domingo, 23 de junho de 2013

Outubro de 1966: Partido dos Panteras Negras -Plataforma e Programa

•O que queremos • O que acreditamos
1. Queremos liberdade. Queremos poder para determinar o destino de nossa comunidade negra. Acreditamos que o povo negro não será livre até sermos capazes de determinar nosso destino.

2. Queremos pleno emprego para nosso povo.

Acreditamos que o governo federal é responsável e obrigado a dar a cada homem emprego ou uma renda garantida. Acreditamos que se os homens de negócios brancos da América não nos derem pleno emprego, então os meios de produção devem se tomados dos capitalistas e entregues à comunidade para que as pessoas da comunidade possam organizar e empregar toda a sua gente e lhes dar um alto padrão de vida.

3. Queremos um fim ao roubo, pelo homem branco, de nossa comunidade negra.

Acreditamos que este governo racista tem nos roubado e agora estamos exigindo o débito vencido de 40 acres e duas mulas. Quarenta acres e duas mulas foram prometidas 100 anos atrás como restituição pelo trabalho escravo e assassinato em massa do povo negro. Aceitaremos o pagamento reajustado que será distribuído em nossas muitas comunidades. Os alemães assassinaram seis milhões de judeus. O racista americano tomou parte na carnificina de mais de 50 milhões de negros; portanto, sentimos que esta é uma pequena demanda que fazemos.

4. Queremos habitação decente, abrigos adequados para seres humanos.

Acreditamos que se os proprietários brancos não derem habitações decentes à nossa comunidade negra, então a habitação e a terra devem ser transformados em cooperativas para que nossa comunidade, com ajuda governamental, possa construir casas decentes para seu povo.

5. Queremos educação para nosso povo, que exponha a verdadeira natureza desta sociedade americana decadente. Queremos uma educação que nos ensine nossa verdadeira história e nosso papel na sociedade atual.

Acreditamos num sistema educacional que dará ao nosso povo o conhecimento de si. Se um homem não tem conhecimento de si mesmo e sua posição na sociedade e no mundo, então ele tem pouca chance de se relacionar com qualquer outra coisa.

6. Queremos que todos os homens negros sejam isentos do serviço militar.

Acreditamos que o povo negro não deve ser forçado a lutar no serviço militar para defender um governo racista que não nos protege. Não lutaremos e mataremos outros povos de cor no mundo que, como o povo negro, estão sendo vitimizados pelo governo branco racista da América. Nos protegeremos da força e da violência da policia racista e dos militares racistas, por quaisquer meios necessários.

7. Queremos um fim imediato à brutalidade pessoal e ao assassinato do povo negro.

Acreditamos que podemos encerrar a brutalidade policial em nossa comunidade negra organizando grupos negros de autodefesa, dedicados a defender nossa comunidade da opressão e brutalidade policial. A segunda emenda à constituição dos Estados Unidos dá o direito de portar armas. Portanto, acreditamos que todas as pessoas negras devam se armar para a autodefesa.

8. Queremos liberdade a todos os negros mantidos em prisões e cadeias municipais, estaduais e federais.

Acreditamos que todas as pessoas negras devem ser soltas das muitas cadeias e prisões, porque eles não receberam um julgamento justo e imparcial.

9. Queremos que todos os negros processados sejam julgados num tribunal por um júri de seu próprio grupo ou pessoas de suas comunidades negras, como definido pela constituição dos Estados Unidos.

Acreditamos que os tribunais devem seguir a constituição dos Estados Unidos, para que o povo negro receba julgamentos justos. A 14ª emenda à constituição dos EUA dá a um homem o direito de ser julgado por seus próprios pares. Um par é uma pessoa de origens econômicas, sociais, religiosas, geográficas, históricas e raciais similares. Para isso a corte será forçado a selecionar um júri da comunidade negra da qual o réu negro se origine. Temos sido e somos julgados por júris completamente brancos, que não tem nenhum entendimento do “homem racional médio” da comunidade negra.

Queremos terra, pão, habitação, educação, vestuário, justiça e paz. E como nosso maior objetivo político, um plebiscito supervisionado pelas Nações Unidas a ser realizado por toda a colônia negra na qual apenas os colonos negros terão permissão de participar, com o propósito de determinar a vontade do povo negro, assim como seu destino nacional.

Quando, no curso dos eventos humanos, se torna para um povo dissolver os laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da terra, a posição separada e igual para a qual as leis da natureza e a natureza de Deus concedem, um respeito decente às opiniões da humanidade exige que ele deva declarar as causas que o impele à separação.

Sustentamos estas verdades como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais; que eles são dotados por seu Criador com certos direitos inalienáveis; entre eles a vida, liberdade e a busca de felicidade. Que, para assegurar estes direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, se algum tipo de governo se torna destrutivo a estes fins, é direito do povo alterar tais princípios, e organizar seus poderes da forma como lhe pareça mais apropriado para garantir a segurança e felicidade. De fato, a prudência irá ditar que governos há muito estabelecidos não devam ser mudados à luz de causas transitórias; e, realmente, toda a experiência mostra que a humanidade está mais disposta a sofrer, enquanto os males são sofríveis, do que abolir as formas as quais elas estão acostumadas. Mas, quando uma longa cadeia de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objetivo, evidencia um desígnio de reduzi-las ao despotismo absoluto, é seu direito, é seu dever, derrubar tal governo, e providenciar novos guardas para sua segurança futura.

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