sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ângela Guimarães, mulher, negra, nordestina da unegro é a nova presidenta do Conselho Nacional de Juventude


Tomou posse na tarde dessa quarta (9) como nova presidenta do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) para o biênio 2012/2013, Ângela Guimarães. Baiana de Salvador, militante do movimento estudantil, é membro da executiva nacional da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), socióloga e professora.


A nova mesa diretora, empossada durante a 28ª Reunião Ordinária do CONJUVE, terá duas mulheres. Além de Ângela, foi eleita pelo segmento da sociedade civil Rebeca Ribas como vice - presidenta. Rodrigo Amaral continua sendo o Secretário Executivo do Conselho.


A Secretária Nacional de Juventude, Severine Macedo que deu posse à mesa diretora do CONJUVE elogiou a maturidade dos conselheiros que de forma consensual elegeram, sem disputa, a nova direção do CONJUVE.

A eleição de Ângela para o Conselho marca a ascensão que muitos jovens experimentaram desde a implantação da política nacional de juventude, em 2005, com a criação do CONJUVE e da Secretaria Nacional de Juventude. Em sete de julho de 2010, a PEC 42/2008 foi aprovada no Senado Federal, incluindo o termo Juventude na Constituição. E em 15 de fevereiro de 2012, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude.



Além das conquistas institucionais, a execução de programas especificamente voltados à juventude, como Projovem, ProUni, Reuni e Pronatec acabaram por, nas palavras da nova presidente “promover uma contaminação positiva”em torno de políticas públicas para esta parcela estratégica da sociedade.

“Recebo com otimismo esta tarefa. Estou certa de que é um grande momento para a afirmação da juventude no país. Vivemos o maior período de democracia ininterrupta e o Brasil vem crescendo alicerçado em três pilares: crescimento econômico, diminuição das desigualdades e consolidação dos direitos sociais. Essa combinação beneficia o cenário das políticas públicas para a juventude brasileira”, pontuou Ângela.

Em relação aos desafios dessa gestão, Ângela apontou três destaques: a ampliação da articulação com os Ministérios, como forma de capilarizar e fortalecer as ações do CONJUVE (que é um conselho consultivo); o enfrentamento à violência, uma pauta estabelecida e reafirmada nas Conferências Nacionais de Juventude (2008 e 2011) e a agenda nacional do trabalho decente, visando garantir remuneração justa e possibilidade de conciliação entre trabalho e estudo.



“A precarização do trabalho juvenil é uma de nossas preocupações. O desemprego entre os jovens é três vezes maior que a média nacional. Os 50 milhões de jovens deste país precisam contar com uma rede de apoio e representação, para isso trabalharemos firme na articulação do CONJUVE com os conselhos estaduais e municipais, promovendo e ampliando a participação social na construção de políticas públicas de, para e com a juventude”, finalizou.

O CONJUVE

O Conselho Nacional de Juventude foi criado em 2005 pela Lei 11.129, a mesma que instituiu a Secretaria Nacional de Juventude, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República, e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). O Conselho tem, entre suas atribuições, a de formular e propor diretrizes voltadas para as políticas públicas de juventude, desenvolver estudos e pesquisas sobre a realidade socioeconômica dos jovens e promover o intercâmbio entre as organizações juvenis nacionais e internacionais.
Os membros do Conselho são escolhidos para mandato de dois anos, mediante eleição direta, e os cargos de presidente e vice-presidente são alternados, a cada ano, entre governo e sociedade civil.

Para a nova gestão do CONJUVE foram eleitos 40 conselheiros titulares e suplentes que representam movimentos, associações, organizações, redes, fóruns e entidades de apoio às políticas públicas de Juventude. A ANPG foi eleita para uma vaga, Como titular, assumirá a vaga Luana Bonone, presidenta da ANPG. Além da missão de dar continuidade aos trabalhos já desenvolvidos pelo Conselho, o colegiado terá vários outros desafios. Já entre as primeiras ações está a mobilização e participação na Conferência Rio+20, que acontece em junho, além de encaminhar e responder as demandas apontadas na 2ª Conferência Nacional de Juventude.


