terça-feira, 6 de agosto de 2013

Entre o indizível e o narrável: Palavras possíveis para Yá Mukumbi, farol para as culturas negras


publicado: www.palmares.gov.br

“É surpreendente que se tenha tão pouco a dizer justamente a respeito de acontecimentos tão extremos. A linguagem humana foi inventada para outros fins.” – Ruth Klüger

Se não há lugar no simbólico, não vai existir narrativa capaz de recobrir os acontecimentos humanos, restando apenas as marcas indeléveis da experiência traumática. Os assassinatos de dona Vilma Santos de Oliveira,66, a sempre querida Yá Mukumbi, de sua mãe, Alial de Oliveira dos Santos, 86, e neta, Olívia Santos de Oliveira,10, em uma investida psicótica de um vizinho no último sábado, 3, em Londrina, é um desses terríveis episódios traumáticos que alojam-se além da capacidade de qualquer nomeação, das possibilidades de representação. As palavras resistem às tentativas de conferirmos sentido ao ocorrido e como toda experiência traumática, a perda brutal de Yá Mukumbi e parte de sua família deixam feridas abertas na memória coletiva e abrem um flanco para questionamentos irrespondíveis: Por que aconteceu? Por que elas? Como uma mulher da estatura de dona Vilma tem sua vida interrompida por um homem inteiramente tomado de surto psicótico, conforme atestou laudo médico? De onde vem desmedida loucura? Houve fundamento religioso no bárbaro ataque? Acrescente-se à tragédia na casa de mãe Vilma, o fato de que minutos antes, o assassino cometera uma outra, matando a própria mãe, num forte prenúncio de que quando se mata a própria mãe tudo o mais é possível. Um crime só contra mulheres, velhas e nova, de quatro gerações, perpetrado por um homem em trajes menores de posse de uma faca.
Embora sucedam-se casos semelhantes ao ocorrido na Rua Olavo Bilac, no fatídico dia 3, o horror que cada história singular evoca é sempre sem par. Não existem parâmetros nem reincidências com os quais podemos nos apaziguar em termos narrativos. Comoção, perplexidade, dor, vazio, revolta, nos assaltam sem podermos sequer acomodar o luto, que parece se arrastar indefinidamente. O que nos resta, então, num “cenário de terra arrasada”?
Os estudos psicanalíticos nos ensinam que embora o trauma habite o campo do indizível, impõe-se a necessidade dese tecer uma narrativa do depois, um discurso que rearranje o que ficou fora de lugar, de se produzir um efeito de tempo, uma (res)significação do choque, a deflagração incontornável de um processo de reconstrução. Qual seria, então, a narrativa possível? Quais as possibilidades de representação do inominável?
A vida plena, a vida digna, a vida austera sem ser pesada, a vida terna, a vida leve, a vida lúdica, a vida comprometida, a vida engajada, a vida vivida de Yá Mukumbi – uma vida desproporcional ao seu desfecho – nos restitui a possibilidade de contar uma história e construir memória sobre ela, sua mãe e neta.
