fonte: UOL-São Paulo
"A ordem do capitão foi a prova escrita e assinada de que o racismo permeia a democracia brasileira e que sentimos todos os dias na pele", disse Reginaldo Bispo, coordenador nacional do MNU (Movimento Negro Unificado), que participou do evento.
A PM em Campinas determinou, em uma OS (Ordem de Serviço) de 21 de dezembro, que seus integrantes abordassem jovens negros e pardos, com idade entre 18 e 25 anos, na região do Taquaral. Segundo a determinação, dirigida ao Comando Geral de Patrulhamento da região, pessoas que se enquadrem nessa categoria são consideradas suspeitas de praticar assaltos a casas na região e devem ser abordadas prioritariamente. A ordem foi dada pelo c apitão Ubiratan de Carvalho Góes Benducci.
No último dia 10, a Defensoria Pública de São Paulo informou que vai entrar com um processo contra o comandante da Polícia Militar em Campinas, Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, responsável por uma OS, por considerar o conteúdo racista.
CÓPIA DA ORDEM DE SERVIÇO DA PM DE CAMPINAS
Protesto
Negros e brancos se misturavam no protesto. Para Adão Luiz Carlos, 59 anos, para quem a juventude negra é a que mais sofre nas mãos da polícia, é preciso um basta nesse tipo de conduta na corporação. "É triste ainda termos que organizar atos como esse, onde é preciso reforçar a igualdade racial. Estamos em um bairro de maioria branca e em uma cidade historicamente racista", diz Carlos, membro do Coletivo de Combate ao Racismo, da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Já a médica Ellen Machado Rodrigues, 32, a atitude do capitão da PM foi apenas uma "amostra escrita" do que a polícia faz na prática. "Atendo em postos de saúde um número muito maior de negros machucados em confronto com autoridades que o contrário", relatou Rodrigues, que segurava um cartaz com os dizeres "Sou Suspeito".
A PM em Campinas foi procurada para comentar o caso, mas informou que o responsável pelo atendimento à imprensa não trabalha aos domingos e só seria encontrado na segunda-feira (19) pela manhã.
Ações
Na semana passada, a Defensoria Pública de São Paulo protocolou uma denúncia administrativa à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania contra a ordem expedida pelo comando da PM campineira.
Em 8 de fevereiro, o defensor público Bruno Shimizu fez uma representação à Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público do Estado. A peça argumenta que a ordem "identifica a imagem do cidadão negro com a de criminosos, o que é inadmissível".
A determinação polêmica
A Ordem de Serviço da PM em Campinas, de 21 de dezembro, determinava que seus integrantes abordassem jovens negros e pardos, com idade entre 18 e 25 anos, na região do bairro Taquaral, uma das áreas mais nobres da cidade. Segundo a determinação, dirigida ao Comando Geral de Patrulhamento da região, pessoas que se enquadrem nessa categoria são consideradas suspeitas de praticar assaltos a casas na região e devem ser abordadas prioritariamente.
A orientação foi passada de forma oficial, em papel timbrado da PM, assinada pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, e pedia ainda que os policiais focassem "abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra, com idade aparentemente de 18 a 25 anos, os quais sempre estão em grupo de 3 a 5 indivíduos na prática de roubo a residência daquela localidade".
À época, a instituição negou cunho racista e disse que se baseou em uma carta de moradores para ter a descrição dos suspeitos e determinar as abordagens.
Alckmin diz que PM poderia descrever suspeito loiro
Após a polêmica, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se manifestou sobre o assunto e disse que, para ele, o caso não indicava racismo, por se tratar apenas da caracterização física de um grupo específico de supostos criminosos e que, se fosse o caso, ela poderia indicar um suspeito loiro ou asiático.
"O que houve foi um assalto ocorrido num bairro. Você tem um suspeito feito pelas características. É como se dizer: 'Olha, teve um assalto aqui e o suspeito é um loiro, uma pessoa loira. Ou o suspeito é uma pessoa japonesa, asiática'. Enfim, o suspeito era uma pessoa de cor parda", disse Alckmin.
"Mas [esse foi] um caso específico, onde havia um suspeito. Não há nenhuma forma de discriminação", ressaltou o governador, acrescentando que, se fosse constatado preconceito, "a punição seria rigorosíssima".
