quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A mulher negra


Nascida num cortiço em Salvador, a desembargadora se deu conta da exclusão aos 14 anos, quando ninguém quis ser seu par na quadrilha da igreja. Neuza não se abateu: "Pedi licença e, antes da dança, encenei um conto que tinha decorado. Foi um sucesso, só falavam disso na festa", diz. O balanço que faz é de que o enfrentamento ao racismo valeu a pena. Sua ascensão se deu por concursos - em dois deles, ficou em primeiro lugar. O serviço público, aliás, é a entrada mais democrática (e penosa) no mercado.
Cinco concursos proporcionaram a escalada da policial federal Sueli Miranda, 42 anos, que nunca se conformou com uma vida à margem. Baiana, mudou-se para Brasília, formou-se em contabilidade e direito. Mora com o marido no Park Way, um condomínio de classe alta. "Somos os únicos negros do local. O preconceito ali é velado, mas existe?, conta. Em outros casos, é explícito. Um dia, Sueli parou o carro próximo ao de uma mulher que, irritada, gritou: ?Não sa be dirigir, não, pretinha?? A policial devolveu: ?Cuidado com o que fala, a pretinha aqui pode te dar voz de prisão?.

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