Mãe Vilma ou Yá Mukumby Alagangue, nome de origem quimbundo, movimentava-se sobre um largo espectro: zeladora do terreiro do Ylê Axé Ogum Mege, militante histórica do movimento negro de Londrina, mulher altiva, integrante de fóruns e associações locais e nacionais, coordenadora do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, cantora de estirpe, dona de uma voz altissonante, mãe de seis filhos, cozinheira de mão cheia, gestora cultural e política dos expedientes da população negra, convicta defensora das cotas raciais para jovens negros nas universidades públicas (protagonizou a implantação das cotas na Universidade Estadual de Londrina, em 2005, e manteve-se fiel a luta ao engrossar as fileiras pela manutenção desta política, em 2011), generoso ser humano, diuturnamente atenta àqueles que vivem nas franjas da sociedade,construiu um biografia sólida, sagrou-se pessoa extraordinária, sempre pôs-se acima do banal. A densidade e força que lhe eram peculiar renderam-lhe um livro “Yá Mukumbi: a vida de Vilma Santos de Oliveira”, escrita por professores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 2010.
Do lugar em que via o mundo, a partir de múltiplos prismas, não abriu mão de princípios éticos e de justiça para combater o racismo, o sexismo e a intolerância religiosa. Do alto de sua sabedoria, sabia “converter” jovens para o combate contra a discriminação racial ofertando a eles possibilidades de tecerem um trajetória vinculada à ética, ao bem fazer e ao bem viver. Sempre pronta para as lides dos movimentos negros, deixava um lastro de esperança para aqueles que supunham estar tudo ou quase tudo perdido. Nunca se omitia frente às injustiças e problemas sociais e, habitualmente, se lançava de maneira proativa para equacionar os dramas de quem dela se aproximava. Crianças, para ela, era patrimônio de primeira linha; delas, costumava dizer, tínhamos o compromisso de cuidar. O abate de sua neta de dez anos confere à tragédia, por esses e outros motivos, uma carga ainda mais brutal.
Consagrada figura pública, Yá Mukumbi prestou serviço para o Estado brasileiro, fez sua voz ecoar no ambiente acadêmico, desarmou teorias caducas para pensar a sociedade, atraiu a atenção de figuras públicas, como Gilberto Gil, que pediu-lhe artigo para uma publicação; mantinha vínculos afetivos com tantas outras, a exemplo de Dona Zica. Inegavelmente, esta mestra fincou raízes para substantivas mudanças sociorraciais, ampliou o escopo das culturas negras, protegeu e salvaguardou o patrimônio africano no Paraná, construiu fronteiras para a manutenção das manifestações artísticas orientadas pelo protagonismo do negro, sem, contudo, erguer delimitações, tampouco promover distinções e exclusões. Direta e indiretamente, reorientou as políticas públicas no campo da cultura e da religião…
A Fundação Cultural Palmares (FCP) prestou-lhe singela homenagem em 2008. Na época, como agora, sabia do alcance das práticas de Yá Mukumbi. Sente-se, como todos, imersa em uma experiência por ora dolorosa, em que o poder público se apequena com a perda de uma gestora cultural imprescindível. Mas, acredita-se: no horizonte do possível, torna-se compromisso inadiável da FCP e outras instituições pinçar, do oceano de iniciativas de Yá Mukumbi, referências e práticas para a emancipação da sociedade, livre de racismos, sexismos, intolerância religiosa.Entre o irrepresentável da tragédia e o narrável da esperança, fiquemos com esta última possibilidade, virtude que mãe Vilma sempre nos legou e continuará assim fazendo.