MANIFESTO – CONFERÊNCIA RIO+20: PARANÁ O FUTURO QUE QUEREMOS



(CONSULTA PÚBLICA DO COMITÊ PARANAENSE PARA A RIO +20)


- A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, que ocorrerá em junho deste ano, foi inicialmente saudada como uma oportunidade singular para aprofundar a discussão do desenvolvimento sustentável na sua interface com as problemáticas ambientais e sociais do planeta. Entendia-se que a conferência seria uma momento privilegiado para negociar uma agenda de propostas, objetivos e metas comprometidas em resolver as lacunas e compromissos assumidos na Rio 92, expressos especialmente nos princípios da Carta da Terra, na Agenda 21, na Convenção da Biodiversidade, na Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas e na Declaração dos Princípios para a Administração Sustentável das Florestas. Também se esperava um posicionamento da ONU em relação aos acordos expressos no protocolo de Kioto, especialmente em relação aos anos 2012-2020, visto que a última COP do clima, realizada em Durban no final de 2011, praticamente deixou esse período “descoberto” de medidas concretas no combate ao aquecimento da temperatura planetária com origem nas atividades humanas.


- Boa parte das expectativas positivas foi, todavia, frustrada com a divulgação do “Zero Draft” (esboço zero) da ONU, quando ficou explicitada, no documento, a primazia da dimensão econômica, de fundamento neoliberal, sobre as problemáticas ambientais e sociais que assolam o planeta. Em abril último, com a divulgação do “One Draft”, muito pouco se avançou na discussão de alternativas para essas questões, visto que esta nova versão do Documento Base para a Rio+20 não identifica no atual modelo de produção e consumo a devida responsabilidade pela problemática ambiental contemporânea.


- Também não são questionadas, no referido documento, as imensas desigualdades entre os países desenvolvidos e as demais nações, nem as responsabilidades históricas dos primeiros pela degradaçao ambiental e das condições de vida no planeta. Além disso, não fica evidenciado no documento que tanto nos países ricos como nos pobres existem diferenciações entre classes sociais e outras distinções entre grupos humanos, as quais se manifestam sob múltiplas formas de preconceito, como o machismo, o racismo, a homofobia e as diversas formas de intolerências religiosas e políticas que acabam resultando em diferentes modos de apropriação dos elementos da natureza e criando variadas vulnerabilidades sociais. Ao propor ações pela “erradicação da pobreza” a ONU não considera que a discussão sobre a miséria não se dissocia do debate sério a respeito da concentração e da distribuição da riqueza e do excesso de consumo e desperdício de uma minoria privilegiada.


- Sob a retórica da “economia verde”, os documentos oficiais que antecedem a Conferência sinalizam uma clara intenção de subsidiar as discussões sob a ótica da mercantilização dos elementos da natureza indispensáveis à sobrevivência da vida humana - especialmente a água e as florestas - e dos meios de reprodução da vida, como os territórios das comunidades tradicionais. Busca-se, em tais documentos, consagrar o “direito” dos ricos continuarem poluindo e interferindo na autonomia dos territórios dessas populações, via mecanismos de compra e venda de créditos de carbono nos mercados financeiros mundiais, agora sob as alcunhas de “Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação” e congêneres (REDD, REDD+ e outros). Se isso não bastasse, advoga-se,ainda,para o mercado e para as corporações privadas, um maior peso e protagonismo nas decisões políticas.


