quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"10 estratégias de manipulação das elites", por Noam Chomsky



1- A estratégica da distração.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração
que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes
e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante
a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de
informações insignificantes.
A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao
público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da
ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da
cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos
verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância
real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo
para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do
texto "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")".

2- Crias problemas, depois oferecer soluções.

Este método também é chamado "problema-reação-solução". Cria-se um
problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público,
a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer
aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a
violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o
público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo
da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar
como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o
desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia da degradação.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, é suficiente
aplicar progressivamente, em "degradado", sobre uma duração de 10
anos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas
têm sido impostas durante os anos de 1980 a 1990. Desemprego em massa,
precariedade, flexibilidade, salários que já não asseguram ingressos
decentes, tantas mudanças que haviam provocado uma revolução se
tivessem sido aplicadas de forma brusca.
4- A estratégica do deferido.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de
apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação
pública no momento para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um
sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, por que o
esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, por que o público,
a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá
melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto
dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de
aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- Dirigir-se ao público como crianças de baixa idade.



A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas
vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de
baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar
enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante.
Por que?



"Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12
anos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa
probabilidade, uma resposta ou reação também desprovida de um sentido
critico como a de uma pessoa de 12 anos de idade (ver "Armas
silenciosas para guerras tranqüilas")".



6- Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão.



Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um
curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos
indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite
abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar
idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir
comportamentos.



7- Manter o público na ignorância e na mediocridade.



Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e
os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade
da educação dada as classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e
medíocre o possível, de forma que a distância da ignorância que paira
entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e
permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver
"Armas silenciosas para guerras tranqüilas")".



8- Promover ao público a ser complacente na mediocridade.



Promover ao público a achar "cool" pelo fato de ser estúpido, vulgar e inculto.



9- Reforçar a revolta pela culpabilidade.



Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua
própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de
suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se
contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se,
o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a
inibição da sua ação. E sem ação, não há revolução!



10- Conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem.



No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência
têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e
aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à
biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem
desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma
física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor
o individuo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa
que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um
grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

(*) Fonte: Blog do Miro

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