quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Curitiba sedia Festival Paranaense do Samba

Curitiba vai sediar o Festival Paranaense do Samba, evento pioneiro que traz como um dos objetivos fomentar o desenvolvimento dos pilares que formam a cultura brasileira. Para isso, o Centro Cultural Humaita – Coletivo de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afro realiza uma série de atividades culturais e educativas em torno das raízes da nação brasileira.

Com apoio da Fundação Cultural de Curitiba, o Festival Paranaense do Samba reúne diferentes gêneros e mestres de samba e da cultura popular – do samba rural ao carnaval –, visando mapear a presença do samba em todo o Estado do Paraná antes de se tornar anfitrião dos expoentes do samba nacional. Esta é a quinta edição de um projeto que começou em 2008 e já foi realizado em Curitiba, Antonina e Tibagi. “O Festival Paranaense do Samba vem crescendo a cada ano e tem potencial para se tornar a maior festa de cultura popular do sul do país”, assinala.

LAVAÇÃO DAS ESCADARIAS DA IGREJA DO ROSÁRIO

O lançamento oficial do evento acontece neste sábado, dia 20, a partir das 9h30, com a lavação das escadarias da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito dos Pretos, seguida de cortejo de Afoxé até o Pelourinho, na Praça Tiradentes.

Primeiramente, acontece um culto inter-religioso, às 9h30, pelo Dia da Consciência Negra e pela tolerância religiosa. “Lavar” a antiga igreja dos pretos traz um forte simbolismo de purificação e resgate de tradições afro-brasileiras. Remediando o esquecimento crônico das culturas de matriz africanas na memória da cidade, a festa se estende em cortejo de afoxé até o Pelourinho de Curitiba, na Praça Tiradentes, passando pelas árvores sagradas na Praça Tiradentes – as Gameleiras, que representam o orixá do tempo. Orixás são “espíritos de luz” equivalentes aos anjos da guarda, ou, no sincretismo, aos santos católicos: Oxalá equivale a Jesus Cristo, Ogum (o guerreiro que guerreia pela paz) equivale a São Jorge, Xangô (o senhor da justiça) equivale a São Pedro, Iansã (a senhora dos raios e tempestades) equivale a Santa Bárbara. E, finalmente, Nossa Senhora do Rosário, no sincretismo, equivale a mamãe Oxum, senhora da fertilidade e da riqueza, mãe das águas doces, lagos e fontes, protetora dos dançarinos, artistas e preservadores das culturas populares.

Todos vêm de branco, simbolizando a pureza e a paz. E para comemorar o Dia Nacional do Samba, dia 2 de dezembro, tem início uma série de shows com mais de 200 artistas, que vão se apresentar em dois palcos no Largo da Ordem – Ruínas e Bebedouro. “Queremos evidenciar os compositores que existem no Paraná, como a primeira mulher puxadora de samba-enredo do Brasil, entre muitas outras riquezas escondidas”, aponta Candiero.

Ainda em novembro, serão feitos encontros com os estudantes de escolas públicas para debater o samba como ferramenta didática para aprendizado da história brasileira. Pela Lei Federal 10.639/03, o samba está sendo levado para dentro da sala de aula graças à legislação, que obriga o estudo da História da África e da História e Cultura Afro-brasileira. “Apesar da lenda da Capital Europeia, o Paraná é o Estado mais negro do Sul do Brasil, com 21% de afro-descendentes, segundo dados do IBGE. E não se pode falar em samba sem falar em cultura afro-brasileira”, analisa o presidente do Centro Humaitá, Adegmar Candiero.

A proposta durante a semana nas escolas é levar mestre-sala, gafieira, percussão, samba de roda, capoeira, formando um bloco que vai debater, junto com as crianças, a valorização da cultura afro-brasileira.


Fonte: ParanáShop

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