quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Boicote ao Carrefur - 20 de Novembro


Por: *Gerson Pedro - 4/9/2009
Os acontecimentos dos últimos dias tem feito com que os brasileiros passem a refletir um pouco mais sobre as questões que envolvem a população negra. O caso do trabalhador Januário que foi violentamente espancado e humilhado pela Polícia Militar paulista que ao invés de protegê-lo da sanha animalesca dos seguranças do Carrefour, o colocaram sob suspeitas pelo fato dele ser negro e estar de posse de um veículo diferenciado, que sequer chega a ser de luxo e custar tão caro.
Na verdade, o incidente expôs de forma acintosa a fratura do tratamento que a maioria dos cidadãos e cidadãs afro-descendentes recebem por parte da sociedade e também das autoridades que fingem que nesse Brasil varonil, salve salve-se quem puder não existe racismo, preconceito e outras formas correlatas de tratamento violento, humilhante e até mesmo exterminador contra nós negros.
Em nosso país, pratica-se o racismo e o preconceito da forma mais cruel e refinada, pois diferentemente de outras nações, a coisa aqui é disfarçada, escamoteada e como dizia Florestan Fernandes, “o brasileiro tem preconceito até de dizer que é preconceituoso”.
Vivemos em um país onde a grande maioria insiste em dizer que somos todos iguais, mas nos negam trabalho, moradia adequada, tratamentos de saúde específicos, nos negam acesso às escolas, os jovens negros são vítimas de um verdadeiro genocídio, os quilombolas estão sendo expulsos das suas terras, isso apenas para demonstrar um pouco da tão propalada igualdade racial.
Voltando ao caso do Januário, fica a pergunta, quantos outros “Januários” serão necessários para que a nossa gente possa entender que o processo de discriminação em todos os sentidos está ficando cada vez mais exacerbado e que precisamos estar unidos, tentando falar uma língua que todos entendam, caso contrário teremos que amargar mais e mais.
Tenho plena consciência de que no dia a dia negros são vítimas de toda sorte de violências por causa da cor da pele, porém na maioria dos casos não existe uma repercussão através dos meios de comunicação, a não ser naqueles especializados e dirigidos por negros que já não suportam mais que fatos como esses continuem.
O caso Carrefour é emblemático, mas não é o único, porém devemos tomá-lo como exemplo e como o marco de início de uma grande luta por igualdades de fato e por esta razão, todos os brasileiros conscientes, principalmente o povo negro deve aderir a um grande boicote que terá como marco inicial o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, não comprando nada, absolutamente nada nas lojas do Carrefour, extensivo àquelas lojas ou empresas que não contratam negros.
Dessa forma, quero crer que efetivamente estaremos marcando presença e demonstrando que somos conscientes de que a situação tem que mudar e que o Brasil terá que entender de forma definitiva que uma sociedade é plena no momento em que passa a lidar de forma equânime com a diversidade.
Os artigos postados são uma colaboração voluntária e as opiniões neles expressas são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.
 Gerson Pedro
É Jornalista Profissional, Pedagogo, é graduando em Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto, diretor da ANID-Ação Negra de Integração e Desenvolvimento e Assessor de Combate ao Racismo da Prefeitura de Barueri - SP

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