Por Pedro Willmersdorf
Tradicionalmente uma bandeira levantada pela emissora, o 'padrão Globo de qualidade' tem sido posto em xeque de forma abrupta nos últimos anos, com a voz cada vez mais presente e relevante da chamada 'nova classe média', em miúdos, a grande fatia da classe C que vem melhorando seu poder aquisitivo e sua qualidade de vida.
Com esta mudança de painel social-econômico, a Globo vem se enxergando em um processo complexo e necessário: a saída de um pedestal antes elitista e blasé rumo a um nível mais palpável, do universo de emissor legitimado ao papo-reto, à conversa na base do 'gente como a gente'.
Pois, quando o assunto é a ficção, a emissora vem se saindo bem, sendo como maiores exemplos as tramas de 'Cheias de Charme' e 'Avenida Brasil', sucessos de crítica e público, com suas trilhas sonoras radicalmente populares e seus diálogos rasgado entre dramaturgia e telespectador. Sem concessões, falando a língua da dona-de-casa e da empresária. Mas, quando saímos do faz-de-conta e chegamos ao factual, surgem ruídos na conversa.
Engessado pelo roteiro enxuto, típico do entretenimento da Globo, 'Encontro' não empolgou em sua estreia
Como, por exemplo, ocorreu no primeiro 'Encontro' entre Fátima Bernardes e seu público, na manhã de hoje (25). Confusa, a estreia da atração contou com uma tripla frente de pautas que não permitiram sequer tentarmos adivinhar qual será a 'cara' do programa. 'Adoção', para emocionar, 'a primeira e inesquecível viagem de avião', para dialogar com a nova classe média, e...depilação, para descontrair. Com direito a um deslocado Marcos Losekann, correspondente direto de Londres, visivelmente sem função durante o programa.
O roteiro, engessado (como de praxe em programas de entretenimento da Globo), vai diretamente contra a presença de qualquer faísca de humor. Mas Marcos Veras e Victor Sarro estavam lá, sendo inseridos a cada pauta de forma constrangedora e planejada. Faltando, do início ao fim do programa, o que mais seria essencial para 'Encontro' conquistar de primeira seu telespectador: espontaneidade.
Nem mesmo a plateia de cerca de 60 pessoas, inseridas em um cenário de gosto duvidoso, esboçou qualquer espasmo de voluntariedade, participando muito pouco de um programa que, a princípio, promete proporcionar justamente um 'encontro'.
Para não dizer que a estreia do novo projeto de Fátima Bernardes foi de uma sonolência completa, é sempre importante ressaltar o carisma e o bom desempenho da experiente jornalista no vídeo. Mas, infelizmente, será preciso mais do que a força de Fátima para que os próximos 'encontros' não se tornem sessões arrastadas (e impessoais) de terapia em grupo, como se mostrou o début da atração.
publicado: Jornal do Brasil
Como, por exemplo, ocorreu no primeiro 'Encontro' entre Fátima Bernardes e seu público, na manhã de hoje (25). Confusa, a estreia da atração contou com uma tripla frente de pautas que não permitiram sequer tentarmos adivinhar qual será a 'cara' do programa. 'Adoção', para emocionar, 'a primeira e inesquecível viagem de avião', para dialogar com a nova classe média, e...depilação, para descontrair. Com direito a um deslocado Marcos Losekann, correspondente direto de Londres, visivelmente sem função durante o programa.
O roteiro, engessado (como de praxe em programas de entretenimento da Globo), vai diretamente contra a presença de qualquer faísca de humor. Mas Marcos Veras e Victor Sarro estavam lá, sendo inseridos a cada pauta de forma constrangedora e planejada. Faltando, do início ao fim do programa, o que mais seria essencial para 'Encontro' conquistar de primeira seu telespectador: espontaneidade.
Nem mesmo a plateia de cerca de 60 pessoas, inseridas em um cenário de gosto duvidoso, esboçou qualquer espasmo de voluntariedade, participando muito pouco de um programa que, a princípio, promete proporcionar justamente um 'encontro'.
Para não dizer que a estreia do novo projeto de Fátima Bernardes foi de uma sonolência completa, é sempre importante ressaltar o carisma e o bom desempenho da experiente jornalista no vídeo. Mas, infelizmente, será preciso mais do que a força de Fátima para que os próximos 'encontros' não se tornem sessões arrastadas (e impessoais) de terapia em grupo, como se mostrou o début da atração.
publicado: Jornal do Brasil
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