Alvo da manifestação racista de torcedores peruanos durante o jogo do Cruzeiro com o Real Garcilaso, em Huancayo, na quarta-feira, o volante Tinga revelou que seu filho "chorou muito" ao assistir à partida pela televisão e que não quis ir à escola nesta quinta-feira.
"Minha mulher não quis falar ontem e só falou hoje, o meu filho vendo o jogo, quando acabou, ele começou a chorar muito e hoje já não quis ir na escola. Então, eu estou preparado, porque minha vida foi de provações desde o início, mas minha família não está preparada", afirmou Tinga, em entrevista à Rádio CBN.
O volante celeste, que reagiu com serenidade à imitação de sons de macaco feita por torcedores do Real Garcilaso quando tocava na bola, revelou que o pior momento foi quando descobriu que a situação havia afetado sua família, especialmente seu filho. Segundo ele, após a partida estava "muito tranquilo" e quando chegou ao hotel ligou imediatamente para a esposa.
Indagado pelo repórter sobre o que imagina que acontecerá de agora em diante em função da grande repercussão que o caso teve, Tinga disse acreditar que é o momento de aproveitar todas as manifestações e tentar evitar a repetição de fatos tão lamentáveis.
"A vida vai continuar. Já aconteceu isso outras vezes, talvez não tenha tido a mesma repercussão. Acho que talvez chegou o momento de aproveitar que todos se manifestaram, de todas as classes, de todas as áreas, e tentar fazer uma melhoria nem que seja... como eu digo, cada um dentro de sua casa, dentro do seu convívio, a gente já tenha um ganho", observou..
Tinga manifesta confiança que o seu caso possa evitar que outras pessoas vivam situações semelhantes. "Que isso não venha a acontecer em outros jogos, em outras situações, principalmente essa diferença não só racial, mas social que é tão grande, que eu acredito é até maior", destacou.
"E não esperar ninguém. É cada um mudar dentro da sua casa, do seu convívio, dentro da educação de quem tem filho, irmão, parente. Se a gente começar a se educar em casa, consequentemente a gente vai estar educado fora", complementou.
Depois de entrar no lugar de Dagoberto no decorrer da segunda etapa, aos 19 min, no jogo com o Real Garcilaso, o volante Tinga foi constantemente vaiado pelos torcedores locais, que emitiram sons imitando macaco a cada vez que o jogador encostava na bola. Essa manifestação racista foi se agravando e aumentando o tom com o decorrer da partida.
publicado:uol.esporte.com.br
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