- Diante desse quadro, exigimos maior espaço e poder de decisão para os movimentos sociais, aos ambientalistas realmente comprometidos com a defesa da natureza e de condições dignas de vida para tod@s os seres humanos, às mulheres, aos jovens, aos indígenas e às comunidades tradicionais, às personalidades e à intelectualidade progressista, bem como, aos trabalhadores e trabalhadoras, nos processos preparatórios e na reunião de alto nível da Rio+20 a se realizar entre 20 e 22 de junho do corrente. Por outro lado, saudamos com entusiasmo e apoiamos decididamente a realização da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que se realizará no Aterro do Flamengo entre os dias 15 e 23 de junho. Entendemos que para a Cúpula dos Povos converge o pensamento mais amplo e avançado da sociedade civil, visando à busca de alternativas para um mundo mais justo e solidário, pautado no fim da exploração predatória da natureza, no respeito à autonomia dos povos e à soberania das nações; e no acúmulo histórico de lutas globais e locais de cunho classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica.


- No Paraná, destaca-se a louvável a iniciativa do Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná em articular a formação do Comitê Paranaense para a Rio+20, materializada via o Decreto 3508/2011. Embora não depositemos maiores esperanças em relação aos resultados concretos da Rio+20, entendemos que o Estado, o governo e a sociedade paranaense devem estar comprometidos com alguns princípios e propostas básicas para o futuro do Paraná. Por isso defendemos as seguintes proposições:


- A defesa da água como um bem comum à vida dos paranaenses, sendo prioridade a sua conservação e garantia de boa qualidade e os usos destinados à conservação da biodiversidade e ao abastecimento público residencial. É um bem ambiental a ser vigiado pelo Estado e a União e pela comunidade. A administração desse bem deve ser de responsabilidade conjunta de comunidades de cidadãos, dos colegiados locais e governos de todos os níveis. Queremos o controle social dos instrumentos de gestão ambiental das águas superficiais e subterrâneas do Paraná, com a criação dos comitês de bacias hidrográficas e a elaboração e a aplicação dos planos de bacias hidrográficas estabelecidos na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/97). O Estado deve oferecer apoio às comunidades atingidas por represas, desvios de cursos de água e todas as demais obras “públicas e/ou privadas”, que arbitrariamente lesam as comunidades utilizando-se das mais variadas formas de expulsão (expulsão física, compra ilícita, corrupção passiva, etc.) Repudiamos qualquer tentativa de ampliar a participação privada na gestão acionária da SANEPAR, mantendo sua função pública de abastecimento social e saneamento ambiental, sob o controle da sociedade paranaense;


- O censo de 2010 levantou a informação que somente 49,11% dos domicílios residenciais do Paraná eram atendidos por rede pública de coleta de esgotos. Como nem todos os domicílios atendidos estão conectados à rede, o percentual de ligações era ainda menor: somente 32,84% das residências tinham ligações com a rede. Assim, exigimos a universalização da rede de coleta pública de esgotos até no máximo o ano de 2015, bem como a garantia que até o final do atual governo,em dezembro de 2014, todos os lares paranaenses estajam conectados às redes públicas de abastecimento de água e tenham assegurada a coleta periódica regular dos seus resíduos sólidos;


- É indispensável a busca de fontes de energias, sustentáveis limpas e renováveis, bem como a garantia do acesso, com barateamento dos custos, para as famílias mais pobres, aos agricultores familiares e para os micro e pequenos empresários do campo e da cidade. Para isso é fundamental o caráter publico e estatal da COPEL, orgulho do Paraná. Repudiamos, portanto, veementemente qualquer tentativa de privatização do capital acionário público da COPEL ou de suas subsidiárias;


- O Paraná ainda apresenta cerca de 10% dos seus remanescentes florestais e boa parte está concentrado nas UCs. Embora nossas florestas tenham sido praticamente devastadas na maior parte do Estado em nome do “progresso econômico” esses remanescentes são fundamentais para a conservação da biodiversidade, especialmente as florestas localizadas na porção litorânea, na região do Parque Nacional do Iguaçu, na montante do Lago de Itaipu, nas UCs e nas APPs. Esses remanescentes devem ser protegidos integralmente, em lei, para as atuais e futuras gerações. Deve-se ser retomado o programa dos “corredores da biodiversidade” para garantir as necessárias circulações e trocas genéticas, fundamentais para a conservação da biodiversidade em nosso Estado e a efetiva fiscalização e gestão pública das UCs. Nesse contexto, o Zoneamento Ecológico e Econômico do Paraná (ZEE) deve ter um caráter primordialmente conservacionista e de orientação do desenvolvimento com base sustentável;


