quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mulheres negras têm piores condições de acesso à saúde

Um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que as mulheres negras no Brasil têm as piores condições de acesso à saúde e chegam a ter uma taxa de mortalidade materna 66% maior do que a das mulheres brancas. Os negros também são mais afetados por doenças como a hanseníanse e tuberculose. O levantamento, realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e divulgado ontem, compilou uma série de indicadores já produzidos pelo governo brasileiro. A diferença é que os pesquisadores focaram no recorte racial. 

O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009 – 2010 mostra que entre mulheres brancas a taxa de mortalidade materna é de 40,5. Já entre negras ela sobe para 67. As mães afro-descendentes têm menos acesso ao pré-natal, sendo que apenas 42,5% realizam ais de sete consultas durante a gestação – porcentual que chega a 70% entre as brancas.
A prevenção também tem acesso diferenciado. As mulheres negras fazem menos exames preventivos de câncer de mama e colo do útero e vão menos ao dentista. A hanseníase, ainda, afeta duas vezes mais a população que se define como preta ou parda. A violência – uma das principais causas de mortalidade no Brasil – também vitimiza mais a população negra. Entre 2006 e 2007, 63% das pessoas assassinadas eram pretas ou pardas.
Quando há uma análise sobre as condições socioeconômicas, os afro-descendentes também têm os piores indicadores. A renda média é a metade e a taxa de analfabetismo 13 pontos porcentuais maior. A expectativa de vida entre brancos é 5 anos maior.
Entre os avanços apontados há a quase universalização do ensino fundamental para crianças negras e pardas e o crescente reconhecimento de comunidades quilombolas. Hoje pretos e pardos representam 50,3% da população brasileira e os brancos, 48,8%.
Para a procuradora federal da Fundação Palmares, Dora Lúcia Bertúlio, o relatório de 300 páginas mostra que o progresso das últimas décadas não foi significativo para diminuir as desigualdades raciais. Ela lembra que, em média, a população negra fica 50% abaixo nos indicadores em relação aos brancos. “A sociedade brasileira é racista e parece que os números não são relevantes.”
Fonte: gazeta do povo - 15/09/2011

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