Meu trabalho no AfroReggae começou em 1993. Naquele tempo eu era um jovem com sonhos e uma enorme urgência de poder ver cada um deles realizados. Sabia que queria construir um trabalho social de referência, sabia que era possível, que podia e tinha capacidade, mas não sabia como poderia fazer.
Eu era muito jovem, tinha meus sonhos e minhas urgências, mas o que tive naqueles tempos foi a sorte de conseguir gente para me apoiar, me estimular e para dizer "vá em frente", e até mesmo gente para, vez ou outra, eu poder procurar e dizer que estava com meus problemas e não estava conseguindo resolvê-los.
Não me sentia sozinho mergulhado em um mundo complicado de se entender. Tive gente como Waly Salomão e Lorenzo Zanetti, por exemplo, que estavam sempre por perto para darem dicas e se, por acaso, eu fosse muito próximo ao abismo, davam um jeito de estenderem suas mãos.
A galera de hoje não é diferente. O pulso deles é forte como o meu em 1993. Os sonhos existem, a vontade e a urgência de conseguirem construir suas vidas é real, mas eles estão sem uma mão especial para, que na hora que se aproximem do abismo, não caiam.
Eu era muito jovem, tinha meus sonhos e minhas urgências, mas o que tive naqueles tempos foi a sorte de conseguir gente para me apoiar, me estimular e para dizer "vá em frente", e até mesmo gente para, vez ou outra, eu poder procurar e dizer que estava com meus problemas e não estava conseguindo resolvê-los.
Não me sentia sozinho mergulhado em um mundo complicado de se entender. Tive gente como Waly Salomão e Lorenzo Zanetti, por exemplo, que estavam sempre por perto para darem dicas e se, por acaso, eu fosse muito próximo ao abismo, davam um jeito de estenderem suas mãos.
A galera de hoje não é diferente. O pulso deles é forte como o meu em 1993. Os sonhos existem, a vontade e a urgência de conseguirem construir suas vidas é real, mas eles estão sem uma mão especial para, que na hora que se aproximem do abismo, não caiam.
A vontade e a urgência dos jovens de hoje para conseguirem construir suas vidas é real, mas eles estão sem uma mão especial para que na hora que se aproximem do abismo não caiamJosé Junior, coordenador-executivo do AfroReggae, sobre a presença de jovens em contato com crime e violência.
E não dá para ser qualquer mão. Tem que ser uma mão que entenda o movimento e o momento do jovem. É da natureza da idade chegar bem próximo ao abismo. Esse risco cria adrenalina, o mistério cria expectativa, mas o limite do abismo é que começa a ser o problema.
Há muitos jovens caindo no abismo do tráfico, das drogas e do roubo pois, quando se aproximaram do abismo, não tiveram uma mão para segurar firme e evitar a queda.
Tenho a certeza de que hoje a sociedade olha para os jovens, sobretudo negros, pobres e favelados e, de certa forma, lava as mãos e deixa que prossigam em direção às suas quedas, sem uma preocupação real e humana de que podemos e devemos apoiar esses jovens e dar suporte a eles.
Os dados sobre homicídios de jovens no Brasil nos envergonham, mas não constrangem a sociedade a ir para a beira do abismo e erguer um cinturão de proteção.
A grande maioria dos presos brasileiros tem, no máximo, 25 anos e está vivendo sua fase mais criativa encarcerada em cadeias que são um verdadeiro filme de terror.
Tenho a certeza de que hoje a sociedade olha para os jovens, sobretudo negros, pobres e favelados e, de certa forma, lava as mãos e deixa que prossigam em direção às suas quedasJosé Junior, coordenador-executivo do Afroreggae, sobre jovens moradores das periferias
As crianças, adolescentes e jovens estão largando a escola e todo mundo está cuidando de suas vidas, sem perceber que cada dia mais o número de jovens que chegam perto do abismo é maior.
O Brasil precisa ter um compromisso social com seus jovens. Os brasileiros precisam garantir proteção ao jovem, sem querer cortar sonhos e aventuras, e ter a generosidade de estar por perto quando um deles for em direção ao abismo, não para criticar ou para punir, mas para conversar sobre outro caminho possível.