- Embora carentes de maior aprofundamento de pesquisa científica, algumas evidências do aquecimento global já repercutem em nosso Estado. Entre elas podemos citar a elevação em 1,5° C na temperatura média do nosso Estado a partir da década de 1950 e o avanço de doenças características de climas mais quentes, como a dengue, para áreas mais frias do Estado. Não acreditamos que será com programas de compensação por emissão de carbono que estaremos contribuindo para o esforço mundial em reverter o aquecimento atmosférico de origem societária, conforme preconizado pelo programa BIOCLIMA e insígnias difundidas pelos “arautos da economia verde” como o REDD e REDD+. A questão é mais profunda e envolve necessariamente a mudança nos atuais modelos de produção e consumo. O Estado do Paraná deve rever o programa do BIOCLIMA, bem como as leis que lhe dão suporte, notadamente a referente ao pagamento por serviços ambientais (PSA) e a que estabelece a Política Estadual de Mudanças Climáticas;


- O Estado deve apoiar as experiências com agricultura orgânica e agroecologia que nos revelam formas sustentáveis de produção agrícola comprometidas com as dimensões sociais, ambientais, e mantém uma relação positiva com a questão da segurança alimentar e nutricional. Apenas para ilustrar este último aspecto, vale lembrar o envolvimento da agricultura familiar do Estado (e particularmente da agricultura orgânica) no cumprimento da Lei 11.947/2009, que dispõe sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em que 30% dos alimentos para as escolas devem provir desses agricultores. Nesse sentido, repudiamos o veto governamental ao projeto 403/2011, cujo objetivo principal foi incentivar a implantação de um sistema de produção agroecológica e orgânica na agricultura familiar paranaense e apelamos à Assembleia Legislativa para que derrube o veto governamental ao projeto 403/2011. Também exigimos que se debata na sociedade paranaense a questão dos agrotóxicos e dos transgênicos, tendo por base o princípio da precaução e dos efeitos perversos ao ambiente e à saúde humana.


- As nossas cidades, especialmente as pertencentes às RMs de Curitiba, Londrina e Maringá e aos outros aglomerados urbanos, apresentam incontáveis problemas relacionados a condições inadequadas de habitação e moradia (assentamentos precários, favelas, ocupações em áreas de risco, locais com irregularidades fundiárias, etc...), falta de infraestruturas urbanas básicas, problemas de mobilidade, (in) segurança individual e coletiva, falta de destinação adequada para os resíduos sólidos e líquidos, poluição atmosférica, péssima qualidade no atendimento aos serviços básicos, mormente à saúde, à educação básica, de assistência à infância, à juventude, às mulheres e aos idosos. Conquanto desenha-se para as cidades um quadro de insustentabilidade que se alastra também para os centros urbanos menores, o Estado do Paraná deve promover e garantir o direito à cidade para todos, afirmando direitos de cidadania sobre o domínio do solo urbano em detrimento aos interesses da especulação imobiliária e combater energicamente as segregações socioespaciais. Também deve ser investido em habitação e moradia de qualidade, na eficiência, barateamento e conforto do transporte público, na segurança comunitária, no saneamento ambiental, na saúde e na educação pública de qualidade, em efetivas políticas para a infância, adolescência e juventude, mulheres, idosos, na assistência social, entre outros setores priorítários definidos no Estatuto das Cidades, nas legislações específicas e nas Constituições brasileira e estadual.