"A ordem do capitão foi a prova escrita e assinada de que o racismo permeia a democracia brasileira e que sentimos todos os dias na pele", disse Reginaldo Bispo, coordenador nacional do MNU (Movimento Negro Unificado), que participou do evento.
A PM em Campinas determinou, em uma OS (Ordem de Serviço) de 21 de dezembro, que seus integrantes abordassem jovens negros e pardos, com idade entre 18 e 25 anos, na região do Taquaral. Segundo a determinação, dirigida ao Comando Geral de Patrulhamento da região, pessoas que se enquadrem nessa categoria são consideradas suspeitas de praticar assaltos a casas na região e devem ser abordadas prioritariamente. A ordem foi dada pelo c apitão Ubiratan de Carvalho Góes Benducci.
No último dia 10, a Defensoria Pública de São Paulo informou que vai entrar com um processo contra o comandante da Polícia Militar em Campinas, Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, responsável por uma OS, por considerar o conteúdo racista.
CÓPIA DA ORDEM DE SERVIÇO DA PM DE CAMPINAS
Protesto
Negros e brancos se misturavam no protesto. Para Adão Luiz Carlos, 59 anos, para quem a juventude negra é a que mais sofre nas mãos da polícia, é preciso um basta nesse tipo de conduta na corporação. "É triste ainda termos que organizar atos como esse, onde é preciso reforçar a igualdade racial. Estamos em um bairro de maioria branca e em uma cidade historicamente racista", diz Carlos, membro do Coletivo de Combate ao Racismo, da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Já a médica Ellen Machado Rodrigues, 32, a atitude do capitão da PM foi apenas uma "amostra escrita" do que a polícia faz na prática. "Atendo em postos de saúde um número muito maior de negros machucados em confronto com autoridades que o contrário", relatou Rodrigues, que segurava um cartaz com os dizeres "Sou Suspeito".
A PM em Campinas foi procurada para comentar o caso, mas informou que o responsável pelo atendimento à imprensa não trabalha aos domingos e só seria encontrado na segunda-feira (19) pela manhã.
Ações
Na semana passada, a Defensoria Pública de São Paulo protocolou uma denúncia administrativa à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania contra a ordem expedida pelo comando da PM campineira.
Em 8 de fevereiro, o defensor público Bruno Shimizu fez uma representação à Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público do Estado. A peça argumenta que a ordem "identifica a imagem do cidadão negro com a de criminosos, o que é inadmissível".
A determinação polêmica
A Ordem de Serviço da PM em Campinas, de 21 de dezembro, determinava que seus integrantes abordassem jovens negros e pardos, com idade entre 18 e 25 anos, na região do bairro Taquaral, uma das áreas mais nobres da cidade. Segundo a determinação, dirigida ao Comando Geral de Patrulhamento da região, pessoas que se enquadrem nessa categoria são consideradas suspeitas de praticar assaltos a casas na região e devem ser abordadas prioritariamente.
A orientação foi passada de forma oficial, em papel timbrado da PM, assinada pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, e pedia ainda que os policiais focassem "abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra, com idade aparentemente de 18 a 25 anos, os quais sempre estão em grupo de 3 a 5 indivíduos na prática de roubo a residência daquela localidade".
À época, a instituição negou cunho racista e disse que se baseou em uma carta de moradores para ter a descrição dos suspeitos e determinar as abordagens.
Alckmin diz que PM poderia descrever suspeito loiro
Após a polêmica, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se manifestou sobre o assunto e disse que, para ele, o caso não indicava racismo, por se tratar apenas da caracterização física de um grupo específico de supostos criminosos e que, se fosse o caso, ela poderia indicar um suspeito loiro ou asiático.
"O que houve foi um assalto ocorrido num bairro. Você tem um suspeito feito pelas características. É como se dizer: 'Olha, teve um assalto aqui e o suspeito é um loiro, uma pessoa loira. Ou o suspeito é uma pessoa japonesa, asiática'. Enfim, o suspeito era uma pessoa de cor parda", disse Alckmin.
"Mas [esse foi] um caso específico, onde havia um suspeito. Não há nenhuma forma de discriminação", ressaltou o governador, acrescentando que, se fosse constatado preconceito, "a punição seria rigorosíssima".
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