Rosane da Silva Borges
Coordenadora geral do CNIRC (Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra)/ Fundação Cultural Palmares/MinC
Professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL)

domingo, 4 de agosto de 2013

Tragédia:Liderança de Londrina, Yá Mukumby, é assassinada


Vilma Santos de Oliveira, 63 anos, mais conhecida como Yá Mukumby, foi esfaqueada no quintal da própria casa e morreu na noite deste sábado em Londrina. Ela morava na rua Olavo Bilac, nas proximidades do Jardim Bancários, zona oeste da cidade. Sem saber, Vilma foi envolvida em uma tragédia que também culminou na morte de outras três pessoas, duas delas parentes de Vilma.
O comandante da Polícia Militar em Londrina, coronel Samir Elias Geha, contou que o autor dos quatro homicídios estava na casa de amigos em Cambé quando teria se envolvido em uma confusão. A namorada e a mãe dele o levaram para um hospital de Cambé. Os três retornaram à Londrina na noite deste sábado e seguiram para a residência na rua Olavo Bilac, onde o casal morava. Minutos depois, o rapaz saiu do banho transtornado. A namorada relatou à polícia que ele dizia estar "com o diabo no corpo" e que precisava eliminá-lo. Os dois discutiram e ele a agrediu. A mãe do rapaz pediu para que a moça fugisse do local e buscasse ajuda e o rapaz acabou esfaqueando a própria mãe. Ariadne Benck dos Anjos, de 48 anos, não resistiu aos ferimentos. O autor do crime estava nu e correu em direção à rua com uma faca nas mãos. Ele estava a procura da namorada, mas encontrou uma senhora que estava na calçada da casa vizinha. Allial de Oliveira dos Santos, de 86 anos, também foi esfaqueada e morreu no local. No quintal da residência estavam Vilma Santos de Oliveira, mais conhecida como Yá Mukumby, e Olívia Santos de Oliveira, de 10 anos, que foram mortas em seguida.
Conforme testemunhas, o homem ameaçou outros vizinhos e a jovem entrou em um salão de festas próximo ao local. Ela conseguiu o apoio de outras pessoas e, quando o rapaz a encontrou, os participantes da festa conseguiram conter o autor dos crimes.O homem de 30 anos foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Socorristas do Siate tentaram atender às vítimas, mas elas não resistiram aos ferimentos. O corpo de Ariadne Benck dos Anjos, 48 anos, será velado na Igreja Batista do Jardim Bandeirantes. O sepultamento está marcado para às 16h no Cemitério Jardim da Saudade. As outras três vítimas da mesma família serão veladas na rua Elis Regina, 23, em Cambé. O sepultamento será nesta segunda-feira, às 9h, no Cemitério Jardim da Saudade.
"É lamentável. Esse rapaz estava completamente transtornado para causar essa tragédia toda", resumiu o coronel Geha que esteve no local do crime. A suspeita é de que o autor dos homicídios é usário de droga.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 de julho: Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe

*Fátima Oliveira
Em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, realizou-se o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, do qual decorreram duas decisões: a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha.
A data objetiva ser um polo de aglutinação internacional da resistência das negras à cidadania de segunda categoria na região em que vivem, sob a égide das opressões de gênero e racial-étnica, e assim “ampliar e fortalecer as organizações e a identidade das mulheres negras, construindo estratégias para o enfrentamento do racismo e do sexismo”.

Em 2009, estimava-se que na região (América Latina e Caribe) éramos em torno de 75 milhões de negras – cidadãs despossuídas de cidadania plena, logo faltam esforços no âmbito dos governos para a efetivação dos nossos direitos humanos. Embora partícipes das lutas das mulheres em geral, incluindo as comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, nós, as negras feministas, sabemos que é preciso uma data toda nossa a partir da compreensão de que não há uma mulher universal. Entre as mulheres há fossos de classe e racial-étnico; e a “sororidade” entre as mulheres é algo que não existe. Então, temos de estar na luta por nossa própria conta.

Abordarei dois tópicos sobre a vida das negras brasileiras. O primeiro é a recente reunião da presidenta Dilma Rousseff, no último dia 19, com representantes de 19 organizações do movimento negro, com a presença dos ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, Aloizio Mercadante, da Educação, Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), e do chefe da Assessoria Especial da Secretaria Geral da Presidência da República, Diogo Sant’ana. “De acordo com a ministra Luiza Bairros, foram abordados temas que fazem parte da agenda do movimento, como a reafirmação do compromisso do governo federal para combater a discriminação racial, além de reconhecer o racismo institucional e reforçar o ensino da cultura africana nas escolas para promover a igualdade”.
Se não estou enganada, é a primeira vez que a presidenta nos ouve presencialmente. Pelo que li até agora, considerei a reunião boa, pero... faltou Padilha! E parece que ninguém abriu a boca para falar em saúde da população negra, lacuna grave num momento em que o SUS está envolvido em um debate acirrado. Para o pesquisador Marcelo Paixão, 80% dos negros se internam pelo SUS. Todo mundo reclama que a Rede Cegonha não dá a mínima para o recorte racial/étnico e não há santo que a faça avançar. E perdemos a chance de dizer de viva voz à presidenta que a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra está enterrada com uma caveira em algum canto do Ministério da Saúde, um descaso que eu sei que ela não sabe! Elementar: ou manda Padilha transversalizar o recorte racial/étnico em todas as ações da saúde, ou admite a omissão.