- Em novembro de 2011, havia no Paraná 1.031.579 famílias inscritas no cadastro único do Ministério do Desenvolvimento Social, sendo que dessas, 660.984 tinham renda per capita inferior a R$140,00 mensais. O total de atendidos pelo Programa Bolsa Família em dezembro de 2011 era de 444.050 famílias. Diante desses números, deve-se admitir que uma enorme gama de pessoas no Paraná ainda é carente quanto ao suprimento das suas necessidades básicas de sobrevivência material e que existem regiões, como o Vale do Ribeira e a região central do Estado, onde os índices que atestam pobreza são mais expressivos que o conjunto do Paraná. Diante disso, exigimos um amplo programa não somente de geração de empregos, mas igualmente de valorização do trabalho e de inclusão socioprodutiva que envolva outras dimensões do acesso aos requisitos básicos da conquista da cidadania plena e integral.


- Infelizmente em nosso Estado ainda são observados inúmeros casos de agressões domésticas contra mulheres e outros tipos de manifestações sexistas e machistas, especialmente no mundo do trabalho. A isso se acrescenta inúmeros casos de intolerância religiosa, racismo e demonstrações explícitas de homofobia, inclusive executadas por grupos xenófobos e neonazistas com o uso de violência física. Ao Estado cabe, pois, fomentar e aplicar as políticas de antiviolência e de promoção da mulher, consagradas na Lei Maria da Penha, no Estatuto da Mulher, nas lutas da Marcha das Margaridas, da Marcha Mundial de Mulheres, da União Brasileira de Mulheres e das mulheres negras e indígenas. O Estado também tem o papel de combater as manifestações discriminatórias, homofóbicas, lesbofóbicas e racistas e qualquer outras que atentem contra os direitos humanos e a livre manifestação religiosa e de opção sexual com o rigor da lei, além de investir pesado na educação formal, não formal e informal, do nosso povo para a mudança de pensamentos, hábitos e atitudes para banir definitivamente do seio da nossa população qualquer resquício de discriminação e intolerância.


- O nosso Estado no seu processo de desenvolvimento tem uma dívida histórica com as populações indígenas, praticamente dizimadas em nossa colonização, e com as comunidades tradicionais (além dos indígenas, ressaltamos as comunidades quilombolas, faxinalenses, ribeirinhas, de pescadores artesanais, cipozeiros, entre outros). Diante disso, o Estado tem que estar comprometido integralmente com a regularização fundiária dos territórios históricos dessas comunidades e com políticas públicas de compensação e indenização e a promoção do bem estar dessas populações. Também se ressalta que o Estado deve estar alerta com ameaça que representa o advento dos conceitos de REDD e REDD+ sobre as territorialidades dessas comunidades e assegurar a defesa dos seus territórios contra qualquer tipo de pressão econômica ou as advindas da grilagem de terras ou provenientes da especulação fundiária. Ao mesmo tempo devemos reconhecer a importância e a profundidade do conhecimento dessas comunidades em relação ao uso sustentável dos elementos da natureza. Aqui se abre um parêntese para insistir na importância do diálogo sincero de saberes entre a ciência das estruturas institucionalizadas, tanto públicas como privadas, com as comunidades tradicionais. Esse diálogo de saberes é requisito fundamental para trilhar o caminho da sustentabilidade.


- Com as oportunidades proporcionadas pela “janela demográfica” podemos avançar para além da universalização do acesso a educação básica e superior, garantindo principalmente a qualidade do ensino público em todos os níveis, sempre ressaltando a questão da recomposição real dos salários dos profissionais da educação para níveis dignos. Também é essencial investimentos em ciência e tecnologia nas nossas universidades, especialmente nas áreas voltadas para o diagnóstico e solução dos nossos problemas ambientais e sociais.