O dia a dia do AfroReggae e o meu circulam em abismos perigosos, em situações difíceis, em histórias pesadas, mas nós vamos lá, pois o que bate na nossa alma é uma enorme vontade de salvar gente que desde que nasceu não conheceu oportunidades, chances ou teve a possibilidade de achar que podia sonhar com um mundo diferente.
Trabalhar no AfroReggae é, sem dúvida nenhuma, estar próximo dos abismos e não ter qualquer restrição de estender a mão e dizer para o jovem que ele pode ter outra história, e que nós queremos e vamos estar ao lado dele para reescrever esta história.
Nestes 21 anos de trabalho, já estive em abismos difíceis. Já salvei muitos da morte, do crime e da violência, mas isso só foi possível pois também fui salvo de quedas lá no passado.
Estou convidando vocês a virem para o AfroReggae, os abismos não param de crescer e está faltando gente para ajudar. E é muito triste perder jovens que caem por falta de apoio, ajuda e compreensão.
Este convite é para já. Pense e aceite. Sua vida vai ser bem diferente quando você descobrir que também pode ser uma mão nos abismos que não param de sugar brasileiros.
Há muitos jovens caindo no abismo do tráfico, das drogas e do roubo pois, quando se aproximaram do abismo, não tiveram uma mão para segurar firme e evitar a queda.
Tenho a certeza de que hoje a sociedade olha para os jovens, sobretudo negros, pobres e favelados e, de certa forma, lava as mãos e deixa que prossigam em direção às suas quedas, sem uma preocupação real e humana de que podemos e devemos apoiar esses jovens e dar suporte a eles.
Os dados sobre homicídios de jovens no Brasil nos envergonham, mas não constrangem a sociedade a ir para a beira do abismo e erguer um cinturão de proteção.
A grande maioria dos presos brasileiros tem, no máximo, 25 anos e está vivendo sua fase mais criativa encarcerada em cadeias que são um verdadeiro filme de terror.
Tenho a certeza de que hoje a sociedade olha para os jovens, sobretudo negros, pobres e favelados e, de certa forma, lava as mãos e deixa que prossigam em direção às suas quedasJosé Junior, coordenador-executivo do Afroreggae, sobre jovens moradores das periferias
As crianças, adolescentes e jovens estão largando a escola e todo mundo está cuidando de suas vidas, sem perceber que cada dia mais o número de jovens que chegam perto do abismo é maior.
O Brasil precisa ter um compromisso social com seus jovens. Os brasileiros precisam garantir proteção ao jovem, sem querer cortar sonhos e aventuras, e ter a generosidade de estar por perto quando um deles for em direção ao abismo, não para criticar ou para punir, mas para conversar sobre outro caminho possível.
O dia a dia do AfroReggae e o meu circulam em abismos perigosos, em situações difíceis, em histórias pesadas, mas nós vamos lá, pois o que bate na nossa alma é uma enorme vontade de salvar gente que desde que nasceu não conheceu oportunidades, chances ou teve a possibilidade de achar que podia sonhar com um mundo diferente.
Trabalhar no AfroReggae é, sem dúvida nenhuma, estar próximo dos abismos e não ter qualquer restrição de estender a mão e dizer para o jovem que ele pode ter outra história, e que nós queremos e vamos estar ao lado dele para reescrever esta história.
Nestes 21 anos de trabalho, já estive em abismos difíceis. Já salvei muitos da morte, do crime e da violência, mas isso só foi possível pois também fui salvo de quedas lá no passado.
Estou convidando vocês a virem para o AfroReggae, os abismos não param de crescer e está faltando gente para ajudar. E é muito triste perder jovens que caem por falta de apoio, ajuda e compreensão.
Este convite é para já. Pense e aceite. Sua vida vai ser bem diferente quando você descobrir que também pode ser uma mão nos abismos que não param de sugar brasileiros.
publicado: uol.com.br
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