quarta-feira, 28 de agosto de 2013

SBT mostra esquema de médicos fantasmas na rede pública



As reportagens exibidas nesta semana pelo SBT Brasil que mostra médicos saindo do Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama (RJ), logo após baterem o ponto, provocou a exoneração do secretário de Saúde do município, José Gomes de Carvalho, nesta quarta-feira (28). Carvalho também fazia parte do esquema de "médicos fantasmas" e chegou a parar com o carro na calçada para assinar o ponto e ir embora.

Um médico que já trabalha no hospital há oito anos e não quis se identificar afirmou durante entrevista à emissora que o diretor do hospital também está envolvido no esquema. "Há médicos que recebem e repassam uma parte para o diretor, há médicos que recebem porque são apadrinhados políticos", afirmou.

Procurado pela reportagem do noticiário, o diretor do hospital, Carlos Alberto Peixoto Figueiredo Júnior, não quis comentar o assunto. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, ele tem cinco empregos, além do cargo de diretor, e trabalha 90 horas por semana.

A médica Valéria Cristina Ferreira também aparece na reportagem pensando em como sair do hospital e escapar do repórter após bater o ponto. "Eles estão nos dois portões. Sabem quem está vindo só para marcar o dedo. Ela tem dois empregos na unidade e é coordenadora da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Araruama. De acordo com o SBT Brasil, ela foi afastada do cargo.

Outros "médicos fantasmas" citaram que algumas especialidades tinham esquema de sobreaviso e
confirmaram que o diretor sabia de tudo. Um deles foi Benevuto de Mesquita Soares, que apareceu na primeira reportagem exibida pelo canal. "Foi a forma que eu fui contratado. Seria estranho ficar aqui três neurocirurgiões, tres cirugiões e três anestesitas esperando os pacientes chegarem", declarou.

A Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, após a exibição da primeira parte da reportagem, na segunda-feira (26), já havia afirmado que foi aberta uma sindicância por parte da Subsecretaria e Corregedoria da Saúde para investigar o caso.

De acordo com a secretaria, os nomes dos médicos envolvidos na fraude serão enviados ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) para que a entidade investigue a conduta médica desses profissionais.

Caso seja comprovada a fraude, os médicos poderão ser demitidos e a Secretaria solicitará que a Procuradoria Geral do Estado entre com medidas judiciais cabíveis para que haja o ressarcimento desse dinheiro pago aos profissionais que não trabalharam.

De acordo com a reportagem do SBT, o hospital é utilizado por moradores de 11 cidades da Região dos Lagos, que têm juntas 770 mil habitantes.

Em junho, o SBT Brasil denunciou que médicos da maternidade pública Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, agiam da mesma forma.

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