- É fundamental o fortalecimento e a autonomia institucional do Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná, no sentido de promover o debate das lacunas e das soluções para as problemáticas ambientais do Estado. Esse fórum se revela de importância singular na estrutura institucional do Estado, porque congrega na sua composição, setores acadêmicos, empresariais, das ONGs ambientalistas e dos movimentos sociais;


- Por fim, entendemos que é necessário aprofundar e fortalecer os mecanismos de participação do povo paranaense nos processos decisórios da política, da economia e do desenvolvimento do nosso Estado.

terça-feira, 8 de maio de 2012

CARTA SOBRE DENÚNCIA DE RACISMO NA UFPR


A etapa da efetivação de políticas públicas resultantes de conquistas em lutas sociais exige, em relação ao "statu quo", uma capacidade de enfrentamento, mobilização e resistência cuja força ...
"A força não provém da capacidade física, mas da vontade férrea."
-- Mahatma Gandhi

A seguir, mais uma manifestação sobre o caso das estudantes de Pedagogia da UFPR que denunciaram uma professora por racismo:

Sobre o caso de racismo

Diante das manifestações em defesa da profa. Lígia, eu temo que as verdadeiras vítimas sejam transformadas em pessoas malvadas.  Sinceramente, creio que esse acontecimento reflete a “traição” de um costume estabelecido pela cultura racista no Brasil que “autoriza” (ou autorizava) pessoas brancas fazerem brincadeiras de cunho racista de forma naturalizada. Mas que bom que a sociedade brasileira está mudando, pois as palavras machucam a dignidade. Infelizmente aconteceu com uma pessoa das mais combativas do setor de educação da UFPR. As alunas envolvidas, muito menos as pessoas que divulgaram o caso, não devem ser responsabilizadas por ele chegar à delegacia e aos meios de comunicação. Para mim, esse desdobramento deve-se ao fato do caso ter sido tratado como uma coisa menor, de pouca importância, e pontual pela comunidade acadêmica (direção, professores/as e alunos/as).  O fato de o caso ter ido para fora da Universidade, da forma que foi, mostrou a incapacidade institucional de uma resposta pública e rápida que restabelecesse a dignidade ofendida das alunas e das pessoas negras em geral. Assim, restou às verdadeiras vítimas buscar respaldo fora da universidade, aliás, como eu também teria feito se estivesse no lugar delas. E isso deve servir de aprendizado para todos e todas. Acredito que o setor de educação perdeu (ou está perdendo) a chance de fazer desse acontecimento um excelente “momento pedagógico”. Mas o que estou assistindo, infelizmente, é o costumeiro corporativismo (a sindicância aberta é um bom exemplo) que não promove qualquer mudança qualitativa na instituição e que não ajuda as pessoas da comunidade acadêmica “ser mais” democráticas e respeitosas com as diferenças. Da forma como tem sido tratado internamente este caso, ele não foi o primeiro e nem será o último. Lamentável!

Favor encaminhar este para as listas internas do setor de educação.

José Antonio Marçal
Doutorando na linha de política educacional
Data: 7 de maio de 2012; 10:45.


Com relação ao texto acima é oportuno ter presente:

O "PLANO NACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA"

VI – ATRIBUIÇÕES DOS GRUPOS COLEGIADOS E NÚCLEOS DE ESTUDO
O exercício democrático pressupõe que a sociedade participe de diferentes formas, dos processos que visam atender às demandas sociais. Assim, a política pública é entendida como uma construção coletiva onde a sociedade tem importante papel propositor e de monitoramento, considerando a capilaridade social e seu alcance.
Essa participação social organiza-se por si mesma ou por indução dos agentes públicos e instituições com diferentes naturezas, campos de atuação e interesses. No caso da educação para as relações étnico-raciais essa participação e controle social não são somente desejáveis, mas fundamentais.
É necessário que existam grupos que monitorem, auxiliem, proponham, estudem e pesquisem os objetos de trabalho deste plano para que sua atualização permaneça dinâmica e se autoajustem às necessidades do aluno, da escola e da sociedade brasileira.

