segunda-feira, 15 de julho de 2013

Unegro: 25 anos de luta, rebele-se contra o racismo!

A União de Negros pela Igualdade (Unegro) completou no domingo (14), 25 anos de luta contra o racismo. "Temos muito a comemorar porque somos artífices das vitórias do movimento negro brasileiro e porque obra que não presta tem grande possibilidade de não sobreviver 25 anos, ou seja, a matéria prima que gerou a UNEGRO é de boa qualidade", comemora nas redes sociais da internet Edson França, presidente da entidade, que parabeniza todo movimento negro.
De acordo com Edson, a matéria prima é formada por "compreensões de como se estrutura a dominação". Além disso, Edson lembra que a busca é pela consciência de que a "luta de classe e a luta contra a dominação de gênero compõe o triple da luta emancipatória da população negra e do povo brasileiro."

Rebele-se contra o racismo! Unegro, 25 anos de luta

A UNEGRO foi criada em 1988, na esteira de um intenso processo de luta por uma Constituição mais democrática e capaz de assegurar os direitos de todo o povo. A Carta Constitucional, que resultou de um amplo processo de mobilização dos movimentos sociais, proclamou a igualdade formal de direitos e, finalmente, tirou o racismo da condição de contravenção penal e o qualificou de crime inafiançavel e imprescritível. Também 1988 foi o ano do centenário da abolição da escravatura, e o exercício da crítica foi a marca da militância fundadora da entidade, que, junto às demais entidades negras de todo o país, punha abaixo a falsa ideia de democracia racial brasileira, além de denunciar o abismo que separava, e ainda persiste, negros e brancos na estrutura econômica e social.A trajetória da UNEGRO, portanto, tem raízes em um profundo desejo de justiça social que nos levou às ruas construindo e participando das grandes manifestações convocadas por todo o movimento negro e pelos diferentes movimentos sociais, no âmbito local e nacional, sempre empunhando a bandeira da igualdade e da superação do racismo.

Nesses 25 anos participamos das mais importantes agendas de combate ao racismo no país, destacadamente os encontros, conferências e seminários regionais e nacionais de negros e negras, das grandes marchas em mémória a imortalidade de Zumbi e em defesa da vida para Brasília, em 1995 e em 2005, da criação do Fórum Nacional de Mulheres Negras, da fundação e sustentação durante muitos anos da CONEN- Coordenação Nacional de Entidades Negras. Fomos a Durban, África do Sul, na III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância. Lá fizemos valer a nossa voz no plenário aberto das Nações Unidas, denunciando o racismo à moda brasileira e apresentando alternativas para sua superação. Somos a UNEGRO da Luta contra a Intolerância Religiosa, que realizou a Jornada do Barro, Jornada das Folhas, Jornada do Azeite e o Seminário Exu em debate, dando uma grande contribuição à luta ideológica pela superação da ignorância e a valorização do Candomblé em suas diferentes nações.

A UNEGRO, ao lado de outras organizações, nos últimos dez anos compôs os esforços de elaboração das políticas de igualdade em fase de implantação por iniciativas nos âmbitos dos governos federal, estaduais e municipais; lutou pela aprovação da Lei 10.639/06, Lei das Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial transformando as demandas sociais da população negra em política de Estado.Somos também a UNEGRO da luta conjunta dos movimentos sociais, participamos das mobilizações sociais, das lutas das mulheres, dos trabalhadores, das juventudes. Defendemos a cultura popular de matriz africana, o samba, frevo, maracatus, batuques e outras tradições que enriquecem a cultura nacional.Para a UNEGRO, o movimento negro brasileiro nesse quarto de século logrou importantes conquistas, o apoio de 64% da população as cotas para negros e pobres nas universidades e o resultado do julgamento das cotas no STF, conquistando o veredicto de aprovação unanime do Sistema de Cotas, são indicadores do êxito da luta política do movimento negro brasileiro.No entanto, ainda há muito para avançar, em decorrencia dos agravos do racismo, a população negra acumula desvantagens econômicas, políticas e sociais, por isso, nosso principal desafio será tirar do papel as conquistas estabelecidas em lei e as pactuadas nos processos de diálogo entre poder público e sociedade civil; para isso será necessário uma grande união do movimento negro em torno da luta pela maior presença de negros nos espaços de poder.
Fonte: Unegro

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