantias para acionar financiamentos convencionais. Em muitos casos, o descompasso dá a tônica do interesse entre bancos e empresários. A empresa precisa sacar mais do que o seu faturamento permite, o que, para o banco, é um sinal de risco. E nem sempre o limite do empréstimo é suficiente para o investimento que se pretende. Sem esse equilíbrio entre receita e capacidade de pagamento, a instituição financeira se retrai e prefere fechar a porta para quem não tem garantias.
Inadimplência
O alto índice de inadimplência também complica a ficha do candidato ao empréstimo. Dados do Banco Central de dezembro de 2013 sobre o não pagamento dos compromissos entre grandes e pequenas mostram que a taxa de calote das primeiras é de 0,32%, contra 3,35% das menores.
O cenário econômico é outro fator que contribui para a restrição do crédito. Volume de negócios reduzido, inadimplência da clientela e falta de capital de giro para dar fluxo no caixa empurram os empresários para a mesa do gerente, mas os bancos privados são os primeiros restringir recursos.
A situação levou o BC a tomar medidas para estimular o setor. Há dez dias, a autoridade monetária nacional mudou as regras do recolhimento do compulsório, para ampliar o montante para empréstimos que as instituições financeiras têm disponível. A expectativa é que a medida libere R$ 30 bilhões no mercado de crédito.
Alternativas caras
Diante de tantas dificuldades, o empresário acaba recorrendo a modalidades de crédito mais caras, como antecipação de recebíveis ou o limite do cheque especial ou do cartão de crédito, quando a falta de dinheiro é mais urgente. “E esse movimento detona o círculo vicioso, de buscar dinheiro caro, mais difícil de pagar, que leva à inadimplência e só aumenta o problema”, explica o consultor Flávio Locatelli Junior, do Sebrae-PR.
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