sábado, 13 de abril de 2013

"Isso é Grafite não é Picho"

14519637 fonte:gazeta do povo
Os altos índices de violência fizeram com que o bairro do Parolin, em Curitiba, fosse o primeiro a receber uma unidade de polícia pacificadora, no ano passado. Mas para os grafiteiros Neto Vettorello, o Asew, de 29 anos, e Michael Ando, o Devis, de 27, era preciso mais do que segurança para apresentar outras perspectivas aos jovens da região. Faltava uma intervenção artística e social. E foi daí que veio a ideia de levar algumas oficinas de grafite para uma escola e um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do bairro.

Artista desenha muro no bairro São Francisco, em Curitiba. Grafite como forma de inclusão social

A ação fez parte do Streets of Style, encontro internacional de grafite que rolou pela segunda vez em Curitiba, entre os dias 4 e 7 de abril. Ao todo, reuniram-se na cidade 250 artistas de 12 estados do Brasil e de nove países. Neste ano, porém, o evento, que tem a intenção de inserir Curitiba no mapa do grafite internacional, deu uma guinada ao colocar o lado social da arte em primeiro plano.

Ainda visto como ato de vandalismo por parte da população, como afirmaram alguns artistas da área, o trabalho com spray e outros materiais tem um papel de inclusão na sociedade. “Neste ano nós sentimos a necessidade de trabalhar com esse lado do grafite. Fazer só pinturas e shows não deixa uma semente plantada. E com os workshops e discussões nós mantemos um contato mais próximo com a população”, conta Neto, um dos organizadores do encontro.

O grafiteiro conheceu a arte em 1998, depois de ver um muro pintado com o trabalho do pioneiro Valdecimples, um dos nomes mais conhecidos de Curitiba. Ele lembra que, por causa do grafite, conseguiu um emprego e abriu portas para outras áreas de atuação. “O grafite tem muito disso. Ele incentiva a buscar um estilo próprio e a se desenvolver como artista.”

Comunidade

A Escola Estadual Doracy Cezarino, no Parolin, foi uma das instituições que receberam a ação. Ao todo, mais de 30 pessoas, entre estudantes, artistas e interessados na arte juntaram-se em torno dos professores para aprender macetes e técnicas com o spray.

O paulistano Shock, de 29 anos, foi um dos artistas que atraiu os olhares curiosos dos participantes. Para ele, a realização das oficinas é importante para mostrar a contribuição que o grafite pode ter para os bairros. “As oficinas ajudam a mudar o conceito das pessoas. Elas desmistificam a arte e mostram como ela pode ajudar as comunidades e colorir a cidade”, conta Shock.

Ele mesmo relata que conheceu o grafite no caminho para a escola, depois de se interessar por um desenho que viu numa parede. Desde então, Shock faz dele o seu ganha pão.

Neto acrescenta que a intervenção realizada no ano passado pelo Street of Styles num muro do bairro Hauer impactou a forma como os moradores passaram a encarar o grafite. Segundo o artista, a ação fez com que a prática, antes vista com olhos tortos, se tornasse apreciada e aceita na região.

Neste ano, os participantes do evento aumentaram a dose e pintaram dois muros, no Parolin e no Boqueirão, cada um com mais de um quilômetro de extensão.

Na escola onde rolaram as oficinas e que também teve algumas paredes desenhadas, os estudantes envolvidos com o grafite e o picho, prática ilegal no Brasil, contaram ter revisto os seus conceitos. “Eu comecei a pichar com os meus amigos. Não desenho, mas penso em fazer trabalhos iguais a esse”, relatou o estudante W.G., de 17 anos.

Grafite ganha apoio de órgãos públicos

Para Neto Vettorello (à esquerda) encontro deste ano “planta semente” para o surgimento de novos grafiteiros
Entre os apoiadores do Streets of Style deste ano estiveram alguns órgãos públicos, como a Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Além de cobrir parte dos gastos com transporte e alimentação dentro da cidade, a Fundação realizou em parceria com o evento uma ação no Largo da Ordem para promover a paz na região. Cinco artistas de Curitiba e de outros estados criaram um mural coletivo no bairro por meio das técnicas do grafite.

Esta, no entanto, não é a única ação pública de incentivo à arte. Em 2011, a Fundação abriu um edital para a pintura das galerias subterrâneas de dois terminais de ônibus de Curitiba. Já neste ano, a FCC apoia o projeto Motion Layers, em que quatro artistas da cidade usam técnicas da arte de rua para a criação de grandes painéis baseados no cinema.

Para Michael “Devis”, um dos organizadores do Streets of Style, ações como essas são importantes para promover a inclusão social. “O grafite é capaz de transformar as pessoas em cidadãos. Mas é importante que haja um direcionamento correto para informar as pessoas sobre o que é a arte de rua”, afirma.

Entenda mais

O Gaz+ indica dois documentários para conhecer mais sobre a cultura da arte urbana

Pixo (2009)

O filme mostra a cultura da pichação em São Paulo, com relatos e cenas de grupos da cidade em busca de demarcar o seu território por meio da escrita com o spray.

Graffiti Wars (2011)

O documentário mostra a briga entre os artistas Banksy e King Robbo, que envolveu toda a comunidade de artistas de Londres e trouxe à tona discussões sobre a ética do grafite.

No Brasil

Todo trabalho não autorizado é picho

No Brasil, a diferença entre grafite e pichação é estabelecida por lei. De acordo com a regulamentação, grafite é toda arte de rua que seja permitida pelo proprietário do terreno, seja a escrita reta, marca registrada do picho, ou os desenhos mais elaborados, como é o caso do grafite. Os artistas ouvidos pelo Gaz+, entretanto, disseram que essa diferenciação não é vista em outros países, em que o picho é visto como um estilo de escrita do grafite.

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