Se os compromissos adquirirem logo materialidade, é um bom começo, além do que há algo muito simples que um governo antirracista precisa fazer, que não foi assumido, mas basta vontade política: entender que “Só combater a pobreza é pouco para debelar o racismo” (O TEMPO, 26.4.2011), porque pobreza é uma coisa e racismo é outra; e embora possam estar juntas, possuem dinâmicas diferentes! De modo que urge que o governo Dilma seja mais antirracista em atos.

* Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005.
publicado: www.vermelho.org.br

quarta-feira, 24 de julho de 2013

"Professora 'antirracista' da UFPR é condenada por racismo".

Em seu blog, Fábio Campana diz:
"Professora da UFPR, antirracista, é condenada por racismo". E salienta, "basta olhar o currículo Lattes de Lígia para perceber que há um erro de julgamento nesse caso". 


FÁBIO CAMPANA - www.fabiocampana.com.br
Professora da UFPR, antirracista, é condenada por racismo
Sábado, 20 de Julho de 2013 – 21:29 hs.

Lígia Regina Klein, professora de pedagogia da  UFPR  foi  condenada  por infração ao art. 140, § 3º, combinado com o art. 141, inc. III e art. 70, todos do Código Penal. Ou seja, por crime de racismo, denunciada por duas alunas que se consideraram ofendidas quando por ela admoestadas. Há consternação no universo acadêmico. Ligia é conhecida pela sua luta por direitos humanos, militante fiel da esquerda, de declarada posição contra o racismo e outros preconceitos.  

 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=N413502

Mas valeu mais o apelo dramático da denúncia. A prisão de 1 ano e 6 meses e 20 dias em regime inicial aberto foi substituída por penas restritivas de direitos, com 100 horas de Prestação de serviços à comunidade, de segunda a sexta, uma hora por dia após o trabalho, e multa, pelo juiz Mauro Bley Pereira Junior, da 3ª Vara Criminal.

( Fonte: http://www.fabiocampana.com.br/2013/07/professora-da-ufpr-militante-dos-movimentos-contra-o-racismo-e-condenada-por-racismo/ )



 Ano de 2013 - 125 Anos da LEI ÁUREA


Após todo o esforço frustrado para impedir a condenação da Professora Lígia K., que teve inclusive a produção de vários abaixos assinados, públicos e abertos, onde inúmeras pessoas manifestaram SOLIDARIEDADE a sua pessoa e DESQUALIFICARAM SUAS VÍTIMAS, agora, após a condenação, outra mobilização tem início em sua defesa. Um exemplo emblemático desse novo momento é a notícia (?) acima reproduzida que, pelo seu teor,  escancara a identificação do autor com a "CASA GRANDE", conforme:

1º.    O título "Professora da UFPR, antirracista, é condenada por racismo", afirma (com base no quê?) a professora como antirracista e noticia o fato da condenação como racismo, que seria "Lei do Crime Racial - Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989", e não injuria como é o caso e confirmam os artigos do Código Penal, "Decreto-Lei No 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal", citados no corpo da notícia, mas não explicitados.  A intencional contraposição "antirracista ßà racismo" serve como lastro para, na sequência da notícia, forçar a conotação de uma condenação injusta.

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. - CÓDIGO PENAL.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
( Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm )

2º.    A frase "Ou seja, por crime de racismo, denunciada por duas alunas que se consideraram ofendidas quando por ela admoestadas", reforça o crime como tendo sido de racismo e contrapõe agora racismo a ADMOESTAR que significa, conforme o dicionário Priberam On-line,  "Repreender branda e benevolamente (denunciando o mal feito e encarecendo o bem a fazer)" o que não tem nada a ver com o fato ocorrido. A intecional contraposição "denunciada racismo ßà admoestadas ofendidas" ao mesmo tempo desqualifica as vítimas e configura a conotação da condenação injusta da professora pela tríade "antirracista ßà  racismo / denunciada racismoßà  admoestadas ofendidas"