A "RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17/06/2004 DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/ CONSELHO PLENO/DF"

Art. 6° Os órgãos colegiados dos estabelecimentos de ensino, em suas finalidades, responsabilidades e tarefas, incluirão o previsto o exame e encaminhamento de solução para situações de discriminação, buscando-se criar situações educativas para o reconhecimento, valorização e respeito da diversidade.
§ Único: Os casos que caracterizem racismo serão tratados como crimes imprescritíveis e inafiançáveis, conforme prevê o Art. 5º, XLII da Constituição Federal de 1988.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Camila Pitanga quebra protocolo e pede a presidenta: VETA DILMA

A atriz Camila Pitanga quebrou o protocolo de uma cerimônia oficial ao pedir à presidente Dilma Rousseff que vete a versão do novo Código Florestal aprovada pela Câmara dos Deputados. Camila foi a mestre de cerimônias do evento que concedeu, nesta sexta-feira (4), o título de doutor honoris causa das universidades públicas fluminenses ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alunas de Pedagogia da UFPR denunciam professora por racismo

Ofensa teria ocorrido durante intervalo da aula no dia 11 de abril. Boletim de Ocorrência foi registrado nesta quinta-feira

Fonte: Eli Antonelli
publicado: gazeta do povo -03/05/2012

Duas alunas do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) denunciaram nesta quinta-feira (3) uma das professoras do curso por racismo. Um Boletim de Ocorrência (BO) por injúria foi registrado nesta tarde no 1º Distrito Policial (DP), no centro de Curitiba. A ofensa teria acontecido no dia 11 de abril no intervalo de uma aula. A professora teria dito “duas macaquinhas comendo banana” enquanto as alunas lanchavam. Uma sindicância foi aberta no Setor de Educação da universidade e a professora teria pedido desculpas.
O nome da professora não foi divulgado e a identidade das alunas foi preservada. Uma delas contou que ambas estavam dentro da sala de aula, no 7º andar do prédio Dom Pedro I, na área da Reitoria da UFPR, quando a ofensa aconteceu. No dia 20 do mês passado, aconteceu uma reunião entre as alunas, a professora e representantes do Setor de Educação e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da universidade. Na oportunidade, a professora teria pedido desculpas e explicado que a frase não foi dita por maldade. As alunas teriam aceitado a retratação, segundo informações da assessoria de imprensa da UFPR, confirmadas por uma das alunas ouvida pela reportagem da Gazeta do Povo.
Porém, uma das alunas disse nesta quinta que “outros fatos” aconteceram e elas decidiram registrar o BO. As estudantes e o advogado delas, André Nunes disseram que devem dar mais esclarecimentos nesta sexta-feira (4). O advogado não quis comentar o caso nesta quinta.
A assessoria de imprensa da UFPR informou que a sindicância aberta pelo Setor de Educação pretendia investigar cartazes apócrifos distribuídos após o episódio no curso de Pedagogia contra a professora que teria ofendido as alunas. Segundo a informação da assessoria, o caso da ofensa racial estaria encerrado com o pedido de desculpas aceito pelas estudantes. Ninguém da universidade pôde comentar o caso na noite desta quinta-feira.
O delegado-adjunto do 1º DP, Vinicius Borges Martins, foi procurado, mas também não quis se manifestar sobre a denúncia de racismo por enquanto. No entanto, ele confirmou o registro do boletim de ocorrência.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Vitória Pataxo: Supremo decide que área de conflito na Bahia é uma reserva indígena

por: FELIPE SELIGMAN





















Após 30 anos de luta, a comunidade indígena Pataxo Hãhãhãe finalmente obteve o que sempre foi seu devolvido. Pode isso? Redundante e ridículo, mas é verdade. Precisou-se do Supremo Tribunal Federal, para afirmar o que já sabíamos desde o tempo de Cabral.......

