Um
ano após o lançamento de seu primeiro disco, rapper curitibana ganha a
Europa e bota os franceses para dançar ao som de seu groove universal
Publicado em 26/03/2014 | Cristiano Castilho - Gazeta do Povo
Vocês vão ter que a engolir. Se em tempos outros era o rock
curitibano que derrubava a barreira do invisível e almejava algum
alcance nacional – Blindagem, Beijo AA Força, Maxixe Machine,
Relespública, Poléxia –, e no início da década passada a fuleiragem
funkeada do Bonde do Rolê conquistou até a revista Rolling Stone –
“escutem essa banda!”, ordenaram –, hoje é uma rapper do Boqueirão que
carrega a música da cidade nas costas e na mochila, e de certa forma
manda um recado para aqueles que ainda esperam algum grupo local “fazer
sucesso de verdade” para que lhe seja dada a devida atenção.
Show explosivo: reconhecimento começou no Prêmio Multishow de 2013, quando Karol Conka ganhou na categoria “Revelação”
Diário de bordo
Karol Conka aprontou das suas em Paris e irá participar de um prestigiado projeto musical em Londres. Confira:“Brresiil!”
Na última sexta-feira, gritos de “Karroool” e “Brrresiil” ecoaram em uma das salas do 104, espaço cultural de Paris. Karol colocou os cerca de 200 parisienses presentes para dançar ao som de “Corre, Corre, Erê”, a primeira faixa do setlist.
Agenda
Houve participações em emissoras da rede Radio France, além de entrevistas e sessões de fotos em veículos do país – momentos depois de sua apresentação na France Inter, o disco da brasileira passou a figurar no ranking dos mais vendidos na seção hip-hop do iTunes francês.
Rémy Kopoul
No estúdio móvel da Radio Nova, Karol conversou com Rémy Kolpa Kopoul, um dos nomes mais importantes da indústria musical na França, responsável por turnês de Caetano Veloso e Gilberto Gil na Europa durante os anos 1980
“I Feel Good”
O clube Le Plan, em Ris-Orangis, a 20 minutos de Paris, foi palco para artistas como James Brown, Barrington Levy, Charles Bradley, Lee “Scratch” Perry, entre outros. Foi lá que Karol fechou a segunda noite do festival Les Femmes.
Vale nota
Em Londres, na próxima semana, a curitibana irá gravar no Brownswood Basement, renomado projeto do produtor Gilles Peterson, um dos nomes por trás do surgimento do Jamiroquai.
O fato é que Karol Conka está com tudo. Um ano após o
lançamento de Batuk Freak, álbum que colocou a vida de Karoline dos
Santos Oliveira de cabeça para baixo, a descolada rapper de cabelo
mutante vive um “boom” internacional que desafia explicações.
Começou com a inclusão da música “Boa Noite” no game Fifa 2014,
passou por sua participação na propaganda da Adidas, chegou até o
Japão, onde, após convite do DJ Zegon, tocou ao lado da dupla N.A.S.A.,
e agora o furacão Karol está na Europa – o selo inglês Mr. Bongo
Records lançou o disco internacionalmente, e a rapper tem quatro shows
na França e um na Inglaterra programados até o fim do mês.
“Já me disseram por aqui que não fazem a menor ideia do que eu
canto, mas que adoram a minha interpretação, espontaneidade e atitude”,
diz Karol, por e-mail, de Paris. Sua extroversão nada curitibana, seu
visual caleidoscópico e, claro, a sonoridade algo universal de Batuk
Freak, abriram portas para sempre. “Talvez o disco tenha saído no
momento certo, em que as pessoas estavam buscando algo contemporâneo e
diferente do que está saindo pelo mundo. Tanto é que o disco foi bem
aceito tanto como hip-hop quanto como world music”, diz a M.I.A. dos
pinheirais.
Na turnê europeia, a rapper está sendo acompanhada pelo DJ francês
Tom B. “Sabe tudo de música brasileira. Já desfilou no carnaval carioca
duas vezes e conhece um monte de músicos aqui na Europa”, diz a
curitibana, que também aproveita para fazer seus contatos. “Conheci a
cantora africana Angélique Kidjo e a búlgara Dena.”
A música de Karol Conka encontrou um facilitador na França, país em
que a cultura do rap tem grande força. Ela conta que os franceses – e
imigrantes africanos, propulsores da cena local – “já estão abertos” a
esse tipo de música. “Tenho o privilégio de poder circular
confortavelmente entre o rap, o pop e a world music aqui na Europa,
assim como tem rolado no Brasil”, diz.
Apesar do assédio da imprensa local –“na primeira semana, fiz várias
entrevistas por dia!” –, Karol se diverte. Conta que oui, está se
virando em francês. E que, no tempo que sobra, passeia por Paris. O
mais difícil mesmo é acompanhar a repercussão de seu trabalho. No
fechamento desta reportagem, uma informação de última hora: o disco
Batuk Freak é o mais “baixado” e o segundo mais ouvido no conceituado
site francês Qobuz. Quem segura Karol?
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