3º.    A frase "Há consternação no universo acadêmico", de óbvio exagero (universo?) e intenção de transmitir pseudo-consenso de "autoridades", prepara a posterior apresentação das "qualificações" certificadoras da pseudo-inocência da condenada. Mas o têrmo "consternação", que conforme o dicionário Priberam On-line significa "Estado do espírito aflito e abatido por dor, pena, receio, etc.", pode ao mesmo tempo indicar solidariedade com a condenada e temor de muitos outros potenciais condenados, uma vez que a  Campanha de Preservação do Acervo das Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná”, identificada com a comemoração dos 100 anos desta instituição de ensino, é por demais reveladora da existência de um grave problema de "PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO COM AFRODESCENDENTES" no seu interior;

4º.    A frase "Ligia é conhecida pela sua luta por direitos humanos, militante fiel da esquerda, de declarada posição contra o racismo e outros preconceitos" não tem nada a ver com o fato da sua aitude no caso da sua condenação, salvo se for para desvelar as contradições de uma cultura institucional, no caso o da UFPR, onde os discursos e as teorias parecem não encontrar consonância com a prática lá vivenciada, principalmente por alguns de seus docentes;

5º.    A frase "Basta olhar o currículo Lattes de Lígia para perceber que há um erro de julgamento neste caso", leva a possibilidades surrealistas. É só imaginar o que seria um julgamento onde o juiz daria a sentença examinando o  "Currículo Lattes" do acusado.  Talvez seja uma pretenção da "CASA GRANDE" julgamentos desse tipo, pois estariam mais conformes a prisão especial para os detentores de formação universitária;

6º.    A frase "Mas valeu mais o apelo dramático da denúncia", resume o "dramático" cotidiano de uma população que ainda luta assimetricamente para sair do jugo de senhores da "CASA GRANDE" que, como tal, continuam insensíveis a todo o sofrimento por eles impostos em séculos de continuos aperfriçoamentos da arte desumana de escravizar. Mudam os métodos do seu fazer, mas a lógica que os anima permanece a mesma!!!

7º.    Conforme " BASTOS, L. Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo Lógica. Rio de Janeiro: Editora Vozes Ltda, 1991. Páginas 22-23."

Existem diversas maneiras de convencer alguém. Tais modos de "convencimento", em uma linguagem mais técnica, são chamados argumentos, dentre os quais alguns são corretos ou legítimos e outros são incorretos ou ilegítimos. Os meios de convencimento citados no parágrafos anteriores pertencem à categoria dos incorretos e principalmente ilegítimos, porque fazem a inteligência "titubear". Tais argumentos têm como raiz etimológica a palavra "sfalo" (do grego) e "fallere" (do latim), que dão origem ao termo falácia.
Sofismas ou falácias são raciocínios que pretendem demonstrar como verdadeiros argumentos que logicamente são falsos. Sua eficiência consiste  em transferir a argumentação do plano lógico para o psicológico ou lingüistico, servindo-se da linguagem, que pode ser usada tanto de um modo expressivo como de modo informativo, visando assim despertar emoções e sentimentos que dão anuência a uma conclusão, mas não convencem logicamente.

3.1. TIPOS DE SOFISMAS

As falácias podem ser reunidas em dois grandes grupos, um lingüístico e outro lógico. Convém lembrar que muitas delas recebem nomes latinos, que são mantidos por fazerem parte, tradicionalmente, da linguagem lógica.

3.1.1. Grupo lógico: está relacionado com a transferência para o plano psicológico.

- Conclusão irrelevante (Ignoratio elenchi) - quando se conduz a argumentação para uma conclusão, intencionalmente ou não, que não é garantida pelas considerações em questão. Conclui algo que "não tem nada a ver" com o contexto em questão. Isto se dá por inteligência confusa, ou com prévia intenção de confundir o interlocutor.

                                        
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Até mais, Djalma.....

Djalma Santos não resistiu ao quadro crítico apresentado e morreu na noite desta terça-feira no hospital Helio Angotti, em Uberaba, em Minas: "O Hospital Dr. Hélio Angotti comunica, com pesar, o falecimento do bicampeão mundial de futebol Dejalma dos Santos (Djalma Santos), em decorrência de uma pneumonia grave e instabilidade hemodinâmica culminando com parada cardiorrespiratória e óbito às 19h30", divulgou.

