"Sem cotas para os animais africanos". Esta frase está estampada, há pouco mais de uma semana, no subsolo da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara, pelos alunos de intercâmbio.
Curta, mas carregada de preconceito, foi como o estudantes definiram a oração sem assinatura. A inscrição tem gerado revolta entre os alunos da universidade.
De acordo com declarações à imprensa os estudantes da Unesp, ela foi direcionada aos alunos africanos oriundos do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece oportunidade de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.
Em entrevista à imprensa, Sumbunhe N'Fanda, graduando de administração pública, disse que a mensagem o deixa apreensivo. "Temos medo de nos atacarem", disse o aluno de Guiné-Bissau. Ele e outros 25 africanos fazem intercâmbio na Unesp.
Para Daniel Júlio Lopes Soares Cassamá, que veio da Guiné-Bissau para cursar Sociologia, a ação o deixa surpreso. "Vi pessoas comentando nas redes sociais e fui lá conferir. É algo difícil de digerir, principalmente em um país que se diz irmão."
Cassamá chamou alguns professores da Unesp e, com eles, fez uma denúncia formal na Polícia Militar. O caso foi registrado no 2º Distrito Policial de Araraquara e, desde então, vem sendo investigado pela Polícia Civil.
Alguns estudantes revoltados passaram, então, a responder à frase e deram início a troca de ofensas na parede. Lá, agora, é possível ver escritas as frases e expressões "África Resiste", "Não confunda seres covardes com seres humanos" e "Intolerância com fascistas".
Em nota, a Unesp afirmou que nomeou uma comissão para apurar os fatos, que também seriam notificados à Polícia Federal e ao Ministério Público. A polícia irá realizar exame da pichação para tentar identificar a autoria.
Em nota, o primeiro-secretário da Embaixada de Guiné-Bissau no Brasil, Jorge Luís Mendes, a pichação é um fato "isolado". "Essas pessoas agem de forma isolada, eles se escondem para colar uma frase."
O diplomata acrescenta que é preciso localizar o autor dar a punição adequada. "Que as instâncias responsáveis façam seu trabalho para combater esse tipo de ato, ainda que seja um ato isolado", disse.
Parceria
Dentre os seis países africanos que possuem estudantes de intercâmbio na universidade de Araraquara, Guiné-Bissau é o que possui o maior número, 12 dos 26 alunos do continente.
Com agências
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