Diante do agravamento no conflito entre índios e fazendeiros no sul da Bahia, o STF (Supremo Tribunal Federal) retomou o julgamento de uma ação que envolve a área em disputa e reconheceu, por 7 votos a 1, que o local é uma área indígena, determinando a anulação dos títulos de terras existentes no local.
Os fazendeiros terão de deixar o local, mas a forma como será a retirada ficará a cargo da União, que definirá, inclusive, se eles poderão receber indenizações por perderem o registro de suas propriedades.
A ação julgada nesta quarta-feira (2) foi proposta pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1982, pedindo a declaração de nulidade de todas as propriedades de não índios que estivessem dentro da chamada Reserva Indígena Caramuru/Catarina/Paraguaçu.
A área, localizada no Sul da Bahia, tem 54 mil hectares e abriga os índios pataxós hã hã hãe. Na época em que entrou com a ação, há 30 anos, a Funai pediu a anulação que 396 propriedades. Um laudo feito por técnicos do STF, no entanto, constatou que boa parte daqueles registros estaria fora da reserva e a validade não estaria, portanto, em questão.
O caso começou a ser julgado em 2008, quando o relator do caso, o hoje aposentado Eros Grau, votou pela nulidade dos títulos de terra. Ontem, o caso foi retomado com o voto da ministra Cármen Lúcia.
Além de Eros e Cármen, votaram pela anulação dos títulos concedidos dentro da reserva indígena os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Cezar Peluso, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto.
Apenas Marco Aurélio Mello votou contra o pedido da Funai, por entender que os atos de concessão das terras foram feitos em "boa fé". Ele também argumentou que boa parte dos índios que vivia lá deixou, com o passar do tempo, a região.
Luiz Fux, por ter substituído Eros Grau, não pode votar, enquanto Gilmar Mendes e José Antonio Dias Toffoli estavam impedidos por terem atuado na causa quando ocuparam o cargo de advogado-geral da União. Já o ministro Ricardo Lewandowski não participou do julgamento por estar na Suíça, representando o tribunal.
O voto vencedor foi liderado pela ministra Cármen Lúcia. Ela afirmou que o processo era composto de 25 volumes repletos de "sofrimento, lágrimas, sangue e morte".
A ministra lembrou que foi exatamente a disputa sobre essa área que trouxe o índio Galdino a Brasília, em 1997. Naquele ano, ele foi queimado vivo por adolescentes de classe média, quando dormia em uma parada de ônibus e acabou morrendo.
De acordo com Cármen Lúcia, os índios pataxó hã hã hãe já ocupam cerca de 42 mil hectares do total e que a área da disputa se restringe aos 12 mil hectares restantes. Nos últimos anos, alguns fazendeiros já deixaram o local, após o recebimento de indenizações.
Em seu voto, ela ainda observou que das 396 propriedades inicialmente questionadas pela Funai, apenas 186 estariam dentro da reserva indígena e somente essas foram anuladas.
Segundo a ministra, a própria Funai e a AGU (Advocacia-Geral da União) chegaram a reconhecer que não havia a certeza absoluta sobre todas as propriedades que estariam dentro da área questionada.
A área em questão foi demarcada em 1938, mas nunca chegou a ser homologada pelo Governo Federal. Para os ministros, no entanto, o fato não impede que o território seja considerado indígena.
CONFLITO
No último fim de semana, o conflito deixou um morto e um ferido a bala e fez com que a Polícia Federal enviasse para a região o COT (Comando de Operações Táticas), uma "tropa de elite" que atua na contenção de distúrbios.
Exatamente por isso, o STF decidiu julgar o caso, que não estava na pauta. No início da sessão desta quarta-feira, que deveria analisar uma ação contra o Prouni, Cármen Lúcia pediu a palavra e argumentou que, apesar de não estar agendado, o caso deveria ser julgado com urgência pela situação de "extremo conflito".
 fonte: uol.com.br 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

UFPR DISCRIMINA EM CAMPANHA PUBLICITÁRIA