O velório do ex-jogador acontece na madrugada desta terça para quarta-feira na Câmara Municipal de Uberaba, segundo informou Elmar Humberto Goulart, presidente da câmara, ao UOL Esporte. O horário do enterro do ex-lateral ainda não foi definido pelos familiares.

De acordo com o SporTV, a prefeitura de Uberaba decretou três dias de luto oficial pela morte do ex-jogador.

O ex-jogador da seleção foi internado pela primeira vez em 30 de junho, pouco depois da vitória do Brasil contra a Espanha, 3 a 0, pela Copa das Confederações. Djalma Santos passou mal, com dificuldade respiratória. Foi diagnosticado pneumonia. Ele chegou a respirar com ajuda de aparelhos. Seu estado de saúde melhorou semanas depois.
Fábio Rodrigues, um dos dois enteados de Djalma Santos, revelou que a família continuava esperançosa na recuperação do ex-jogador, mesmo com o agravamento do estado de saúde no final de semana passado, que o levou de volta à UTI.“Ele piorou no sábado à noite, quando os rins pararam de funcionar. Depois de tratado na UTI, ontem (segunda-feira) os rins voltaram a funcionar, mas aconteceu uma nova infecção pulmonar”, explicou o enteado, ao UOL Esporte.

Nesta terça-feira, Djalma Santos sofreu duas paradas respiratórias, que foram revertidas. “Por volta das 16h30, quando esperávamos para ter notícias, no horário de visita, ele teve uma dessas paradas. Às 19h30, teve uma outra e não resistiu”, contou Fábio, bastante emocionado, sem conter as lágrimas. Segundo ele, desde domingo, Djalma Santos estava sedado.

Fábio Rodrigues informou que o corpo de Djalma Santos deverá ser velado na Câmara Municipal de Uberaba, a partir da manhã desta quarta-feira. Não há ainda horário previsto para o sepultamento, que ocorrerá também nessa cidade do Triângulo Mineiro.

“Ele era muito querido aqui em Uberaba, cidade que o acolheu”, comentou. Djalma Santos deixa viúva, Esmeralda, e a filha Laura, que mora em São Paulo, mas que acompanhou todo o período de enfermidade do pai, em Uberaba.

Bicampeão mundial pelo Brasil em 1958 e 62, Djalma, de 84 anos, defendeu Atlético-PR, Portuguesa e Palmeiras, clube pelo qual atuou em mais de 400 jogos.

O Palmeiras comunicou por intermédio da assessoria de imprensa que prepara uma homenagem ao ex-jogador. Recentemente, os jogadores do time entraram em campo para o duelo contra o Oeste com camisas com a mensagem: “Forza, Djalma Santos”.

publicado: uol

sábado, 20 de julho de 2013

Homicídios de jovens negros seguem crescendo no Brasil; violência contra brancos diminui

Mapa da Violência 2013 confirma tendência observada em anos anteriores; Brasil ocupa sétimo lugar no ranking mundial de assassinatos, atrás apenas de países da região.


Mapa da violência aponta aumento de homicídios contra juventude negra, pobre e moradora das periferias das cidades do país
São Paulo – “Podemos observar uma acentuada tendência de queda no número absoluto de homicídios na população branca e de aumento nos números de vítimas na população negra. Essa tendência se observa no conjunto da população e de forma bem mais pronunciada na população jovem.” Esta é uma das principais conclusão do Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado hoje (18) pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), a partir de dados disponíveis no Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

De acordo com o estudo, elaborado pelo pesquisador Júlio Jacobo Waiselfisz, ocorreram em 2002 no Brasil 45.997 homicídios: 18.867 vítimas (41%) eram brancas e 26.952, ou 58,6%, eram negras. No grupo de “negros”, Waiselfisz incluiu as pessoas pretas e pardas. Em 2011, os assassinatos contra a população geral, que nove anos antes já atingiam prioritariamente os negros, se intensificaram contra esse grupo racial: das 49.307 pessoas assassinadas no país, 13.895 (28,2%) eram brancas e 35.207 (71,4%) eram negras. Isso significa que, enquanto o homicídio contra os brasileiros brancos foi reduzido em quase um terço (31,3%) na última década, o número de vítimas negras cresceu 21,9%.
Entre os brasileiros localizados na faixa etária de 14 a 25 anos, essa tendência se observa com ainda mais força. O Mapa da Violência 2013 aponta que entre 2002 e 2011 morreram 50.903 jovens brancos e 122.570 jovens negros – uma diferença de aproximadamente 150%. Em 2002, a juventude branca representava 36,7% das vítimas de homicídio juvenil.

Em 2011, esse índice foi reduzido para 22,8%. Os jovens negros – que, assim como nos dados relativos à população geral, já eram vítimas preferenciais dos assassinatos – passaram em 2011 a sofrer 76,9% das mortes violentas. Em 2002, essa taxa era de 63%.

“Dessa forma, se os índices de homicídio do país nesse período estagnaram ou mudaram pouco, foi devido a essa associação inaceitável e crescente entre homicídios e cor da pele das vítimas, pela concentração progressiva da violência acima da população negra e, de forma muito especial, nos jovens negros”, explica Waiselfisz ao analisar os números. “E o que alarma mais ainda é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva.” Essa tendência não é precisamente uma novidade, uma vez que já vinha sendo observada nos Mapas da Violência publicados pela Cebela e Flacso em 2011 e 2012.

Ranking

O Brasil é o sétimo colocado no mundo em casos de homicídios. A cada 100 mil habitantes, 27,4 são vítimas de crimes. No caso de jovens entre 14 e 25 anos, o número aumenta para 54,8. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), compilados pelo Mapa da Violência 2013, todos os dez países com os mais altos índices de homicídios contra a juventude estão na região da América Latina e do Caribe. El Salvador lidera o ranking pelas Ilhas Virgens, Trinidad e Tobago, Venezuela, Colômbia, Guatemala, Brasil, Panamá, Porto Rico e Bahamas.
Segundo o estudo, esses índices são explicados pela incidência de problemas estruturais de origem política, econômica e social, como desigualdade e falta de acesso a serviços básicos combinados ou não a conflitos armados, como os que acontecem na Guatemala, El Salvador e Venezuela, motivados pela delinquência e violência urbana. No caso dos homicídios de jovens, o Brasil tem taxa mais de 500 vezes maior do que a de Hong Kong, 273 vezes maior do que a da Inglaterra e do Japão, e 137 vezes maior do que a da Alemanha e da Áustria.

Na década de 1990, o Brasil chegou a ocupar a segunda colocação nesse ranking da OMS, liderado então pela Venezuela. A queda brasileira na lista dos países com as maiores incidências desse tipo de crime não significa que a violência foi reduzida, mas que houve aumento em outros lugares no mundo. Waiselfisz, autor do Mapa 2013, explicou que a violência tem causas e consequências múltiplas. Apesar disso, é possível notar, no caso brasileiro, três fatores determinantes: em primeiro lugar, a cultura da violência.

Segundo ele, no país, existe o costume de se solucionar conflitos com morte, parte disso herança de raízes escravagistas no continente.

Em segundo lugar, Waiselfisz aponta a grande circulação de armas de fogo. Estima-se que, no país, haja cerca de 15 milhões de armas das quais, a metade delas ilegal. “Uma pesquisa feita em escolas mostrou que muitos jovens sabem exatamente onde e como comprar uma arma. Juntar uma arma à cultura de violência é uma mistura explosiva, são incompatíveis entre si”, disse Waiselfisz.

Outro ponto é a impunidade. Para ele, isso funciona como um estímulo à resolução de conflitos por meio de vias violentas. De acordo com o Relatório Nacional da Execução da Meta 2 da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério da Justiça, foram identificados quase 150 mil inquéritos por homicídios dolosos – com a intenção de matar – anteriores a 2007.
Depois de um mutirão de um ano, foram encaminhados à Justiça apenas 6,1% dos casos.